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domingo, 14 de dezembro de 2025
Aliança estratégica

China e UE miram na COP30 enquanto o Brasil passa a boiada

Contato estratégico entre as duas potências mostra como é fácil ganhar mais destaque que o País quando o assunto é colaboração com o meio ambiente

Marina Moreirapor Marina Moreira em 30 de julho de 2025
5 abre Foto Ricardo Stuckert PR
Ricardo Stuckert/PR

A aliança estratégica entre China e União Europeia (UE) promete ser destaque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) que, neste ano, será realizada em solo brasileiro. Era de se esperar que o Brasil também tivesse uma visibilidade positiva à frente do evento, mas ações políticas que privilegiam a mineração, agricultura e pecuária, além da aprovação do novo Licenciamento Ambiental pela Câmara dos Deputados, fizeram com que o País se encontre em uma posição contraditória entre quem sedia o evento e quem não cumpre o que é estabelecido nele.

Por mais que o compromisso entre Bruxelas e Pequim não seja considerado um vínculo forte, é viável considerar a parceria como um ato de liderança de esforços globais contra as mudanças climáticas. As duas potências fizeram uma declaração e informaram que até 2035 ambas apresentarão um conjunto de planos climáticos atualizados e em conformidade com o Acordo de Paris. “As duas partes concordam em demonstrar liderança conjunta para promover uma transição global justa, com desenvolvimento sustentável e combate à pobreza”, diz o documento que contém a declaração.

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O cientista político Itami Campos fala sobre a importância do Brasil fazer alianças tal qual como a que foi feita entre a Europa e a potência asiática. “A Europa e a China se apresentam como alternativa importante de relacionamento com o Brasil. Acho que é bom repensarmos a condição que os EUA quer que o Brasil se encontre, que é uma condição de sujeição. Então, acredito que o Brasil tem que buscar alternativas possíveis de relacionamento, assim como a Europa e China fizeram”, pontua.

China e Europa também articulam a discussão de questões relacionadas à transição energética, um assunto essencial para a superação dos entraves climáticos. O foco está na redução da emissão de metano, considerado um dos gases mais poluentes do mundo, mas a aliança não apresentou quais são as metas numéricas específicas do corte de emissões de gases poluentes.

A declaração ganha relevância ao destacar a disposição entre UE e China em cooperar, mesmo diante de tensões comerciais, disputas tecnológicas e posições divergentes sobre a guerra na Ucrânia. “Unir forças nesse tema envia uma mensagem poderosa ao mundo”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, durante a abertura da cúpula em Pequim.

Bastidores da COP30

Essa articulação entre China e Europa mira na Conferência de Clima da ONU, que ocorrerá em novembro no Pará. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem investido um considerável capital diplomático na realização do evento, mas ainda não revelou um posicionamento sólido relativo à aprovação, na Câmara dos Deputados, do novo Licenciamento Ambiental, considerado por muitos setores o “Projeto de Lei da Devastação”.

O mesmo espaço no qual foi aprovado o novo Licenciamento Ambiental, também foi espaço de debate sobre a conservação do Pantanal, um dos biomas mais ameaçados do País e que compreende boa parte da Região Centro-Oeste. Participantes do debate na Câmara dos Deputados sobre a conservação do Pantanal pediram a inclusão desse bioma entre as prioridades da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30.

“Quando a gente faz esse apelo pela inclusão das áreas úmidas na agenda climática, é pensando que não apenas as áreas úmidas estão sofrendo a degradação, as consequências da mudança climática, com a seca, com o desaparecimento de água superficial, mas também que, a partir desse impacto das mudanças climáticas, elas deixam de ser sumidouros e estoques de carbono para se tornarem grandes emissores de carbono também”, ressalta a representante
da Fundação para a Justiça Ambiental, Luciana Leite.

Divergências

Enquanto isso, há quem deixe a pauta ambiental de lado para dar mais ênfase aos gastos do evento. É o caso do deputado federal Junio Amaral (PL-RJ) ao pedir a fiscalização de cerca de R$ 1 bilhão que o governo federal pretende aplicar em variadas ações da COP30.

Já o deputado federal Dimas Gadelha (PT-RJ) defendeu o volume de recursos públicos. “O Brasil reservou no seu orçamento R$ 1 bilhão. Não era para menos, a gente precisa dar importância a esse tema. E vai deixar um legado muito grande, porque tem muito investimento em infraestrutura”, argumentou o petista. (Especial para O Hoje)

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