Justiça Militar recebe denúncia contra 6 policiais acusados de sequestrar e torturar família de Goiânia

Foram denunciados um sargento, dois cabos e três soldados. Todos estão atualmente recolhidos no Batalhão Anhanguera

Postado em: 09-03-2023 às 08h54
Por: Ícaro Gonçalves
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Foram denunciados um sargento, dois cabos e três soldados. Todos estão atualmente recolhidos no Batalhão Anhanguera | Foto: Divulgação/MPGO

A Justiça Militar promoveu na tarde de quarta-feira (8/3) uma audiência de qualificação dos seis policiais militares envolvidos em caso de tortura ocorrido em janeiro deste ano, em Goiânia. A audiência ocorreu após o Ministério Público de Goiás (MPGO) oferecer denúncia contra os policiais militares envolvidos.

Foram denunciados pela 84ª Promotoria de Justiça de Goiânia e pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do MPGO um sargento, dois cabos e três soldados. Todos estão atualmente recolhidos no Batalhão Anhanguera.

Os crimes envolvem sequestro ou cárcere privado e extorsão, tortura confissão, associação criminosa com causa de aumento de pena, tráfico de drogas, inovação artificiosa e falsidade ideológica e falso testemunho ou falsa perícia.

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Entenda o caso

Em depoimento ao MPGO, a vítima narrou que, no dia 7 de janeiro deste ano, por volta das 20 horas, conduzia seu carro, acompanhada por seu companheiro e um casal de amigos, com filho pequeno, quando houve a abordagem. Segundo relatou, durante o deslocamento, nas imediações de um supermercado, seu automóvel foi abordado por um carro descaracterizado, de cor branca, cujos ocupantes desembarcaram e se identificaram como policiais militares.

A vítima informou que, posteriormente, chegou no local um outro veículo, também descaracterizado e ocupado por outros homens, os quais, igualmente, se identificaram como policiais militares, não estando nenhum deles fardados.

O relato da mulher é de que, durante a abordagem, os policiais exigiram a entrega de uma quantia em dinheiro (R$ 50 mil) e uma determinada quantidade de crack. Quando ela respondeu que não possuía esses itens, os policiais, mesmo sem nenhum indício da existência de crime, a retiveram e a levaram, junto com todos os demais ocupantes do carro, a um posto de combustível.

A mulher foi conduzida na “gaiola” da viatura caracterizada. Os demais foram levados nas viaturas descaracterizadas e o veículo da vítima foi conduzido por um dos policiais militares sem farda e deixado na área do posto.

Tortura e ameaças

Em seguida, todos foram levados para uma área isolada no Bairro Boa Vista, no final da Avenida Goiás Norte, onde os veículos entraram em uma estrada de terra e se dirigiram até uma clareira, localizada em uma área de mata fechada. Lá, a vítima relata que foi separada do grupo e submetida a agressões e tortura.

Por volta das 21h30 todos deixaram a área de mata e deram mais algumas voltas pela cidade, retornando ao posto de combustíveis. No entanto, o companheiro da vítima permaneceu retido na viatura caracterizada, até ser levado ao estacionamento de um estabelecimento comercial.

No local, forjaram um flagrante e o conduziram à Central de Flagrantes, sob o pretexto de que teria sido regularmente capturado e preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas. No Registro de Atendimento Integrado (RAI) da ocorrência, os policiais inseriram declarações falsas dando conta que o companheiro da vítima teria sido abordado sozinho, por volta das 23 horas, após suspeição, e com ela localizadas as drogas e demais petrechos. No entanto, tal versão demonstrou ser falsa, tendo em vista o extrato de georreferenciamento da viatura.

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