Práticas comuns na cozinha aumentam o risco de intoxicação alimentar
Entre os equívocos mais comuns na rotina está o hábito de lavar o frango cru
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 600 milhões de pessoas adoecem e cerca de 420 mil morrem em decorrência de doenças transmitidas por alimentos contaminados. As principais causas estão associadas à presença de bactérias, especialmente em alimentos mal conservados ou consumidos após o vencimento. Essas bactérias podem causar infecções gastrointestinais severas, com sintomas como vômitos, diarreia e desidratação intensa, principalmente em pessoas mais vulneráveis.
Entre os equívocos mais comuns na rotina doméstica está o hábito de lavar o frango cru. Muitas pessoas acreditam que esse procedimento ajuda a retirar impurezas e aquela película viscosa que reveste a carne. No entanto, essa prática oferece risco à saúde. Ao lavar a carne sob a torneira, a água pode respingar e contaminar superfícies, utensílios e outros alimentos. O frango naturalmente abriga bactérias e, segundo especialistas, a única forma segura de eliminá-las é por meio do cozimento adequado.
Outro erro frequente ocorre na higienização dos vegetais. Apenas lavá-los com água não é suficiente para eliminar todos os micro-organismos presentes na superfície. A recomendação é deixar os alimentos de molho por cerca de 15 minutos em uma solução com água e hipoclorito de sódio.
Após esse período, é necessário enxaguar bem em água corrente e secar antes de armazenar. Também é possível utilizar água sanitária comum, desde que não contenha outros compostos além do hipoclorito. Ingredientes adicionais, como alvejantes, podem ser tóxicos se ingeridos.
Por outro lado, vegetais que são descascados e cozidos, como batata e mandioca, não exigem esse processo rigoroso de limpeza. O calor do cozimento é suficiente para eliminar possíveis agentes contaminantes.
A higiene das mãos também desempenha papel fundamental na segurança dos alimentos. Tocar em alimentos sem lavá-las corretamente pode transferir micro-organismos presentes nas mãos, unhas ou dedos, um processo conhecido como contaminação cruzada. O ideal é lavar as mãos com água e sabão antes de iniciar qualquer preparo. Na ausência de uma pia, o álcool gel se apresenta como uma alternativa eficaz.
Em relação a refrigeração, aliada importante na conservação de alimentos, não impede totalmente a multiplicação de micro-organismos. Ela apenas retarda esse processo. Um dos pontos críticos no uso da geladeira é o armazenamento de carnes cruas. Muitas vezes, esses produtos chegam ao consumidor em bandejas de isopor envolvidas por filme plástico, contendo líquidos que podem carregar bactérias. Se houver qualquer falha na vedação da embalagem, esse material pode vazar e contaminar os itens próximos.
Especialistas recomendam transferir a carne crua para recipientes de plástico ou vidro com tampa, especialmente quando o alimento será consumido nos próximos dois ou três dias. Caso contrário, o mais seguro é armazená-lo no congelador.
No freezer, a temperatura extremamente baixa dificulta a sobrevivência dos micro-organismos. O problema, no entanto, surge na etapa seguinte: o descongelamento. Pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa em Alimentos da USP (FoRC-USP) revelou que 39% dos entrevistados descongelam alimentos à temperatura ambiente, enquanto 16% recorrem a uma bacia com água para agilizar o processo.
À medida que os alimentos descongelam, liberam água e criam um ambiente propício para o crescimento de bactérias. Por isso, a orientação é realizar o descongelamento dentro da geladeira ou utilizar o micro-ondas com a função específica para esse fim.