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sexta-feira, 13 de junho de 2025
COMPORTAMENTO

Terapia de casal deixa de ser recurso de crise e passa a atuar como prevenção emocional

No mês dos namorados, especialistas apontam que o acompanhamento psicológico fortalece vínculos, melhora comunicação e reduz separações

Luana Avelarpor Luana Avelar em 9 de junho de 2025
You never have to go through anything alone

No mês em que o amor é comemorado, o Dia dos Namorados também tem servido como ponto de partida para reflexões sobre a saúde das relações afetivas. A terapia de casal, por muito tempo associada apenas a momentos de crise, tem ganhado espaço como estratégia preventiva. O acompanhamento psicológico pode contribuir para a construção de vínculos mais saudáveis, reduzir o desgaste cotidiano e até evitar separações impulsivas.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2023, o Brasil registrou 440.827 divórcios, quase metade do número de casamentos realizados no mesmo ano, que totalizaram 940.799. A taxa de nupcialidade também caiu para 5,6 por mil habitantes. O crescimento do número de separações vem acompanhado da queda na duração média dos relacionamentos, especialmente entre casais com menos de dez anos de união.

Pesquisas apontam que temas como finanças, ciúmes, divisão de tarefas e educação dos filhos estão entre os principais motivos de conflitos. Em muitos casos, a dificuldade em expressar sentimentos e alinhar expectativas gera afastamento emocional. A terapia de casal oferece um espaço estruturado para a escuta, o diálogo e a reconstrução da confiança.

Durante a pandemia de covid-19, o número de casais que procuraram terapia aumentou significativamente. Levantamento do Instituto do Casal revelou que a busca por esse tipo de acompanhamento triplicou após 2020. O aumento foi atribuído a fatores como estresse financeiro, convivência prolongada e sobrecarga emocional. Para muitos, a experiência serviu de alerta sobre a importância do cuidado contínuo na vida a dois.

Com a expansão do formato online, o acesso à terapia de casal também se tornou mais amplo. Segundo dados do Allied Market Research, o mercado global de terapias por videoconferência movimentou cerca de US$ 17,9 bilhões em 2024, com previsão de crescimento nos próximos anos. A modalidade tem se mostrado eficaz, com taxas de adesão crescentes, especialmente entre casais jovens e com rotina atribulada.

Estudos internacionais indicam que abordagens como o Modelo Gottman e a Terapia Comportamental Integrativa de Casal (IBCT) apresentam taxas de sucesso entre 70% e 80%, com melhora significativa na qualidade da relação. Essas metodologias trabalham a aceitação das diferenças, a empatia e a comunicação assertiva. Além da superação de conflitos, as abordagens visam o fortalecimento do vínculo afetivo e a prevenção de rupturas.

Mesmo quando o casal decide se separar, a terapia contribui para conduzir o processo de forma menos traumática. O encerramento da relação pode ocorrer de maneira organizada, com menos conflitos e mais clareza sobre os motivos do rompimento. Essa transição é especialmente importante em relações com filhos, nas quais o impacto emocional se estende para além dos parceiros.

De acordo com pesquisa da Globo e da plataforma PiniOn com mil entrevistados, 60% dos brasileiros consideram o Dia dos Namorados tão importante quanto o aniversário de casal. No entanto, entre jovens de 18 a 25 anos, apenas 20% estão em relacionamentos estáveis. O dado é interpretado por especialistas como reflexo de transformações sociais e dificuldades emocionais associadas ao uso intenso de redes sociais e à baixa educação afetiva.

A mesma pesquisa aponta que metade da população deseja ver mais representatividade nas campanhas publicitárias da data, incluindo casais homoafetivos e relações não monogâmicas. Em resposta, abordagens terapêuticas vêm se adaptando para acolher diferentes configurações familiares, com destaque para a terapia afirmativa LGBTQIA+ e os acompanhamentos voltados para relações abertas ou poliafetivas.

Além da iniciativa privada, centros universitários e serviços públicos de psicologia comunitária também oferecem suporte a casais. Em alguns municípios, programas vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) realizam encaminhamentos para atendimento conjugal em Unidades Básicas de Saúde ou centros especializados. Essas alternativas aumentam a capilaridade do acesso ao cuidado psicológico.

Com base em evidências clínicas, relatos de pacientes e crescimento da procura por orientação profissional, a terapia de casal se consolida como uma ferramenta importante de cuidado emocional. Ao contrário do senso comum, que associa o acompanhamento exclusivamente a relacionamentos em colapso, o modelo preventivo ganha força e amplia a possibilidade de relações mais conscientes e duradouras.

No contexto do Dia dos Namorados, cresce a ideia de que o amor não se sustenta apenas com gestos simbólicos. Investir em escuta, diálogo e alinhamento de expectativas pode ser o presente mais valioso em uma relação. A terapia de casal, nesse sentido, deixa de ser último recurso para se tornar aliada da construção afetiva cotidiana.

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