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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Diabetes Tipo 2 avança no mundo e afeta milhões sem diagnóstico

A Sociedade Brasileira de Diabetes divulgou novas diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 7 de maio de 2025
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Diabetes Tipo 2 avança no mundo e afeta milhões sem diagnóstico. | Foto: reprodução

O diabetes tipo 2 é uma condição clínica caracterizada por níveis persistentemente elevados de glicose no sangue e tem apresentado crescimento expressivo na população mundial nas últimas décadas. Estima-se que cerca de 40% das pessoas com alterações glicêmicas não sabem que têm a doença, o que agrava o risco de complicações decorrentes do diagnóstico tardio. 

O desenvolvimento do diabetes tipo 2 está relacionado a um comprometimento progressivo da função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina, associado à resistência dos tecidos, como fígado e músculo, à ação desse hormônio. Esse conjunto de alterações metabólicas leva à hiperglicemia crônica, que, quando não tratada adequadamente, pode resultar em danos significativos a diversos órgãos e sistemas.  

Entre os sintomas mais comuns está a presença de acantose nigricans, caracterizada por manchas escurecidas e espessas em regiões de dobras da pele, como pescoço, axilas e virilhas, geralmente associadas à resistência à insulina. Outros sintomas frequentes incluem a polidipsia, definida como sede excessiva e constante, e a poliúria, ou seja, o aumento do volume urinário ao longo do dia. 

Alterações visuais, como visão embaçada, também são relatadas por muitos pacientes, assim como parestesias, sensações de formigamento ou dormência, especialmente em extremidades como mãos e pés. A perda de peso sem causa aparente, mesmo com alimentação preservada ou aumentada, e o cansaço frequente e sem explicação também compõem o quadro clínico sugestivo da doença. 

Esses sinais, isolados ou em conjunto, devem motivar a investigação diagnóstica imediata, com exames laboratoriais apropriados para confirmação ou exclusão do diabetes tipo 2.

Rastreamento e diagnóstico

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) divulgou recentemente um conjunto de novas diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2. A principal alteração diz respeito à idade mínima para iniciar a triagem em adultos assintomáticos, que passa de 45 para 35 anos. Além disso, há uma nova preferência pelo teste de tolerância oral à glicose (TOTG) de uma hora, substituindo o protocolo anterior que utilizava o teste de duas horas.

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A SBD divulgou recentemente um conjunto de novas diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2 | Foto: Reprodução

Segundo a entidade, a antecipação do diagnóstico e o início precoce do tratamento são estratégias fundamentais para reduzir a incidência de complicações associadas ao diabetes tipo 2, como doenças cardiovasculares, lesões nos nervos e problemas renais. A adoção dessas medidas também facilita a detecção da pré-diabetes, condição que permite intervenções preventivas mais eficazes.

A recomendação de antecipar os exames também se estende a indivíduos com sobrepeso, obesidade ou outros fatores de risco. Isso inclui crianças acima de dez anos e mulheres com histórico de diabetes gestacional. 

Entre os fatores que elevam o risco estão o histórico familiar da doença, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares, síndrome dos ovários policísticos, acantose nigricans, sedentarismo, uso de medicamentos que elevam os níveis de glicose e diagnóstico prévio de pré-diabetes ou diabetes gestacional.

Além desses aspectos clínicos, o padrão alimentar rico em produtos ultraprocessados e altamente calóricos, somado à inatividade física, também contribui significativamente para o surgimento do diabetes em idades mais jovens. A falta de diagnóstico impede o tratamento adequado, o que pode levar a danos crônicos em órgãos-alvo, como olhos, rins e coração.

Entre as possíveis complicações da doença estão a perda de visão, nefropatia diabética e enfermidades cardiovasculares. Como estratégia de triagem, o Ministério da Saúde orienta o uso do questionário Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISC), que pode ser acessado no site da SBD, acompanhado de recomendações conforme o grau de risco identificado.

A declaração destaca que o TOTG de uma hora se mostra mais preciso na detecção de casos de pré-diabetes e diabetes tipo 2, além de apresentar vantagens logísticas e econômicas em comparação ao teste tradicional. Essa mudança segue orientações da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Recomendações

A triagem está indicada para todos os adultos assintomáticos a partir dos 35 anos. No entanto, indivíduos entre 18 e 34 anos também devem ser avaliados caso apresentem sobrepeso, obesidade ou qualquer fator de risco adicional. Em crianças, o rastreamento é recomendado após os dez anos de idade ou com o início da puberdade, desde que haja sobrepeso, obesidade ou fatores como histórico familiar da doença e sinais de resistência à insulina.

Os critérios diagnósticos incluem os testes de Glicemia de Jejum (FPG), hemoglobina glicada (HbA1c) e o teste oral de tolerância à glicose (TOTG), que pode ser realizado com coleta em uma ou duas horas. Para identificar casos de pré-diabetes, utilizam-se os mesmos exames: FPG, HbA1c, 1h-OGTT ou 2h-OGTT. A abordagem inicial mais indicada envolve a realização simultânea de FPG e HbA1c na mesma amostra de sangue. Dependendo da disponibilidade de recursos, também é possível adotar uma estratégia com exames feitos em sequência. Quando não for viável utilizar FPG e HbA1c ou quando esses exames apontarem indícios de pré-diabetes, recomenda-se complementar a avaliação com o TOTG.

Nos indivíduos considerados de alto risco para a doença, o TOTG deve ser aplicado mesmo que FPG e HbA1c estejam dentro da normalidade. Entre as formas do teste, há uma preferência pelo TOTG de uma hora, em razão de sua praticidade e menor custo em comparação ao protocolo de duas horas. O diagnóstico de diabetes pode ser estabelecido quando FPG e HbA1c estiverem alterados na mesma amostra. Caso apenas um dos exames atinja os critérios diagnósticos, é necessário realizar um teste adicional e repetir aquele que apresentou resultado anormal.

Na presença de sintomas clássicos de hiperglicemia, uma glicemia plasmática aleatória igual ou superior a 200 mg/dL já é suficiente para confirmar o diagnóstico. Em indivíduos assintomáticos, com testes normais e até dois fatores de risco, a recomendação é repetir o rastreamento a cada três anos. 

Já aqueles com três ou mais fatores de risco, ainda que assintomáticos e com exames normais, devem ser reavaliados em 12 meses. O mesmo intervalo é indicado para casos diagnosticados como pré-diabetes. Para indivíduos que tenham apenas um teste positivo para os critérios diagnósticos, enquanto os demais permanecem normais, a recomendação é repetir a avaliação após seis meses.

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