Morar de aluguel em Goiânia está 8,87% mais caro

Alta do IGP-M fez com que pessoas buscassem renegociar os valores para continuar nos imóveis | Foto: Reprodução

Postado em: 18-05-2021 às 08h23
Por: João Paulo
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Alta do IGP-M fez com que pessoas buscassem renegociar os valores para continuar nos imóveis | Foto: Reprodução

O preço dos aluguéis em Goiânia atingiu um alto patamar em 2020. A Capital fechou com alta de 8,87%, segundo o índice FipeZap. Apesar disso, Goiânia configurou como uma das capitais com o menor valor de locação residencial. Em todo o País, o índice atingiu alta de 2,48% e ficou abaixo do Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), que registrou 4,52% e pelo IGP-M, que atingiu 23,14%.

A gerente comercial da Desenrola, Priscilla Leão, destaca que dois fatores pesaram para a alta do aluguel em Goiás: o índice do IGP-M e a grande demanda que ocorreu na época da pandemia. O IGP-M, ou o também chamado ‘inflação de aluguel’ é o indexador onde a maioria dos contratos de aluguéis se baseia para o reajuste.

“No ano passado, o IGP-M ficou na casa dos 20%, o que é um aumento considerável. Além disso, houve uma demanda muito grande de pessoas que quiseram mudar das casas que estavam para lugares maiores. A gente notou que houve muitas negociações em aluguéis e até mesmo desocupações de empresas que fecharam ou migraram para o home office. Isso acabou causando uma oferta maior de pontos [comerciais]”, destaca Priscilla.

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Os imóveis residenciais, segundo ela, foram os que mais tiveram procura na plataforma que aglutina vários modelos e, sem a necessidade de fiador, a pessoa faz o aluguel do local. “Durante a pandemia, 80% das procuras eram por residenciais e 20% eram comerciais. A demanda sempre era vista de pessoas que buscavam passar de um lugar de um quarto para dois, de dois para três. E muitas casas. Praticamente 100% das nossas propriedades residenciais foram alugadas”, conta.

Priscilla afirma que, atualmente, há 500 imóveis para serem alugados na plataforma. Deste total, 70% eram de casas ou apartamentos e 30% eram de imóveis comerciais. Segundo ela, a procura continua grande na plataforma e a quantidade presente já não é suficiente. “A oferta está muito maior que a demanda e isso impacta no valor. Pois a gente não consegue atender toda a demanda de aluguel. O cliente poderia fazer um tour de 360 sem precisar sair de casa para ir até o outro ”, destaca.

Quando o assunto é área comercial, Priscila afirma que deu uma diminuída na locação desses espaços, mas que a plataforma sempre conseguiu fechar negócios. “Estamos desde março com os estoques zerados e já sentimos que o estoque está bem inferior que a demanda. E isso acaba estagnando e dificultando o fechamento de novos contratos”, afirma.

Mudanças

O servidor público federal, André Mendes, de 47 anos, foi uma das pessoas que foram impactadas com a alta do IGP-M. Ele pagava pouco mais de R$ 2,7 mil na locação de um apartamento localizado no Setor Oeste e, após receber um email da imobiliária, foi noticiado que o aluguel iria sofrer aumento de 20%.

“Eu achei bem apertado esse aumento. O reajuste já estava registrado no contrato, mas eu achei o valor do índice IGP-M bem acima da nossa realidade. Com isso, ao invés do IGP-M, eu fiz uma contraproposta para que o aumento do aluguel ocorresse sobre o valor do IPCA, que estava em 4,5%, que se encaixava dentro da atual realidade”, pontua.

André relata que a renegociação aconteceu toda por e-mail. “Após enviar a minha proposta, pouco tempo depois a imobiliária entrou em contato com a locatária e eles aceitaram minha proposta. Eu considero que foi um diálogo bem sucedido”, reforça, lembrando que, com isso, ele conseguiu que o aumento fosse de cerca de R$ 100.

O servidor público está há dois anos em Goiânia, mas viveu 20 anos na Capital Federal. Ele explica um pouco sobre as diferenças de preços nas duas cidades. “No Plano Piloto, os preços são mais altos devido ao tamanho. Quando vamos para regiões do entorno como Guará e Águas Claras, é possível encontrar locais com preços mais comparativos”, pontua.

André reforça que, se a proposta não tivesse sido aceita, provavelmente, estaria procurando outro apartamento. “Tem que haver um equilíbrio. Quem mora em apartamento, sabe que não é só o aluguel, tem o condomínio também. Aqui também é um residencial com poucos apartamentos e isso torna o condomínio mais caro. Essa situação me ajudou muito”, reforça. 

O servidor afirma que o locador não pode ter medo do diálogo com o locatário.“A gente sabe o que está disposto nas cláusulas contratuais e algumas questões não abrem brechas para uma negociação nesse sentido. Por isso, é importante o diálogo e bom senso. No meu caso, eu apresentei um bom argumento já que essa quantidade era inviável para mim. Sempre é bom a gente ser ouvido”, finaliza.

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