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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Crise silenciosa: ansiedade atinge mais de 18 milhões de brasileiros

O transtorno de ansiedade generalizada manifesta-se por meio de uma preocupação constante

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 9 de julho de 2025
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Crise silenciosa: ansiedade atinge mais de 18 milhões de brasileiros. | Foto: reprodução

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência da ansiedade, com estimativas apontando que mais de 18 milhões de pessoas convivem com o transtorno, o que representa cerca de 9,3% da população brasileira. O índice é quase o dobro da média global, estimada em 4%. Segundo especialistas, fatores como desigualdade social, violência urbana, instabilidade econômica, hiperconectividade e dificuldades no acesso ao bem-estar contribuem para esse cenário alarmante. Pesquisas também indicam que o país está entre os mais dependentes de telas, o que amplia o nível de estresse e favorece crises de ansiedade.

Entre os transtornos de ansiedade mais frequentes, alguns se destacam pelas características específicas que apresentam e pelos impactos distintos na vida cotidiana dos indivíduos. O transtorno de ansiedade generalizada, por exemplo, manifesta-se por meio de uma preocupação constante e desproporcional, com tendência a analisar cada situação de forma excessivamente minuciosa, mesmo quando não há motivo real para alarme.

Já o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) envolve pensamentos intrusivos e irracionais que geram comportamentos compulsivos, repetitivos e difíceis de controlar. A fobia social, também conhecida como transtorno de ansiedade social, se caracteriza pelo medo intenso e persistente de interações cotidianas, como falar em público ou participar de encontros sociais, o que pode levar ao isolamento.

Outras formas incluem a síndrome do pânico, que provoca crises súbitas de medo extremo e sensação de mal-estar generalizado, mesmo sem um gatilho aparente, e a agorafobia, um temor acentuado de estar em locais ou situações que pareçam difíceis de escapar ou que possam gerar constrangimento, como transporte público, multidões ou espaços abertos. Cada uma dessas condições exige atenção e abordagem terapêutica adequada para garantir a qualidade de vida do paciente.

As causas da ansiedade variam de acordo com a experiência individual de cada pessoa e podem estar ligadas a múltiplos fatores. Especialistas apontam que desequilíbrios químicos no cérebro, ausência de apoio familiar, vivências traumáticas, especialmente na infância, ou até mesmo a combinação desses elementos estão entre os principais gatilhos para o desenvolvimento do transtorno.

Os sintomas da ansiedade também se manifestam de diferentes formas e costumam envolver aspectos físicos e psíquicos. No corpo, é comum a presença de tensão muscular, taquicardia, dor no peito, sudorese excessiva, cefaleia e tontura. Já no campo psicológico, muitos pacientes relatam episódios de desrealização, quando o ambiente ao redor parece estranho ou irreal, e despersonalização, em que a pessoa sente que não reconhece a si mesma.

Por essa complexidade, especialistas reforçam a importância do diagnóstico clínico e do acompanhamento profissional para avaliar a origem dos sintomas e direcionar o tratamento mais adequado para cada caso.

Quando não identificada e tratada corretamente, a ansiedade pode desencadear uma série de problemas físicos e emocionais. Entre os efeitos mais comuns estão o isolamento social, a sensação de solidão, queda na autoestima, dificuldade de manter uma rotina de autocuidado, sedentarismo e alterações significativas no peso, como emagrecimento extremo ou obesidade.

O transtorno está associado ao uso abusivo de substâncias químicas, como álcool, medicamentos e drogas ilícitas, além de comportamentos autodestrutivos e aumento do risco de doenças cardiovasculares, gastrointestinais e imunológicas. Durante uma crise, o sistema nervoso entra em estado de alerta máximo, conhecido como “modo de luta ou fuga”, e provoca sintomas como taquicardia, respiração acelerada, sensação de falta de ar e dificuldade de concentração. 

Tratamento

Na maioria dos casos, a psiquiatria busca controlar os transtornos de ansiedade, já que a cura definitiva nem sempre é possível. Por se tratar de uma condição crônica, a ansiedade tende a se manifestar ao longo da vida, mesmo após períodos de melhora. Momentos de tensão e sobrecarga emocional costumam agravar os sintomas, exigindo atenção redobrada ao contexto em que o paciente está inserido.

Diante disso, os especialistas reforçam que o tratamento vai além dos medicamentos. Estratégias como psicoterapia, exercícios físicos, alimentação balanceada, sono de qualidade e suporte emocional contínuo são essenciais para manter o equilíbrio e evitar recaídas. Em quadros mais leves, técnicas como mindfulness, terapia cognitivo-comportamental e psicologia positiva têm se mostrado eficazes. Já nos casos mais severos, como a síndrome do pânico, o uso de antidepressivos pode ser necessário, sempre aliado ao acompanhamento terapêutico.

A promoção de bem-estar, portanto, envolve um cuidado integral com a saúde física e mental. Hábitos simples, como manter uma rotina ativa, buscar momentos de lazer, fortalecer vínculos sociais e respeitar os próprios limites, ajudam a reduzir o impacto da ansiedade. Mesmo sem diagnóstico formal, a psicoterapia é recomendada como ferramenta de autoconhecimento e de fortalecimento emocional para lidar melhor com os desafios do cotidiano.

Autocontrole

Todas as abordagens terapêuticas, muitas delas também aplicadas de forma preventiva, têm como objetivo ajudar a pessoa a refletir sobre suas experiências e a desenvolver equilíbrio e controle nas diferentes áreas da vida.

Técnicas simples de respiração consciente e estímulos sensoriais, como descrever o ambiente ao redor ou relembrar uma memória positiva, ajudam a interromper o ciclo de pensamentos ansiosos e restabelecer o controle emocional. Estratégias preventivas também são fundamentais para lidar com a ansiedade no dia a dia. Práticas como manter uma rotina de atividades físicas, refletir sobre os sentimentos ao longo da semana e garantir um sono de qualidade favorecem o equilíbrio mental. Exercícios como caminhada, dança ou ioga estimulam a produção de neurotransmissores ligados ao bem-estar, enquanto o sono adequado permite ao cérebro reorganizar emoções e restaurar a energia. 

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