PT mantém indefinição e avalia se lançará Edward Madureira ao governo de Goiás em 2026
Segundo vereador mais votado de Goiânia, Edward Madureira surge como opção interna do PT, mas negociações com o PSB para apoiar José Eliton mantêm o cenário em aberto
Bruno Goulart
As conversas do PT de Goiás sobre a candidatura ao governo do Estado em 2026 avançam, mas continuam sem definição. Entre os nomes cogitados, o do vereador por Goiânia Edward Madureira (PT), segundo mais votado da capital, ganhou força, especialmente após declaração da deputada federal Adriana Accorsi, presidente estadual do partido, no último sábado (29). No entanto, paralelamente, seguem em curso as tratativas com o PSB, sigla do vice-presidente Geraldo Alckmin, para apoiar a possível candidatura do ex-governador José Eliton, que comandou Goiás por oito meses após a saída de Marconi Perillo, em 2014.
Além disso, nomes como o de Gilvane Felipe, ex-presidente do Cidadania em Goiás e atual superintendente do Iphan no Estado, também surgem nos bastidores como opção no campo progressista, embora sem qualquer articulação formal.
Em nota divulgada no último sábado (29), Adriana Accorsi afirmou que Edward reúne “capacidades de grande gestor, olhar humano, compromisso democrático e firmeza ética”. Disse ainda que o nome empolga a militância e que as conversas dentro da federação e com outros partidos têm avançado de forma inédita. Segundo ela, o PT pretende fechar as primeiras definições até o fim do ano e trabalha unido para construir uma campanha capaz de fortalecer Lula em Goiás. Para a deputada, o foco principal é reeleger o presidente no primeiro turno, num cenário em que pesquisas mostram crescimento de Lula até mesmo em um estado historicamente difícil para o petismo.
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Enquanto isso, Edward Madureira, em entrevista ao O HOJE, afirmou que também foi surpreendido pela repercussão de seu nome. Ele confirmou que há diálogo em andamento com José Eliton, mas preferiu não comentar a possibilidade de ser candidato. Disse que é pré-candidato a deputado federal, mas que se colocará à disposição do partido para o governo caso necessário. Para ele, é natural que novos nomes apareçam quando o partido possui competitividade. Edward afirmou ainda que as discussões devem se intensificar e chegar a um desfecho até o início de janeiro, apesar do ritmo mais lento imposto pelas festas de fim de ano.
Por outro lado, Gilvane Felipe esclareceu à reportagem que seu nome foi apenas cogitado e que não há qualquer negociação entre o PT e o Cidadania. Ele explicou que está afastado da militância porque a direção estadual do Cidadania é alinhada ao presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), aliado do governo Caiado. Gilvane afirmou que, embora tenha sido lembrado como possível candidato por uma frente de esquerda e centro-esquerda, não existe definição de legenda e que certamente não concorreria pelo Cidadania.
Mensagem confusa do PT
Nesse contexto, a análise do mestre em História e especialista em políticas públicas, Tiago Zancopé aponta para uma mensagem considerada “confusa” enviada pelo PT ao público e aos aliados. Segundo ele, ao afirmar que Edward está preparado para ser candidato, o partido passa a impressão de que tem um “reserva” caso o titular — possivelmente José Eliton — não siga na disputa. Zancopé questiona ainda a baixa capilaridade de Edward fora da região metropolitana e alerta que a postura pode afetar a confiança de partidos aliados. Para o analista, a sinalização pode ser interpretada como disposição do PT de ter candidatura própria apenas para garantir um palanque mínimo para Lula, o que deixaria dúvidas sobre a real competitividade da estratégia.