De olho em 2026, Lula vai retomar viagens pelo Brasil
Embora evite cravar se irá ou não à reeleição, Lula trabalha para manter sua liderança. Isso porque, caso desista de concorrer, poderá ao menos ungir um sucessor
De olho nas eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara a retomada de uma ampla agenda de viagens pelo interior do Brasil, prevista para os próximos meses.
A estratégia do Palácio do Planalto mira regiões consideradas decisivas para a consolidação da base política, tanto no Congresso quanto nas disputas eleitorais. Ao retomar a prática das visitas às diferentes regiões do país — marca registrada de seus dois primeiros mandatos —, Lula pretende reforçar o diálogo com a população, apresentar os resultados obtidos até agora e mostrar o que o governo planeja para os próximos anos.
A decisão é interpretada por aliados como um movimento de antecipação do jogo eleitoral. Embora evite cravar se irá ou não à reeleição, Lula trabalha para manter sua liderança. Isso porque, caso desista de concorrer, poderá ao menos ungir um sucessor. Nesse contexto, as viagens pelo interior ganham peso político estratégico, especialmente em estados onde a presença do bolsonarismo ainda é forte ou onde o governo enfrenta resistência.
O plano inclui visitas a diferentes municípios, com prioridade para o Nordeste — reduto tradicional do lulismo — e para áreas do Norte e Centro-Oeste, onde o governo busca ampliar presença.
Nas agendas, o presidente deverá abordar as obras financiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entregar, em alguns casos, moradias do Minha Casa, Minha Vida, visitar escolas técnicas e universidades, além de participar de atos com prefeitos e governadores aliados.
A ordem no núcleo político é tornar visíveis os investimentos federais nos estados e criar uma narrativa de continuidade e avanço das políticas públicas iniciadas desde o início do atual mandato.
Para além da comunicação institucional, a retomada das viagens também tem como pano de fundo a necessidade de mobilizar a militância petista e fortalecer as alianças com partidos do campo progressista. Nos bastidores, integrantes do governo reconhecem que, em alguns estados, a base política do PT tem se tornado frágil e requer, com isso, atenção de seu principal líder, o presidente.
Com alguns dos indicadores econômicos mais positivos — como, por exemplo, o aumento real do salário mínimo e os números referentes à geração de emprego —, Lula deve vender a ideia de que o governo não apenas está presente como tem investido na transformação da realidade do país.
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A estratégia petista de retomar agendas pelo interior do País vem na esteira de dois fatores de peso: o grande volume de compromissos internacionais dos últimos meses e a queda de popularidade. Não à toa, Lula tem se dedicado também em trazer à mesa assuntos com forte apelo popular.
Conforme mostrado pela reportagem do O HOJE, um dos assuntos que deve tende a ser largamente abordado pelo presidente em suas próximas aparições públicas passa pelo fim da escala 6×1. O assunto, assim como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), tem mobilizado trabalhadores de diferentes grupos e ideologias políticas. E o presidente, sagaz que é, deve mergulhar nesse assunto Brasil afora a fim de mostrar que ainda fala “a língua do povo”.