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Relacionamentos

Síndrome de Simon: o desafio contemporâneo dos homens

Esse comportamento masculino surge como uma resposta adaptativa a uma cultura que valoriza o desapego

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 12 de junho de 2025
Síndrome de Simon: o desafio contemporâneo dos homens. | Foto: Reprodução/Istock

A chamada síndrome de Simon, conceito popularizado pelo psiquiatra espanhol Enrique Rojas, caracteriza um comportamento presente em homens acima dos 30 anos que apresentam dificuldades para se comprometer em relacionamentos amorosos. Esses indivíduos costumam demonstrar baixa inteligência emocional, materialismo exacerbado, obsessão pelo sucesso e traços narcisistas.

Embora haja semelhanças com a síndrome de Peter Pan, proposta pelo psicólogo Dan Kiley nos anos 1980, as duas condições se distinguem. Enquanto a síndrome de Peter Pan está ligada a um atraso no amadurecimento emocional em geral, a síndrome de Simon reflete um fenômeno contemporâneo influenciado pela tecnologia, pelas redes sociais e pela valorização extrema do “eu” na sociedade atual.

O nome “Simon” é um acrônimo que sintetiza cinco características principais: solteiro, imaturo, materialista, obcecado pelo trabalho e narcisista. O Instituto Rojas Estapé, fundado por Enrique Rojas e sua filha Marian, também psiquiatra, detalha cada um desses traços. Eles definem “solteiro” como o homem que se expõe buscando aprovação feminina sem intenção de compromisso; “imaturo” como aquele que pode ter sucesso profissional, mas carece de maturidade afetiva; “materialista” como o interesse excessivo em bens e status; “obcecado pelo sucesso” como a prioridade de alcançar estabilidade financeira a qualquer custo; e “narcisista” como a constante busca por admiração e elogios.

Para especialistas em saúde mental, a síndrome de Simon não é um diagnóstico formal, mas um rótulo cultural que evidencia um modelo masculino centrado na evasão de vínculos afetivos. Esse comportamento surge como uma resposta adaptativa a uma cultura que valoriza o desapego, o sucesso imediato e a liberdade individual, muitas vezes em detrimento do compromisso.

O compromisso amoroso é um processo complexo que exige dedicação, um desafio ainda maior no contexto atual, que romantiza a independência e estigmatiza o sacrifício pessoal. Por trás da rejeição ao compromisso, frequentemente existem experiências emocionais mal resolvidas, padrões afetivos disfuncionais ou uma fragilidade do “eu” que leva o indivíduo a se proteger evitando a proximidade emocional.

No âmbito dos relacionamentos, a convivência com homens que apresentam essas características pode resultar em desequilíbrios, com expectativas não correspondidas, sofrimento e confusão para os parceiros. Esse tipo de dinâmica tende a gerar frustração, culpa e uma espera constante por mudanças que nem sempre acontecem, criando uma relação marcada pela idealização e pouca reciprocidade.

Na síndrome de Simon, muitos dos homens afetados não têm consciência de que apresentam essa condição. Ao serem confrontados com essa descrição, frequentemente reagem surpresos, reconhecendo traços que se identificam imediatamente. Trata-se de uma limitação comportamental, um desafio que pode ser enfrentado. Especialistas ressaltam que a verdadeira liberdade está em conseguir se entregar a alguém que realmente valha a pena. Contudo, o principal obstáculo é que muitos não reconhecem o problema e uma parcela significativa ainda o nega, o que dificulta a possibilidade de mudança. Ainda assim, com orientação adequada e vontade, é possível superar essas barreiras e desenvolver maior maturidade emocional.

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