Em primeira reunião na União Europeia, Gentiloni critica a política migratória
O novo primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, enviou uma mensagem clara sobre o descontentamento de Roma com a gestão da crise migratória
Em sua primeira reunião com os líderes da União Europeia
(UE), o novo primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, enviou uma mensagem
clara sobre o descontentamento de Roma com a gestão da crise migratória.
O premier afirmou no fim da noite desta quinta-feira (15),
após 12 horas de debates, que há “um grandíssimo atraso” na reação da
Europa à crise.
“A UE está lentamente orientada a assumir na sua agenda
as prioridades migratórias, mas infelizmente os problemas são mais velozes que
as soluções e continua a existir um forte atraso em receber a proposta italiana
do ‘Migration Compact’.
Mas, há uma consciência que se deve dar passos
adiante”, disse Gentiloni aos jornalistas.
Seguindo a linha de seu antecessor, Matteo Renzi, o novo
premier informou que conseguiu recolar em pauta a reforma da Convenção de
Dublin, “que será discutido nos próximos meses”. O debate é
considerado fundamental para os italianos, já que o acordo é usado como
principal “desculpa” dos países que não aceitam o sistema de cotas
dos deslocados para não receber estrangeiros.
Gentiloni elogiou a gestão alemã para o problema, mas pediu
que não deve haver um “relaxamento” nas medidas, só porque a rota do
Mar Egeu aparenta estar “sob controle”. Segundo o premier, “não
se pode dizer que a emergência é menos emergência” porque o problema foi
transferido para a rota Mediterrânea, que leva para a Itália.
Sobre esse ponto, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel,
concordou. “O maior problema que temos hoje é com os imigrantes que saem
da Líbia para a Itália. E a maior parte desses imigrantes não tem o direito do
asilo, e a realocação na UE. Esse é outro problema que precisamos
enfrentar”, destacou Merkel.
A fala da líder alemã tem a ver com o fato de que os
estrangeiros que chegam ao território italiano não vem da Síria ou do Iraque,
que tem o visto de asilo rapidamente aceito, mas sim de países em guerra do
norte da África.
Rússia
Os líderes europeus também debateram as questões
relacionadas à Síria e, para Gentiloni, “a diplomacia vive um de seus
momentos mais difíceis”.
“Não é fácil dar uma contribuição. Nós nos concentramos
apenas na dimensão humanitária e tivemos uma discussão concluidora que, por
sorte, sem considerar a hipótese que no meu ponto de vista era a errada: de
agir com sanções contra a Rússia. Hipótese que foi mencionada também na reunião
de hoje, mas que não passou”, destacou o italiano.
Rússia e União Europeia tem posturas diferentes sobre a
guerra síria. Enquanto os russos apoiam o governo de Bashar al-Assad, os
europeus estão alinhados com os norte-americanos e chamam o presidente sírio de
ditador.
Foto: (Reprodução LUSA)