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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Renda dos empreendedores

Cooperativismo em Goiás garante renda maior, inclusão e inovação

Rendimento médio superior, baixa rotatividade e políticas de inclusão mostram como o cooperativismo no Estado se fortalece e se prepara para a inovação e sustentabilidade

Letícia Leitepor Letícia Leite em 26 de agosto de 2025
4 abre Amor Mel
Entre 2012 e 2023, a renda dos empreendedores cooperativistas foi consistentemente superior à dos trabalhadores autônomos. Foto: Amor & Mel

Empreender ou trabalhar em uma cooperativa em Goiás significa, na prática, ter acesso a uma renda média mais alta, empregos mais estáveis e um ambiente organizacional voltado para inclusão e inovação. Essa é a conclusão de um levantamento inédito da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape-UFG), realizado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com os números, entre 2012 e 2023, a renda dos empreendedores cooperativistas foi consistentemente superior à dos trabalhadores autônomos não vinculados a cooperativas. Em 2023, por exemplo, enquanto um trabalhador por conta própria recebia em média R$ 3,9 mil mensais, o cooperado alcançava R$ 8,7 mil. Essa diferença também se repetiu em anos anteriores, chegando a ser mais que o dobro em alguns períodos.

Para o presidente do Sistema OCB-GO, Luís Alberto Pereira, esse resultado está diretamente ligado ao modelo de negócio cooperativista. “O Sistema OCB/GO atua como um catalisador do desenvolvimento das cooperativas e essa renda superior é um reflexo direto do modelo de negócio cooperativista, que compartilha os resultados com quem realmente produz. Ao negociar em conjunto, os cooperados alcançam melhores preços para seus produtos e serviços, superando vulnerabilidades de um negócio individual”, afirmou.

Segundo ele, além do fortalecimento da lógica coletiva, o sistema implementa programas contínuos de capacitação, consultorias especializadas e ferramentas de gestão que tornam as cooperativas mais eficientes e lucrativas. “Uma cooperativa bem administrada gera mais excedentes para distribuição entre os cooperados. Atuamos também para conectar as cooperativas a mercados mais amplos e vantajosos, inclusive para exportação. Recentemente, realizamos viagens para a China e Índia, com bons resultados”, destacou.

Outro ponto de destaque do estudo é a evolução do mercado de trabalho dentro das cooperativas. Em 2024, segundo o Panorama do Cooperativismo Goiano, as cooperativas ligadas ao Sistema OCB-GO empregavam 18,5 mil pessoas, com crescimento de 44% em relação a 2020. Desse total, 52,5% eram mulheres, consolidando uma participação feminina superior à masculina.

Para Pereira, a diversidade é um dos caminhos para manter a competitividade e garantir o futuro do setor. “O cooperativismo em Goiás tem avançado na inclusão social e na geração de empregos. Embora não haja dados detalhados sobre pessoas com deficiência, há um esforço crescente para alinhar as práticas cooperativas com os valores de equidade e desenvolvimento sustentável”, defendeu.

O levantamento da Funape/UFG também mostrou que as cooperativas apresentam uma taxa de rotatividade menor entre os colaboradores: 34,9 por ano contra 51,6 registrados em empresas não cooperativistas. Esse dado, para o presidente da OCB-GO, está diretamente relacionado ao fortalecimento da cultura organizacional.

“Equipes estáveis acumulam conhecimento específico da cooperativa e do negócio, resultando em maior qualidade e eficiência operacional”, explicou. Além disso, a permanência dos profissionais fortalece a cultura cooperativista, baseada em propósito e colaboração. Diferente de uma empresa comum, o colaborador de uma cooperativa trabalha para gerar benefícios que também chegam à comunidade. 

Outro diferencial, segundo Pereira, é que os excedentes financeiros, conhecidos como sobras, retornam diretamente para os associados ou são reinvestidos em infraestrutura e serviços. “Todo processo fortalece a economia local, pois o dinheiro permanece retorna diretamente aos membros e aos negócios da região”, completou.

Ao olhar para o futuro, o Sistema OCB-GO aposta fortemente na inovação como eixo estratégico. A entidade criou o InovaCoop Goiás, hub pioneiro no Brasil, e participa do Pacto Goiás pela Inovação. “Estimulamos o surgimento de startups voltadas para resolver problemas específicos do cooperativismo”, ressaltou Pereira.

Para ele, a transformação digital, a sustentabilidade e os novos modelos de negócios serão determinantes nos próximos anos. “Investir em inovação é uma das nossas tarefas estratégicas para que as cooperativas possam competir com grandes empresas e garantir a sua sobrevivência em mercados cada vez mais dinâmicos”, concluiu.

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