Ainda tímidas, empresas apostam na diversidade

Fran e Lorena trabalham em um supermercado

Postado em: 28-06-2021 às 08h19
Por: Maiara Dal Bosco
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Fran e Lorena trabalham em um supermercado | Foto: Reprodução

Muitos ainda são os obstáculos que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta, inclusive no mercado de trabalho, já que, segundo levantamento Demitindo Preconceitos, da consultoria Santo Caos, 38% das empresas afirmam que não contratariam pessoas LGBTI+ e 61% dos funcionários LGBT no Brasil escolhem esconder de colegas e gestores a própria sexualidade.

Para o Especialista em Direito do Trabalho e professor de direito do Centro Universitário de Brasília, Ricardo Vicente, a contratação de pessoas LGBTQIA+ é importante para diversificar o ambiente de trabalho e assim não dar continuidade a uma percepção de existência de apenas da heterossexualidade. “Além da empresa não ser homofóbica ela tem que ser anti-homofobia. Ou seja, não se pode ficar apenas no discurso, mas também nas ações”, explica. 

Inclusão

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Na contramão da maioria das empresas, existem corporações que estimula e valorizam a diversidade dentro do ambiente coorporativo. “Construí uma família no ambiente de trabalho” “Estou aguardando uma promoção.” Essas são, respectivamente, frases de José Francelino Júnior, o Fran, de 35 anos e de Lorena Brito Naves, 29 anos. Ambos são colaboradores do Bretas, em Goiânia. O encarregado de frios, Fran, conta que assumiu ser homossexual para a família aos 17 anos. Fran veio do interior do Estado em busca de novas oportunidades. Ele conquistou o primeiro emprego, há quase 11 anos, no supermercado e começou como repositor de frios. Hoje, lidera uma equipe de quatro profissionais. “Fui recebido com amor. Hoje tenho uma família aqui. Minha a orientação sexual nunca atrapalhou o meu crescimento profissional”, pontua.

Já Lorena se destaca na função de operadora de caixa e aguarda, em breve, uma promoção. “Inspiro-me em outras mulheres. No trabalho faço meu melhor e me dedico completamente”, pontua. A estudante de enfermagem está em processo de transexualização. As prioridades atuais são retirar o pomo-de-adão e colocar próteses mamárias. Ela trabalha na rede de supermercados há quase três anos e revela que sempre foi tratada com muito respeito pelos colegas e também pelos clientes. “Fiquei receosa quando fui chamada para a entrevista de emprego em 2019. O meu medo caiu quando as recrutadoras me questionaram se eu ia conseguir prosseguir meus estudos e trabalhar”, conta. A Cencosud Brasil – grupo ao qual pertence o Bretas- possui uma política da Diversidade e Inclusão e conta com um canal direto de denúncias.

Diversidade

Bruno Leite, 29 anos, formado em engenharia química, se encontrou em um dilema quando precisou definir sua saída do armário no ambiente profissional. “Há alguns anos não era comum ouvir falar sobre esse assunto e quando fui procurar emprego não sabia se deveria expor minha sexualidade, se isso poderia ser um empecilho. Tinha receio do que poderia enfrentar”, conta Bruno. “Em uma das minhas primeiras experiências profissionais era tudo velado e me omiti em inúmeras situações, enfrentando preconceitos, piadinhas e comentários homofóbicos. Cheguei a ouvir pelo corredor a conversa de um líder que contava não ter contratado um candidato, porque era gay. Foi quando percebi que não queria trabalhar em um local que não tivesse a promoção de diversidade e inclusão, pois essa era uma barreira para o meu progresso e para alcançar o meu máximo potencial. Queria ser eu mesmo”, afirma.Há dois anos Bruno ingressou na Roche Farma Brasil, com foco no desenvolvimento e gerenciamento de projetos na área de Inovação, e lá conheceu o OPEN (Out ProudandEqual Network), frente de diversidade LGBTQIA+ que existe globalmente. A iniciativa foi criada para promover um ambiente de trabalho inclusivo para toda a comunidade LGBTQIA+, incentivando todos os colaboradores na promoção dos direitos e combate contra toda forma de preconceito e discriminação. Hoje ele atua como analista sênior de Inovação na Roche Farma Brasil e é líder da frente de Diversidade & Inclusão LGBTQIA+ na companhia. (Especial para O Hoje)

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