“Importações” de criptomoedas pioram contas externas neste ano
A troca da propriedade de cripoativos de estrangeiros para pessoas residentes no País, operação classificada como “importação” de bens pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e adotada pelo Banco Central (BC), experimentou um salto de 120,2% no acumulado ao longo dos primeiros quatro meses deste ano em relação a igual período do ano passado. Esse tipo […]
A troca da propriedade de cripoativos de estrangeiros para pessoas residentes no País, operação classificada como “importação” de bens pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e adotada pelo Banco Central (BC), experimentou um salto de 120,2% no acumulado ao longo dos primeiros quatro meses deste ano em relação a igual período do ano passado. Esse tipo de negócio consumiu US$ 6,420 bilhões entre janeiro e abril deste ano, o que se compara com US$ 2,915 bilhões nos mesmos quatro meses do ano passado, num gasto adicional para o País de US$ 3,505 bilhões, o que afetou negativamente o resultado da conta de transações correntes no quadrimestre.
Antes de entrar em considerações mais detalhadas sobre o desempenho dessa conta, vale um destaque a parte nas estatísticas apresentadas pelo BC recentemente. Enquanto a grande mídia corporativa dispendia esforços para “demonstrar” uma fuga de dólares das Bolsas como consequência de suposto excesso de intervenção do Estado em sua principal empresa e do cenário fiscal, torpedeado pelo catastrofismo usual, os números oficiais mostram uma retomada do investimento estrangeiro no País, com alta acumulada de 12,9% no primeiro quadrimestre, resultado da entrada de US$ 27,211 bilhões para financiar a expansão e consolidação de negócios aqui dentro, diante de US$ 24,103 bilhões no mesmo intervalo de 2023.
Em 12 meses, o fluxo de investimento diretos no País aumentou 11,6%, atingindo quase US$ 67,338 bilhões, em torno de US$ 6,977 bilhões a mais do que os valores acumulados em 12 meses até outubro do ano passado, quando o investimento havia somado US$ 60,360 bilhões. Os valores investidos diretamente na economia, além de desmontarem a retórica de certo tipo de oposição, foram 90,9% maiores do que o déficit acumulado em transações correntes, que se aproximou de US$ 35,271 bilhões nos 12 meses encerrados em abril deste ano.
Efeitos da especulação
Embora as operações com moedas e ativos virtuais não gerem um único parafuso, com efeito quase nulo sobre o lado real da economia, e tenha respondido por pouco mais de 7,0% do valor total importado pelo Brasil, o acréscimo nas compras de criptoativos gerados lá fora foi responsável por 60,72% do avanço das importações consideradas pelo BC ao aferir o desempenho das transações correntes dentro do balanço de pagamentos,. Para comparação, as importações totais lançadas na conta de transações correntes, que resume das relações do País com o resto do mundo, avançaram de US$ 85,702 bilhões para US$ 91,474 bilhões, em alta de 6,73% e acréscimo de US$ 5,772 bilhões. As compras externas incluídas na balança comercial, como tradicionalmente divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), apresentaram incremento de apenas 2,16%, saindo de US$ 79,399 bilhões para US$ 81,114 bilhões, quer dizer, em torno de 11,3% a menos do que os valores considerados pelo BC ao calcular os resultados das contas externas em seu conceito mais amplo. Ainda na contabilidade do Mdic, as exportações brasileiras apresentaram variação de 5,72%, saindo de US$ 102,961 bilhões para US$ 108,849 bilhões. No cálculo do BC, que contempla outros ajustes, as exportações evoluíram de US$ 105,488 bilhões para US$ 110,434 bilhões, anotando incremento de 4,70% no período analisado.
Balanço