Com indefinições, Jeferson Rodrigues perde cargos na prefeitura
Quase imperceptivelmente, deputado teve perdas significativas de influência em pastas importantes sob a gestão de Rogério Cruz
O deputado estadual Jeferson Rodrigues (Republicanos) começou 2021 num sorriso sem tamanho. No meio do mandato na Alego, com um aliado – de partido e da IURD – à porta da Prefeitura de Goiânia, não seria difícil alcançar a Câmara dos Deputados. Sem dificuldades, assumiu, no Balanço Geral, o programa de maior audiência do almoço da TV goiana, na Record TV, um quadro de defesa do consumidor.
No início, com a influência do MDB na divisão de cargos da gestão de Rogério Cruz, as coisas pareciam não ser tão favoráveis. Então, apareceu um tal de Arthur Bernardes, olhos, ouvidos e boca de Wanderley Tavares, o homem do Republicanos em Brasília. E, não demorou, o MDB desembarcou da gestão.
João Campos, presidente do partido, aos poucos foi conquistando o espaço que a sigla tinha direito. E Jeferson, claro, foi se beneficiando, indicando apoiadores no Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais (Imas) e, sobretudo, na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e Secretaria de Administração (Semad).
A quantidade surpreendeu até aliados do próprio deputado, conforme fontes ouvidas pelo jornal O Hoje. Sempre foi muito complicado romper a barreira erguida pelos vereadores Izídio Alves (MDB) e Clécio Alves (Republicanos) no âmbito da autarquia. “Quase um milagre”, diz um servidor efetivo que, em seguida, volta atrás: “Quase, não, é um milagre”.
Depois de indicar Fabiano Bissoto para ser o maioral – secretário – da Semad, Rodrigues era chamado de o “abençoado”, o homem dos cargos. Mas, de repente, Wanderley Tavares acabou com a influência dele na pasta. Bissoto saiu da Semad. A crise com Tavares mexeu na estrutura de outros dois cargos de segundo escalão da gestão municipal.
No lugar de Bissoto assumiu Carlos Eduardo Merlim. Ele já estava lotado na Semad como secretário-executivo, cargo que, na prática, funciona como o número dois na hierarquia.
Desde então, Rodrigues tem perdido consideravelmente o espaço que exercia, principalmente no início deste ano. Apenas na Comurg, pelo menos 50 indicações de Jeferson foram, como disse uma fonte do órgão, para o beleléu. E, não raro, a justificativa tem a ver com a pressão que o Republicanos tem sofrido sobre a indefinição acerca do apoio ao governo no pleito de outubro.
Enquanto João Campos já está de passagem comprada para embarcar no voo de Gustavo Mendanha rumo à disputa ao governo, Jeferson resiste, implacável, na ideia de Ronaldo Caiado (UB) à reeleição. Distante do propósito do partido do qual faz parte, Rodrigues, que aguarda ter 120 mil votos, pode ver esse potencial despencar para 80 mil. Pode, ou não, claro, ser eleito.
E há quem defenda que ele tente a reeleição na Alego. “Tá doido? Ele já criou um monstro”, comentou um ex-assessor. “O Republicanos, na verdade mais a igreja, já escolheu a primeira-dama, Thelma Cruz, como a representante na Assembleia.” Ou seja, Rodrigues mais perde do que ganha ao apostar cada vez mais na gestão de Rogério Cruz.