“Fase final”: Trump vê avanço em acordo de paz na Ucrânia
Encontro na Flórida reuniu Trump e Zelensky por mais de duas horas para tratar acordo de paz e impasses territorial
A reunião realizada no domingo (28), na Flórida, entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, marcou mais uma etapa das negociações mediadas por Washington para tentar encerrar a guerra iniciada em fevereiro de 2022. O encontro durou mais de duas horas e teve como foco principal os termos de um possível acordo de paz, ainda cercado por divergências sobre controle territorial e garantias de segurança para Kiev.
Após a reunião, Trump afirmou que as conversas avançaram, mas reconheceu que permanecem pontos decisivos. Segundo o presidente, o principal impasse envolve regiões do leste ucraniano, especialmente Donbas, além das garantias exigidas por Kiev para evitar novos ataques no futuro. Ele disse que não trabalha com um prazo fechado para o encerramento das negociações, mas avaliou que um acordo pode ser alcançado nas próximas semanas, apesar do risco de fracasso.
“Estamos na fase final das negociações. Ou isso termina ou vai se prolongar por muito tempo e milhões de pessoas a mais vão morrer”, afirmou Trump. “Acho que podemos avançar rapidamente”. Trump também declarou que a Rússia estaria disposta a ajudar na reconstrução da Ucrânia após o fim do conflito e disse acreditar que todas as partes envolvidas demonstram interesse em chegar a um entendimento.

Plano dos EUA está 90% definido
Zelensky agradeceu a mediação dos EUA e afirmou que cerca de 90% de um plano de paz já estaria definido. Questionado sobre a possibilidade de concessões territoriais à Rússia, evitou dar detalhes e destacou: “é uma pergunta difícil de ser respondida, vocês sabem a nossa posição. Temos que respeitar nossa lei e nosso povo”. “É a terra de nossa nação, a terra de muitas gerações”, finalizou.
Antes do encontro na Flórida, Trump conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin. A ligação, que durou pouco mais de uma hora, foi classificada pelo norte-americano como “muito produtiva”, sem divulgação de detalhes. O Kremlin informou que os dois líderes concordaram em não apoiar uma proposta europeia de cessar-fogo temporário antes de um acordo definitivo e defendeu que a Ucrânia tome uma “decisão ousada” sobre os territórios em disputa.
Putin confirma falas de Trump
No dia seguinte à reunião, o governo russo afirmou concordar com a avaliação de Trump de que um acordo de paz está mais próximo, mas reforçou exigências. Moscou declarou que a Ucrânia precisa retirar suas tropas das áreas da região de Donbas que ainda controla.

Zelensky destacou que dois temas seguem travando as negociações: o futuro da usina nuclear de Zaporizhzhia e a definição sobre a cessão de territórios. A Rússia reivindica as regiões de Donbas, Zaporizhzhia e Kherson como parte de seu território, embora a maioria dos países as reconheça como ucranianas. Estimativas russas indicam que Moscou controla atualmente cerca de um quinto do território da Ucrânia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, além de grandes áreas de outras regiões.
Como parte das propostas apresentadas durante as tratativas, os EUA sugeriram a criação de uma zona econômica livre em áreas que poderiam ser desocupadas pela Ucrânia e um modelo de controle compartilhado da usina de Zaporizhzhia. Washington também ofereceu garantias de segurança à Kiev por um período de 15 anos, nos moldes da proteção oferecida aos países da Otan. Zelensky afirmou ter solicitado um prazo maior, de até 50 anos, e disse que Trump indicou que a proposta pode ser prorrogável.
Enquanto as negociações seguem, líderes europeus acompanham o processo com cautela e manifestam preocupação com possíveis concessões à Rússia.