Petistas divergem sobre reeleição ilimitada em novo estatuto
PT aprovou mandatos ilimitados para deputado e diretoria
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Durante reunião tensa na segunda-feira (17), o PT aprovou mudança de estatuto que permite a reeleição de parlamentares e dirigentes partidários que já tenham exercido três mandatos consecutivos na mesma Casa Legislativa ou instância da sigla, o que não era autorizado, conforme regras atuais. Em Goiás, lideranças petistas divergem sobre o tema, assim como na discussão nacional.
A deputada federal Adriana Accorsi (PT) não vê problemas. Segundo ela, os demais partidos já funcionam dessa forma. “Não tem essa limitação e a renovação acontece de forma natural”, avalia. Para ela, inclusive, não há entraves para a renovação, mas é preciso “motivar e valorizar as novas lideranças”. “Como vim da juventude do partido e fui a primeira secretária de Juventude em Goiás, eu procuro apoiar muito os jovens”, emenda.
Da mesma forma, o deputado federal Rubens Otoni (PT) a considera correta. “Decisão equilibrada e que fortalece as instâncias partidárias, além de criar as condições para aumentar nossa representação no Congresso Nacional.”
Já o vereador por Goiânia, Fabrício Rosa (PT), diz não concordar com a resolução nacional do PT. “Eu acho que atrapalha a renovação partidária nas direções superiores e prejudica as minorias políticas, tanto as mais jovens quanto as minorias que existem desde a fundação do partido. Então, eu vejo como um retrocesso quando se fala de ampliação da participação democrática interna do partido.” Ele, todavia, afirma que segue o que a direção nacional estabelece, mesmo discordando.
A presidente do PT em Goiás e vereadora por Goiânia, Kátia Maria, também não vê problema na mudança. Para ela, a alteração é correta, pois nem na lei eleitoral existe essa restrição. O também vereador de Goiânia, Edward Madureira (PT), por sua vez, afirma que, “em princípio, essa questão de deputado [poder disputar seguidamente] é sensatez. Deixar um deputado como o Rubens Otoni, com reeleição garantida, não disputar não faz sentido”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem pregado a renovação da sigla, mas o que a alteração possibilita é a manutenção de deputados em disputas, mesmo que já tenham ocupado três vezes a função consecutivamente. No caso de senadores, como são oito anos de mandato, fica vedada a candidatura para quem estiver no segundo período seguido.
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A mudança passou por 60 votos a 27, e cinco abstenções. Antes, o texto do estatuto, que passaria a vigorar em 2026, dizia: “Não poderá se apresentar como pré-candidato ou pré-candidata para postular o mesmo cargo o parlamentar que já tiver sido eleito para três mandatos consecutivos na mesma Casa Legislativa, e no caso do cargo de senador ou senadora, o parlamentar que já tiver sido eleito para dois mandatos consecutivos no Senado Federal.” Com essa alteração, a própria presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, poderia tentar a reeleição.
Eleições diretas
Outro ponto aprovado foi a manutenção de eleições diretas para a direção do partido, inclusive o presidente. Foram 61 votos a 24 – uma ala defendeu o pleito por meio de congresso.
A próxima eleição para presidente está programada para 6 de julho. Em Goiás, o assunto ainda não avançou, apesar de nomes cotados, como do ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e vereador pela capital, Edward Madureira. Já para a executiva nacional, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva é o candidato de Lula. Ele, contudo, enfrenta resistências no partido.