Emendas parlamentares superam verbas de 30 ministérios
Com R$ 50,4 bilhões previstos para 2025, emendas impõem nova lógica à articulação política, enfraquecem o Executivo e reduzem o peso de ministérios como moeda de troca na coalizão governista

O valor das emendas parlamentares aprovado para 2025 alcança R$ 50,4 bilhões e ultrapassa os recursos discricionários de 30 dos 39 ministérios. A mudança amplia o poder do Congresso na definição de investimentos e esvazia o papel das pastas como instrumentos de negociação política. “Hoje, um parlamentar consegue destinar mais recursos para sua base do que um ministro para sua própria pasta”, afirma Lucio Rennó, professor da Universidade de Brasília.
O orçamento discricionário representa cerca de 7% do total federal e é destinado a investimentos como rodovias e segurança pública. Em 2025, os ministérios do Meio Ambiente, Portos e Aeroportos, Agricultura, Integração Regional, Justiça e Desenvolvimento Social somam R$ 41,55 bilhões – valor inferior ao reservado às emendas.
A consolidação das emendas impositivas reduziu a dependência dos parlamentares em relação ao Executivo. “Os ministros tinham papel estratégico, porque controlavam os repasses para obras e investimentos”, explica Frederico Bertolini, também da UnB. Hoje, líderes partidários assumem esse protagonismo.
O governo Lula enfrenta resistência do PP e PSD, que, mesmo ocupando ministérios, hesitam em se comprometer com 2026. Para o deputado Ricardo Salles (Novo-SP), “falta tato e vontade efetiva do governo em abrir mão de suas pautas mais radicais”.