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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Pesquisa aponta ligação entre dietas restritivas e agravamento de depressão

Homens e pessoas com IMC na faixa de sobrepeso, tiveram a maior probabilidade de sintomas depressivos

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 7 de junho de 2025
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Pesquisa aponta ligação entre dietas muito restritivas e agravamento de depressão. | Foto: Representação

Uma nova pesquisa publicada na revista científica BMJ Nutrition, Prevention & Health, sugere que a redução excessiva da ingestão calórica pode estar associada a sintomas mais intensos de depressão. O levantamento analisou dados de mais de 28 mil adultos participantes do National Health and Nutrition Examination Survey (Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição), que avaliou simultaneamente a qualidade da alimentação e os sinais depressivos reportados pelos entrevistados.

Os resultados indicaram que dietas altamente restritivas, sobretudo entre homens e pessoas com índice de massa corporal (IMC) na faixa de sobrepeso, estiveram relacionadas a uma maior probabilidade de sintomas depressivos. Além da quantidade de calorias, o perfil alimentar também influenciou os desfechos: indivíduos que consumiam maiores quantidades de alimentos ultraprocessados, carboidratos refinados, gorduras saturadas, carnes processadas e doces apresentaram uma tendência mais acentuada à depressão.

Em contrapartida, os participantes que seguiam padrões alimentares mais próximos ao modelo mediterrâneo, caracterizado pela ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, demonstraram menor risco para quadros depressivos.

Diante desses achados, os autores reforçam a necessidade de prudência na adoção de dietas muito restritivas ou nutricionalmente desequilibradas, especialmente entre pessoas expostas a estresse ou com histórico de dificuldades relacionadas ao peso corporal. A orientação é que mudanças alimentares sejam feitas de forma equilibrada e sustentável, respeitando as necessidades nutricionais e considerando os possíveis impactos psicológicos.

Entretanto, os pesquisadores alertam para as limitações do estudo. Por se tratar de uma análise observacional, não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre a restrição calórica e o agravamento dos sintomas depressivos. Além disso, os dados sobre alimentação foram autodeclarados, o que pode comprometer a precisão das informações.

Embora robusto, o estudo apresenta resultados que divergem de investigações anteriores sobre o tema. Outras análises já indicaram que dietas restritivas podem, em determinadas circunstâncias, reduzir sintomas depressivos. No entanto, que tais efeitos positivos foram observados em programas conduzidos sob supervisão profissional. Esses achados reforçam que a condução inadequada de dietas, sem orientação especializada, pode acarretar deficiências nutricionais prejudiciais à saúde mental.

Diversos fatores podem justificar a relação negativa entre dietas restritivas e saúde emocional. Pesquisas anteriores mostraram que a perda de peso efetiva, especialmente em pessoas com sobrepeso ou obesidade, pode atenuar sintomas depressivos, possivelmente pela melhora na mobilidade, alterações fisiológicas ou incremento do suporte social. Contudo, quando a restrição calórica não resulta em emagrecimento, ou quando há ciclos repetidos de perda e ganho de peso, o chamado “efeito sanfona”, os benefícios psicológicos não se manifestam e podem, ao contrário, intensificar quadros depressivos.

Restrições severas ou dietas nutricionalmente pobres também podem provocar disfunções físicas, como fadiga, distúrbios do sono e dificuldades cognitivas, além de estarem associadas a maior incidência de ansiedade e risco de desenvolvimento de transtornos alimentares.

Segundo nutricionistas o ideal é, inicialmente, incluir os nutrientes necessários. Em seguida, avaliar o que pode ser reduzido ou eliminado. Muitas vezes, ao consumir todos os grupos alimentares e ao comer de forma mais consciente, percebe-se que não há necessidade de repetir o prato ou buscar sobremesas compulsivamente. Independentemente da perda de peso, melhorar a qualidade da alimentação pode ter efeitos positivos significativos na saúde física e mental.

Dieta saudável 

Especialistas das áreas médica e nutricional defendem que uma alimentação composta por verduras, legumes, grãos, castanhas, frutas, gorduras saudáveis e carnes magras é fundamental tanto para a prevenção quanto para o tratamento de quadros como depressão, ansiedade e insônia, entre outros problemas de saúde. Diversos nutrientes são considerados indispensáveis nesse contexto, cada um com funções importantes no equilíbrio do organismo e no bem-estar mental e físico.

Entre esses nutrientes, destaca-se a vitamina A, encontrada em legumes como cenoura, agrião e abóbora, além de frutas como manga, caqui e mamão. A vitamina B6 também é essencial, sendo obtida a partir do consumo de carne vermelha, fígado, leite, iogurte, ovo e germe de trigo. Já a vitamina B9 está presente principalmente em vegetais verde-escuros, nas leguminosas como feijões, lentilhas e ervilhas, bem como em frutas e nozes.

A vitamina B12 pode ser obtida através de peixes, carnes, ovos, leite e seus derivados, enquanto a vitamina C é abundante em frutas ácidas como laranja, limão, acerola e abacaxi, além de vegetais e legumes como couve, brócolis, agrião e pimentão. A vitamina D, por sua vez, encontra-se principalmente em peixes gordurosos, como salmão, atum, sardinha e cavala, além da gema de ovo.

Outros componentes igualmente importantes incluem o cálcio, presente nos derivados do leite, assim como em legumes e cereais como repolho, alface e feijão. O ferro é encontrado em carnes, gema de ovo, feijão e vegetais verde-escuros, enquanto as fibras são fornecidas por hortaliças, legumes, frutas e cereais, desempenhando papel fundamental na saúde intestinal e metabólica.

As gorduras saudáveis também têm destaque. O ômega-3, conhecido por seus efeitos anti-inflamatórios e benéficos ao sistema nervoso, está presente em peixes de água fria, como salmão, arenque, cavala, sardinha e atum. Já o ômega-6 é encontrado principalmente em óleos vegetais, como os de soja, girassol e milho.

O potássio, mineral essencial para a função muscular e equilíbrio eletrolítico, pode ser obtido a partir de cereais e leguminosas como aveia, feijão e lentilha, além de frutas como banana, abacate e melão, vegetais como batata, beterraba e espinafre, bem como peixes e produtos lácteos. Por fim, o zinco, que desempenha papel importante no sistema imunológico e na função neurológica, é encontrado na carne vermelha, frutos do mar, leite e derivados, além de oleaginosas como amendoim e amêndoas, na pasta de amendoim caseira e no leite de amêndoas.

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