Artista residente do Sertão Negro estreia individual no Octo Marques com obras sobre memória e resistência
Marcelo Ramalho inaugura “Matrizes de Banzo: entre o perene e o perecível”, exposição que transforma papelão descartado em arte e denúncia no Centro Cultural Octo Marques.

Nesta quinta-feira, 15 de maio de 2025, às 19h, o Centro Cultural Octo Marques, em Goiânia, recebe a abertura da exposição “Matrizes de Banzo: entre o perene e o perecível”, do artista visual e fotógrafo Marcelo Ramalho. A mostra é a primeira individual do artista, que atua como residente no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. A exposição propõe uma travessia visual entre o urbano e o íntimo, explorando o corpo negro diante do não lugar e do desejo de permanência.
As obras são compostas por fotogravuras impressas sobre papelão reciclado — material recolhido em pontos de descarte da cidade. O suporte frágil, mas carregado de significados, se transforma em plataforma para a memória e a resistência. A partir de experiências pessoais e coletivas, Ramalho investiga os sentidos do banzo, palavra de origem africana que expressa saudade, mágoa e paixão, mas também sobrevivência e criação.
“Acredito que a missão de um espaço público de arte é abrir caminhos e apostar em novas vozes. É nesse espírito que recebemos a primeira exposição individual de Marcelo Ramalho, jovem artista em plena ascensão, cuja obra já se anuncia com força e urgência”, afirma Cleandro Elias Jorge, coordenador das galerias do Octo Marques.
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Com curadoria de Melissa Alves, a exposição se debruça sobre a ideia de permanência a partir do que é considerado descartável. A escolha do papelão — suporte precário e temporário — tensiona o que a cidade considera digno de ser guardado ou esquecido. “Marcelo nos convida a tensionar o que tantas vezes passa despercebido na cidade, especialmente quando se trata de corpos historicamente invisibilizados”, comenta Melissa.
A exposição tem apoio do Sertão Negro, onde Ramalho também atua como fotógrafo sob orientação de Dalton Paula. Com trajetória marcada pela atuação em coletivos e espaços de arte independentes, o artista é graduando em Artes Visuais pela UFG e foi premiado em mostras como a I Mostra Cultural Expressões Afro-Brasileiras da UFG, além de participar de exposições no Museu das Favelas, no Museu de Arte de Britânia e na Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis.
A exposição “Matrizes de Banzo: entre o perene e o perecível” fica aberta para visitação gratuita até o dia 12 de julho, de segunda a sexta, das 9h às 17h.