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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Preocupação

Sobretaxa dos EUA mantém pressão nas exportações e preocupa agro em Goiás

Setor agropecuário avalia que Goiás pode perder espaço para países concorrentes caso barreiras não sejam revistas

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 18 de novembro de 2025
Sobretaxa
Divulgação/SIC

A redução da tarifa de 10% aplicada pelos Estados Unidos (EUA) a 238 produtos brasileiros trouxe algum alívio ao comércio exterior, mas não resolveu o principal entrave enfrentado pelo agronegócio: a manutenção da sobretaxa de 40% criada no fim de julho pelo governo Donald Trump. 

A medida beneficia diretamente 80 itens exportados pelo Brasil, porém mantém barreiras elevadas para setores estratégicos especialmente para Goiás, cuja economia depende fortemente das exportações de carne bovina, café e derivados do setor sucroenergético.

Apenas quatro produtos passaram a ter isenção total: três tipos de suco de laranja e a castanha-do-pará. Os outros 76 itens permanecem sujeitos à tarifa de 40%, entre eles cafés não torrados, cortes de carne bovina, frutas e hortaliças. Para Goiás, o impacto é direto: a carne e o açúcar orgânico estão entre os produtos mais afetados e compõem parte expressiva da pauta de exportação do Estado.

Impactos da sobretaxa para o agronegócio goiano

Segundo especialistas, o alívio tarifário oferecido pelos EUA tem efeito limitado. O gerente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Machado, afirma que a medida expõe mais uma vez a necessidade de o Brasil avançar em uma agenda bilateral mais robusta com os norte-americanos. 

Ele destaca que países concorrentes como Vietnã e Indonésia no caso do café ganharam competitividade, enquanto o Brasil permanece em desvantagem. “Os impactos se baseiam principalmente na continuidade da perda de competitividade do produto brasileiro frente aos principais concorrentes. Em Goiás, a cadeia da carne é a mais afetada por esse cenário. Por isso, acordos bilaterais são essenciais”, afirmou Machado.

O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Pedro Leonardo Rezende, reforça que a manutenção da tarifa de 40% traz preocupação imediata. Ele explica que o mercado norte-americano tem peso relevante para produtos goianos, especialmente carne bovina e açúcar orgânico. Com a permanência da sobretaxa, o risco é que outros países ocupem o espaço deixado pelo Brasil.

“A competitividade dos produtos goianos fica comprometida. O que esperamos é que essa política tarifária seja revista o quanto antes para que carne e açúcar orgânico continuem tendo no mercado americano um canal importante de comercialização”, destacou o secretário.

Pedro Leonardo também afirma que Goiás busca ampliar sua diplomacia comercial para reduzir a dependência dos EUA. A estratégia inclui aproximação com novos parceiros externos capazes de absorver o excedente que pode deixar de ser enviado ao país norte-americano.

Mesmo com o cenário adverso em realação as sobretaxa, tanto a Seapa quanto a Faeg acreditam que Goiás tem vantagens competitivas que ajudam a manter a presença internacional do Estado. Entre esses diferenciais estão o rigor sanitário reconhecido por organismos internacionais e o compromisso ambiental da produção agropecuária local — fatores que aumentam a confiança de compradores e abrem portas para novos mercados.

No entanto, entidades do setor produtivo ressaltam que a diplomacia brasileira precisa acelerar para eliminar as sobretaxas. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, avalia que a retirada da tarifa de 10% é apenas “um gesto positivo”, mas insuficiente. A instituição lembra que os 80 produtos beneficiados representam apenas 11% do total exportado aos EUA em 2024.

A situação é ainda mais crítica para produtos como o café. Embora a tarifa sobre o café brasileiro tenha caído de 50% para 40%, concorrentes como Colômbia e Vietnã tiveram reduções bem maiores — o que cria uma disputa desigual.

Apesar das dificuldades, o setor produtivo goiano demonstra otimismo. De acordo com a Seapa, a qualidade dos produtos do Estado, somada às garantias sanitárias e ambientais, permite buscar alternativas para mitigar perdas. Assim, a expansão para novos mercados surge como estratégia central até que o Brasil consiga reverter as sobretaxas.

Para Goiás, um acordo mais equilibrado, e a eliminação da sobretaxa é urgente e determinante para preservar a competitividade das cadeias produtivas que sustentam a economia do Estado.

Leia mais: Previsão do mercado aponta IPCA de 4,46% em 2025 após menor inflação de outubro em quase 30 anos

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