O comércio eletrônico brasileiro encerrou a Black Friday de 2025 com faturamento de R$ 4,76 bilhões, segundo dados da Confi Neotrust, empresa de inteligência que acompanha as operações digitais no país. O resultado representa aumento de 11,2% em comparação com 2024, quando as vendas atingiram R$ 4,27 bilhões. O desempenho reforça o papel da data como um dos principais motores de receita do varejo digital e demonstra continuidade no crescimento mesmo em um cenário de maior planejamento financeiro dos consumidores.

Alta no número de pedidos impulsiona o faturamento

O volume de pedidos finalizados aumentou de forma significativa. Em 2025, os consumidores concluíram 8,69 milhões de compras, alta de 28% ante 2024, quando foram registrados 6,74 milhões de pedidos. Mesmo com esse avanço, o tíquete médio apresentou recuo de 12,8%, passando de R$ 634,40 no ano passado para R$ 553,60 neste ano. A combinação de mais pedidos com tíquete menor indica a presença de consumidores mais cautelosos, mas ainda dispostos a realizar compras relevantes durante o evento.

Segundo analistas do setor, o comportamento reflete um processo de amadurecimento do varejo digital brasileiro. A ampliação das ofertas ao longo de novembro mudou a dinâmica tradicional da data, e o consumidor passou a distribuir gastos entre diferentes períodos promocionais.

Categorias que lideraram as vendas na Black

As TVs lideraram o faturamento entre as categorias, com R$ 443,2 milhões, seguidas pelos smartphones, que somaram R$ 388,7 milhões. Geladeiras e refrigeradores registraram R$ 273,2 milhões. O ranking dos produtos mais vendidos por valor movimentado colocou na primeira posição o ar-condicionado split de 12 mil BTUs. Em seguida, apareceram o iPhone 16 de 128 GB e uma TV de 70 polegadas da Samsung.

Esses resultados confirmam a relevância dos eletrônicos e eletrodomésticos de grande porte na composição do faturamento da Black Friday, categoria que costuma concentrar a maior parte da chamada “compra de desejo” e que historicamente responde por parcela expressiva da receita dos varejistas digitais.

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Comparação com anos anteriores

Na série histórica recente, o resultado de 2025 fica atrás apenas do desempenho observado em 2021, quando o e-commerce registrou R$ 5,13 bilhões. Naquele ano, o isolamento social ampliou a dependência das compras online e elevou o volume de vendas a um patamar atípico. Depois desse pico, o setor passou por um processo de ajuste, acompanhado pela retomada das lojas físicas e pela reorganização dos estoques.

A Black Friday de 2025 marca, segundo especialistas, uma retomada consistente. O crescimento de dois dígitos na comparação anual indica que o e-commerce segue expandindo sua base de consumidores e que novas estratégias de venda — como ofertas antecipadas, merchandising cruzado e forte atuação de marketplaces — contribuíram para ampliar o alcance da data.

Consumo distribuído ao longo do mês

Para o head de negócios da Confi Neotrust, Léo Homrich Bicalho, a antecipação das compras influenciou diretamente o resultado. “A estratégia de concentrar ofertas ao longo de novembro permitiu ao consumidor planejar o orçamento. Ele destinou parte dos gastos a itens de recorrência nos dias anteriores e reservou a sexta-feira para produtos de maior valor agregado”, afirmou. Bicalho destacou que a dinâmica deste ano confirma uma mudança estrutural no comportamento de compra. “Se 2021 foi um pico anômalo resultado do isolamento, 2025 consolida um novo marco de estabilidade. O setor registra sua semana mais forte na série recente”, avaliou.

Mudanças no comportamento do consumidor

Relatórios de consultorias que monitoram o varejo apontam que categorias como moda, cosméticos e pequenas utilidades têm concentrado o movimento da chamada “pré-Black Friday”, enquanto itens de maior valor continuam concentrando as compras na data principal. Esse comportamento reduz a pressão sobre os sistemas logísticos e distribui melhor o fluxo de pedidos, o que também contribui para o crescimento do volume total registrado.

A análise da Confi Neotrust considera o período de vendas das 0h às 23h59 de 28 de novembro de 2025 e compara os dados com os de 29 de novembro de 2024, dia da Black Friday no ano anterior. Para o setor, os resultados demonstram que a data segue relevante para o e-commerce e tende a manter crescimento progressivo nos próximos anos.