Pandemia faz disparar demanda por UTI aérea em Goiás

Em 2020, só uma empresa transportou 986 pacientes. Até abril, foram mil pacientes transportados.

Postado em: 24-05-2021 às 08h22
Por: João Paulo
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Em 2020, só uma empresa transportou 986 pacientes. Até abril, foram mil pacientes transportados | Foto: Reprodução

A segunda onda da Covid-19 fez o número de contratação de voos aeromédicos dobrar em Goiás. De acordo com dados de uma empresa do segmento, as viagens realizadas nos primeiros quatro meses de 2021 já superam a de todo 2020. O principal destino saindo de Goiás é São Paulo e são direcionados para o Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Sírio Libanês.

O solo goiano, em contrapartida, é o destino mais procurado por pacientes do Mato Grosso, Tocantins, Bahia e Pará. A unidade de atendimento especializado mais buscado é o Hospital Órion, que faz parte do grupo do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ainda de acordo com a Brasil Vida Táxi Aéreo, em todo 2020, 986 pacientes infectados com o novo coronavírus foram transportados pela unidade de atendimento especializado. De janeiro até abril, já foram mil pacientes transportados com a doença. O número pode ser maior até o momento já que estamos em maio e os dados ainda não foram fechados e contabilizados pela empresa.

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O mês de dezembro do ano passado foi considerado o mês com a maior demanda na primeira fase da pandemia com 55% de toda operação dedicada à pacientes infectados com o novo coronavírus. Os dois primeiros meses de 2021 marcaram a média de seis voos diários realizados. Porém, em março, a quantidade disparou: 304 pacientes necessitaram de voos aeromédicos nas seis bases operacionais que estão distribuídas em todo o País.

A situação do Sete Táxi Aéreo não é diferente. O número de pacientes também dobrou em relação a 2020, sendo 90% do total de pessoas infectadas com a Covid-19. “Não se trata de números, mas de pessoas que saem de sua cidade natal, ou até mesmo do estado que vivem, para lutar pela vida. Em muitos casos, se trata da última chance de recuperação. Nos dedicamos, desde o princípio da pandemia, em estabelecer protocolos de segurança e expandir a capacidade de atendimento para acolher e cuidar destas pessoas”, afirma o Phelipe Augusto, Piloto-Chefe da Brasil Vida Táxi Aéreo.

Destinos

Goiânia foi a cidade onde mais se partiram voos aeromédicos e a maioria foi para São Paulo. Apenas um deles foi para o Rio de Janeiro e outro para Araguaína (TO). Rio Verde foi a segunda cidade com mais partidas e a maioria dos voos também foram para a capital paulista. Um deles teve como destino final Belo Horizonte (MG). Ceres e Mineiros foram outras cidades goianas que necessitaram de atendimento aéreo.

Já Goiânia foi o destino final de pacientes de Manaus (AM), Luis Eduardo Magalhães (BA), Carolina (MA), Juina (MT), Porto Alegre do Norte (MT), Água Boa (MT), Tucurui (PA), Canaã dos Carajás (PA), Altmira (PA), Teresina (PI), Palmas (TO) e Gurupi (TO).

Mais serviços

Além da UTI aérea, outro serviço mais utilizado é o da Membrana de Oxigenação Extracorpórea, a popular ECMO. A máquina é um serviço que funciona como um pulmão artificial e ajuda a levar oxigênio ao órgão e, se necessário, ao coração. Segundo a Brasil Vida Táxi Aéreo, a média de voos com o suporte da máquina era de até quatro, antes da pandemia. Agora, esse número saltou para 23 pacientes em todo o país.

O serviço custo, em média, R$ 40 mil, mas pode ultrapassar R$ 100 mil dependendo das necessidades do paciente e do trajeto que será percorrida. Nas condições normais, médicos e enfermeiros intensivistas fazem o acompanhamento durante o voo, mas, em situações mais complexas, pode haver adaptação da equipe médica, inclusive para a utilização da ECMO.

“Logo no primeiro contato, precisamos saber o quadro dos pacientes para saber se ele está apto ou não ao transporte. É preciso, então, configurar a aeronave de acordo com a necessidade, com equipamentos, medicamentos e equipe. Também é necessário que haja vaga reservada no hospital de destino”, destaca o gerente de fretamento, Frederico Auad.

O gerente explica que nem todos os serviços são custeados de maneira particular. No atual momento, 65% dos atendimentos da empresa são referentes a contratos que foram firmados com as Secretarias de Estado de Saúde para atender os pacientes do SUS. Isso acontece através do programa Tratamento Fora do Domicílio. Os demais 35% envolvem planos de saúde privados, seguro-viagem e até mesmo colaboradores de altos cargos das empresas.

Sanitização e preparo

A Brasil Vida destaca que a sanitização dessas aeronaves é algo bem rigoroso. Além disso, os profissionais fazem uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs), dentre eles o macacão impermeável, óculos faceshield, máscara própria, luvas de procedimento dupla e botas especiais. Esses protocolos são baseados nos impostos pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (MS).

 Além disso, tanto a equipe médica quanto a tripulação passam periodicamente por cursos de atualização, como Introdução à Medicina Aeroespacial, Fisiologia de Voo, Intervenções de Bordo e Emergências Gerais, entre outros. A empresa também atende a todas as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), da Agência Nacional de Saúde (ANS), dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e dos Conselhos Regionais de Enfermagem (CORENs).

Demanda por UTI aérea subiu no fim do ano

Em dezembro de 2020, O Hoje mostrou que, depois de três meses em queda acentuada nas operações dedicadas ao transporte aeromédico de pacientes com Covid-19, a Brasil Vida Táxi Aéreo identificou novo salto nas contratações de UTI aérea para enfermos com este diagnóstico. De outubro para novembro, houve aumento de 33% no volume de voos com pacientes infectados com o novo coronavírus. Julho ainda se mantém como o mês recorde nas operações deste tipo. Os meses seguintes tiveram recuo considerável.

Os destinos são, geralmente, hospitais especializados nas principais capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. Levantamento da empresa goiana destaca que julho foi o mês de maior demanda, com 49,69% de toda operação dedicada a pacientes com Covid-19. Em novembro, um terço das missões foi com diagnóstico positivo para o novo coronavírus.

Em março de 2020, quando a doença começou a se espalhar, a empresa transportou 11 pacientes com diagnóstico positivo para a doença, o que representou apenas 8% dos voos realizados. Entre o final de março e início de abril realizou cinco operações de repatriação no Chile, quando um cruzeiro de luxo precisou ser quarentenado em Puerto Montt. “Foram missões intensas, densas e cautelosas, que escancaram o extremo profissionalismo de toda a equipe. A honra por estarmos à frente, prestando um serviço essencial à sociedade e levando tranquilidade ao paciente e acompanhante nos enche de força, de gratidão e de certeza da nossa trajetória”, explicou o Coordenador Aeromédico da Brasil Ramon Mesquita à época.

A partir de maio, as missões com pacientes infectados com a doença seguiram tendência de crescimento, partindo de 136 voos no mês citado para 158 em julho. Para atender a demanda, a empresa envolveu as seis bases operacionais nos estados de Goiás, São Paulo, Bahia, Tocantins e Pará, que sedia unidades da empresa em Belém e Santarém. “Foram várias aeronaves e equipes envolvidas no processo. Sem dúvida, realizamos uma operação de altíssima complexidade, marcando a história do transporte aeromédico no mundo”, explica a gerente de logística de Voo, Dóris Pontes.

Apesar de o volume de voos mostrar redução a partir de agosto, a empresa segue atenta ao ritmo da doença no Brasil e nos países da Europa. “Nosso desejo é que o mundo fique livre desta doença que trouxe dor a milhares de famílias brasileiras e a outras mundo afora. Nessa época de incertezas, assumimos a missão de contribuir com o nosso trabalho, levando esperança aos lugares mais remotos do nosso país. Esta é a nossa essência e vamos continuar sempre prontos para salvar quantas vidas nós pudermos”, enfatiza o Diretor Arédio Júnior. (Especial para O Hoje)

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