Como os bilionários estão incorporando a inteligência artificial em suas rotinas pessoais e empresariais
Pesquisa exclusiva da Forbes revela que 77% dos super-ricos já utilizam IA nos negócios e 65% na vida privada, enquanto parte permanece cética
A inteligência artificial (IA) está se consolidando como uma das principais ferramentas de transformação entre os ultrarricos. Segundo levantamento publicado pela Forbes em junho de 2025, 77% dos bilionários entrevistados utilizam IA no ambiente de trabalho e 65% também recorrem à tecnologia no dia a dia pessoal. A pesquisa consultou 45 bilionários de diferentes setores, com idade média de 66 anos, revelando tanto usos inovadores quanto resistências persistentes.
Entre os entusiastas, destaca-se Eric Lefkofsky, cofundador do Groupon e atual CEO da Tempus AI, empresa voltada à tecnologia médica. Em sua declaração à revista, Lefkofsky afirmou que interage com o ChatGPT ao menos cinco vezes por dia e que sua companhia foi inteiramente reorientada para adotar a IA generativa como prioridade estratégica. Para ele, essa mudança não apenas impulsionou o crescimento da Tempus, como ampliou sua capacidade de salvar vidas.
O uso de chatbots é predominante: 27 dos entrevistados relataram empregar esse tipo de ferramenta, sendo que 23 mencionaram especificamente o ChatGPT. Doze afirmaram contar com assistentes virtuais baseados em IA, em linha com a previsão feita por Bill Gates em 2023, segundo a qual, em cinco anos, todos estariam utilizando assistentes inteligentes.
Mas a pesquisa também revelou desigualdades estruturais no acesso e nos propósitos da IA. Enquanto os bilionários podem contar com treinadores, chefs e terapeutas humanos, a população menos favorecida tende a ser direcionada para substitutos digitais, muitas vezes vendidos como solução acessível. Gates já havia abordado esse ponto ao defender que a democratização dos serviços é uma das promessas mais importantes da IA.
Por outro lado, a pesquisa identificou que nove dos bilionários consultados ainda não utilizam IA em seus negócios. Esse grupo inclui nomes como Stephen Smith, do setor financeiro, Norman Braman, do ramo de concessionárias, e Harsh Goenka, industrial indiano. Outros cinco optaram pelo anonimato. Warren Buffett, um dos mais conhecidos críticos da tecnologia, comparou a IA a um “gênio fora da garrafa” e declarou sentir-se profundamente assustado com seu potencial.
Entre os usos mais inusitados registrados, um bilionário relatou utilizar IA para processamento de imagens de alimentos; outros a empregam para análises de investimento, redação de memorandos e resumo de artigos. Além disso, alguns citaram a presença de robôs inteligentes em linhas de produção, depósitos logísticos e até mesmo em projetos imobiliários.
A pesquisa foi publicada na seção Forbes Tech e representa um panorama do momento atual em que a IA deixa de ser um recurso restrito às startups do Vale do Silício e passa a integrar o cotidiano de parte da elite econômica global. A adoção, no entanto, não é uniforme — e o entusiasmo dos que já se adaptaram contrasta com o ceticismo daqueles que ainda veem a tecnologia como um risco mais do que uma oportunidade.