Em depoimento na CPI das Bets, Virginia nega acusações
Influenciadora afirmou que nunca recebeu porcentagem sobre prejuízos de seguidores

A influenciadora digital e apresentadora Virginia Fonseca compareceu à oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal que apura possíveis irregularidades das apostas on-line, conhecida como CPI das Bets, na última terça-feira (13). Virgínia foi convocada a prestar depoimento na condição de testemunha e recebeu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calada em questionamentos que pudessem gerar provas contra a influenciadora.
Vestida com um moletom com o rosto de sua segunda filha, Maria Flor, de 2 anos, estampado, acompanhada de um copo térmico de sua marca We Pink e acompanhada de seu marido, o cantor sertanejo Zé Felipe, Virgínia chegou à Casa Alta com traje casual e várias expressões para amenizar o clima. Cumprimentou com risadas os parlamentares presentes — como quem não demonstrava muita preocupação.
Em sua fala inicial, a apresentadora agradeceu a oportunidade para “esclarecer todas as dúvidas” e pediu para Deus abençoar “a nossa audiência”. Arrancou risos de quem acompanhava o depoimento presencialmente, quando terminou sua primeira fala ao dizer “bora para cima”. Foi tietada pelo senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), que tirou fotos com a influenciadora durante o depoimento.
Já durante a sessão, foi questionada pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) sobre as cláusulas dos contratos com as bets e negou que recebia dinheiro de acordo com prejuízo dos seus seguidores. No início do ano, uma reportagem da revista Piauí revelou o “cachê da desgraça alheia”, apelido para a cláusula que, segundo a reportagem, rendia para Virginia 30% do dinheiro perdido por apostadores que chegavam ao site da Esporte da Sorte — bet que patrocinava a influenciadora à época — através do link divulgado pela apresentadora nas redes sociais.
“Eu fechei o meu contrato com a Esportes da Sorte e, esse valor que eles me pagaram [para fazer publicidade], se eu dobrasse o lucro deles, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum era sobre perdas dos meus seguidores. Nunca teve isso no meu contrato. Mas isso nunca foi atingido, e eu nunca recebi um real a mais do que o meu contrato de publicidade, que eu fiz por 18 meses”, afirmou Virgínia. A influenciadora digital ainda afirmou que anteriormente não pôde se defender das acusações por questões de “confidencialidade” do contrato e disse que “apanhou calada”.
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Escolha pelo silêncio
Relatora da CPI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) perguntou sobre o maior valor recebido pela influenciadora por meio de contrato com casas de apostas. Porém, amparada pela decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que a reservou o direito de ficar em silêncio a respeito de perguntas que poderiam produzir provas contra si, Virgínia se recusou a responder.
Durante a audiência, Virgínia também confirmou que mantém contrato com a casa de apostas Blaze. A influenciadora explicou que, em vídeos promocionais, utiliza contas de acesso fornecidas pelas empresas contratantes, utilizadas exclusivamente para produção de conteúdo. Segundo a apresentadora, trata-se da mesma plataforma usada pelo público geral, mas com login específico para campanhas.
A senadora questionou a influenciadora sobre a participação de familiares em vídeos de divulgação. Virgínia disse que o marido, o cantor Zé Felipe, e sua mãe já participaram de gravações e, nesses casos, utilizaram a conta registrada em nome dela. Sobre os contratos firmados com as plataformas, a influenciadora respondeu que todos os valores recebidos foram declarados à Receita Federal.
Ciência da responsabilidade
Ao longo do depoimento, Virgínia declarou ter ciência da responsabilidade que seu alcance nas redes sociais impõe e afirmou que inclui alertas sobre riscos em todos os conteúdos relacionados a apostas. Além disso, a influenciadora disse que não se arrepende de ter recebido dinheiro para divulgar sites de apostas. “Eu não me arrependo de absolutamente nada do que já fiz na minha vida. Acredito que tudo serviu de ensinamento”, pontuou. (Especial para O Hoje)