Chegada da GAC em Goiás pode ser ‘recado’ de Lula a Caiado
Adriana Accorsi, no entanto, nega qualquer motivo político para a instalação da fábrica em Goiás: “não há este tipo de mesquinharia”


Após reunião com representantes da fabricante de carros chinesa, GAC Motor, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou o investimento de US$ 1,3 bilhão que inclui a instalação de uma fábrica de carros em Catalão (GO). Apesar de aparentar normalidade, o fato chamou a atenção pelas duas coincidências que a chegada da empresa representa para a dinâmica política a nível estadual, principalmente no que concerne a base caiadista no estado. Com isso, especulações quanto a um possível ‘recado’ de Lula ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tomaram os bastidores da política goiana.
A primeira das coincidências se refere ao Alexandre Baldy (PP), que compõe a gestão de Caiado no estado. Ele é o presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab), uma empresa estatal na qual a prerrogativa da indicação ao cargo é do governador. Também, Baldy acumulam cargos elevados na BYD, uma fabricante de automóveis chinesa que é concorrente da GAC Motor. A segunda das coincidências se refere ao Adib Elias (MDB), que, da mesma forma, compõe o governo Caiado. Ele é o atual secretário da Infraestrutura (Seinfra) de Goiás. Foi prefeito de Catalão e é visto, no meio político, como um líder. Capaz de aglutinar prefeitos, exerce influência nas administrações públicas da sua cidade e região.
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No mesmo sentido em que ação do presidente Lula pode prejudicar, ou mesmo abalar, Baldy, também pode diminuir a influência de Adib em Catalão e nas cidades próximas. Consequentemente, prejudicar, ou abalar, a gestão de Ronaldo Caiado por meio do presidente da estatal. Assim como diminuir a própria influência do governador na região que é intermediada, de certa forma, por seu secretário da Infraestrutura. De uma forma ou de outra, o ato de Lula pode afetar diretamente o primeiro escalão do governo estadual.
Em uma entrevista exclusiva concedida pela deputada federal por Goiás, Adriana Accorsi (PT), ela nega que a intensão tenha sido essa. “O presidente Lula celebra o anúncio e diz que a chegada da GAC ao mercado nacional é fruto da parceria estratégica que os governos de Brasil e China estabeleceram. É um grande investimento que vai gerar emprego, renda e desenvolvimento para Goiás e o Brasil”, disse. Ao ser questionada se a ação tem um caráter provocativo, Accorsi afirma que “as relações do governo federal com Goiás são institucionais. Pautadas pela seriedade. Buscam beneficiar a população como em todos os demais estados”.
A deputada também foi questionada sobre as coincidências, nas quais ela disse: “Imagina. Não há este tipo de mesquinharia. Pois é, não vi nada neste sentido”. Nas redes sociais, Lula comemorou com imagens do encontro. “São projetos que vão fortalecer a posição do Brasil como maior referência mundial em transição energética. Ampliar os laços comerciais com a China significa mais investimentos, empregos e renda para os brasileiros”, disse.
Ainda, na rede social X, antigo Twitter, o presidente classificou as parcerias com a China como estratégicas para o Brasil e destacou o dia intenso de trabalho em Pequim com reuniões com empresas que “vão investir ou estudam investimentos no Brasil nas áreas de produção de carros elétricos e híbridos, energia renovável, combustível de aviação, tecnologia, defesa e segurança pública”.
Lula apontou que, em todos os casos, os investimentos são em parceria com empresas brasileiras, promovendo pesquisa, transferência de tecnologia e treinamento de mão de obra qualificada. Ademais, participaram das reuniões os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira; da Casa Civil, Rui Costa; o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.