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sábado, 23 de novembro de 2024
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Negócios

Demanda por voos domésticos cai, mas oferta aumenta

Preço médio das passagem aéreas atingiu o maior valor desde 2012

Postado em 6 de julho de 2022 por admin

A demanda por voos domésticos teve queda de 2,5% em maio na comparação com o mesmo mês de 2019, aponta a Associação Brasileira das Empresas Aéreas com base nos relatórios da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Já a taxa de assentos por quilômetro teve alta de 6% frente ao registrado em maio de 2019. Essa foi a primeira vez, nesse segmento, que um dos itens do relatório apresentou crescimento em relação ao período pré-pandemia.

Apesar do aumento de oferta, o setor ainda não registra o mesmo contingente de passageiros pagantes. Nos voos domésticos, maio de 2022 registrou 6,4 milhões de passageiros. Em 2019, mais de 7 milhões de pessoas voaram pelo Brasil no mesmo período.

Nos voos internacionais, foram mais de 1,2 milhão de passageiros que viajaram em maio deste ano, cerca de 63% do que foi transportado no mesmo período em 2019. Essa foi a maior movimentação de passageiros desde fevereiro de 2020, mês em que foi registrado o primeiro caso de Covid confirmado no Brasil.

Na comparação com abril, no entanto, os resultados no mercado doméstico são positivos, com aumento de 3,4% na demanda e de 7,9% na oferta. Nos voos internacionais, houve crescimento de 6,4% na demanda e de 3,5% na oferta.

Em relação ao transporte aéreo de carga e correio, foi registrada queda de 6,1% em maio na comparação com o mesmo mês de 2019. No mercado internacional, o transporte de correio e carga segue apresentando recorde de toneladas transportadas. Em maio deste ano, foram mais de 88 mil despachos em rotas internacionais. Os dados, segundo a ANAC indicam o maior resultado para o mês da série histórica da Agência, que iniciou há 22 anos. Em comparação ao mesmo período de 2019 e 2021, o indicador apresentou alta de 24,7% e 1,8%, respectivamente.

O setor do transporte aéreo atingiu números próximos dos níveis registrados antes da pandemia de Covid-19 no mês de maio. Segundo o relatório da Anac, o Brasil, após 27 meses, superou a quantidade de oferta por voos.

Em abril de 2020, a Anac registrou os piores números desde 2010. Foram menos 400 mil passageiros em voos nacionais e 40 mil pessoas em voos para fora do Brasil.

Preços

Em março deste ano, o preço médio das passagens aéreas no Brasil atingiu o maior valor desde dezembro de 2012. No terceiro mês de 2022, o custo médio do ticket aéreo chegou a R$ 648,29, sendo superado apenas pelo preço registrado há quase dez anos, de R$ 676,37.

Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), mais da metade dos custos do setor aéreo são em dólar e só o combustível de aviação representa cerca de 30% desses gastos, fatores que podem explicar o aumento dos preços das passagens.

No atual cenário econômico, o dólar foi registrado acima dos R$ 5 durante todo o ano de 2021 e o menor valor médio mensal neste ano foi de R$ 4,76 em abril. Já o querosene de aviação (QAV) bateu preço médio recorde do litro no fim de maio de 2022, chegando a custar R$ 5,06 o litro, e acumula uma alta de 46,6% só neste ano.

No fim de 2012, o dólar para o mês estava cotado em R$ 2,07, maior valor para aquele ano. E nos últimos três meses de 2012, o preço do litro do QAV chegou a R$ 1,91, a maior cotação daquele ano.

O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, aponta que três principais fatores atuam na alta desses preços: o conflito na Ucrânia, a alta dos juros no Estados Unidos e o cenário econômico registrado com a pandemia.

“A guerra na Ucrânia tirou a Rússia do mercado global de petróleo, o que aumentou muito o preço dessa commodity. E esse cenário não deve mudar muito até o fim deste ano. Outro ponto é que, com a inflação global, os Estados Unidos estão atuando com alta de juros, o que vai encarecer o dólar. E, por último, o cenário interno, de risco de furo do teto de gastos e déficit fiscal, tudo contribui para uma alta dos preços”, explica.

Confirmando a alta de preços das passagens aéreas, dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que são usados para medir a inflação do País, mostram que, na divulgação de abril de 2022, o item ‘passagens aéreas’ registrou um aumento de 9,48% no preço em relação a março do mesmo ano.

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