Vídeos sobre TDAH no TikTok espalham desinformação e geram autodiagnósticos
Estudo alerta para impacto de conteúdos imprecisos na saúde mental

Uma pesquisa da University of British Columbia, no Canadá, revelou que a maioria dos vídeos sobre Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no TikTok divulga informações imprecisas, aumentando o número de autodiagnósticos incorretos. O estudo, publicado no Public Library of Science, reforça o impacto das redes sociais na percepção sobre saúde mental.
Segundo o Global Burden of Disease, o TDAH afeta cerca de 1% da população mundial. Ainda existe debate entre especialistas sobre a possibilidade de subdiagnóstico, o que pode explicar a crescente busca por informações online. Na pesquisa, foram analisados os 100 vídeos mais vistos com a hashtag #ADHD no TikTok, que juntos somavam quase 500 milhões de visualizações.
Cada vídeo apresentava, em média, três alegações sobre o transtorno. Psicólogos avaliaram essas informações com base no DSM-5, manual usado para diagnóstico de transtornos mentais. Apenas 48,7% das alegações eram corretas. Além disso, dois terços dos vídeos atribuíram sintomas de TDAH a comportamentos comuns do dia a dia, sem respaldo clínico.
Em uma segunda etapa da pesquisa, 843 estudantes universitários foram convidados a assistir aos cinco vídeos mais corretos e aos cinco mais imprecisos, conforme avaliação dos psicólogos. Os alunos atribuíram notas às produções, revelando uma diferença significativa de percepção. Os vídeos considerados corretos receberam, em média, 3,6 pontos dos especialistas e 2,8 pontos dos estudantes. Já os conteúdos imprecisos tiveram médias de 1,1 e 2,3 pontos, respectivamente, indicando que parte do público tem dificuldade em reconhecer informações confiáveis.
Os pesquisadores também observaram que, quanto mais tempo um usuário passa consumindo vídeos sobre TDAH no TikTok, maior é a probabilidade de ele considerar o conteúdo visto como verdadeiro e de recomendá-lo a outras pessoas, independentemente da sua precisão.
Embora o estudo reconheça o impacto negativo da desinformação, não defende a proibição de vídeos sobre saúde mental nas redes sociais. A sugestão é incentivar a produção de conteúdos mais criteriosos e baseados em evidências científicas, tanto por profissionais de saúde quanto por criadores de conteúdo conscientes.
A pesquisa chama atenção para a necessidade de promover educação digital crítica, capaz de capacitar o público a avaliar fontes de informação com mais rigor. Em temas sensíveis como saúde mental, o acesso facilitado ao conteúdo precisa ser acompanhado de responsabilidade, para evitar prejuízos à população. Diagnósticos sérios, como o de TDAH, devem ser feitos exclusivamente por especialistas, em ambientes clínicos apropriados, e não com base em tendências virais da internet.