Monumentos goianos são esquecidos em praças e parques da capital

Sem manutenção periódica patrimônios públicos deterioram e perdem referência cultural

Postado em: 14-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Sem manutenção periódica patrimônios públicos deterioram e perdem referência cultural

Denise Soares

Símbolos da história da capital e do Estado, monumentos instalados em praças e parques de Goiânia são esquecidos pela administração municipal e estadual. Depredações e atos de vandalismos corroboram para deterioração e enfraquecimento da referência cultural de cada obra artística e da memória da população. Confeccionadas em mármore, granito, ferro, argila e concreto, as estátuas e bustos retratam a história de significativas personalidades e da população goianiense e goiana, bem como as expressões artísticas de grandes nomes da cultura local.

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A Praça Honestino Guimarães, mais conhecida como Praça Universitária, é um dos exemplos de abandono e vandalismo. Mesmo após a repercussão do furto de dois dos cinco dedos da escultura de bronze Os Dedos de Deus do artista Hélio Miranda, em 2016, a praça continua sem a devida manutenção e guarda. Além desta, a obra Carismáticos da artista Narcisa Cordeiro e outras das 26 esculturas e dos dois painéis do museu a céu aberto do espaço estão sujas, com marcas de deterioração causadas pelo tempo e pichações.

Falta de higienização e marcas de vandalismo também são encontradas no busto do Almirante Tamandaré e nas placas de concreto que compõem sua arquitetura. O busto está localizado na praça homônima, também conhecida como Praça Tamandaré. O local foi revitalizado em 2004.

Há poucos metros de distância estão outros dois monumentos que também sofrem com a falta de manutenção periódica e atos de vandalismo. Um deles é o Monumento aos Mortos e Desaparecidos na Luta Contra a Ditadura Militar, localizado na Avenida Assis Chateaubriand com a Avenida Gercina Borges (antiga 26), em frente ao Bosque dos Buritis. O outro é o Monumento à Paz Mundial, de autoria do artista plástico Siron Franco, localizado no interior do Bosque, no Setor Oeste. A falta de manutenção também atinge outras estruturas do local. Para apreciar o lago mais de perto os visitantes devem ter cuidado ao se aproximar, já que várias tábuas da ponte estão soltas.

Recordista de depredações, o Monumento ao Bandeirante, situado na Praça Atílio Corrêa Lima, popularmente conhecida como Praça do Bandeirante, está pichado mais uma vez. Nem o Monumento às Três Raças e a estátua equestre de Pedro Ludovico, reparados em 2016, juntamente com as obras de requalificação da Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira ou simplesmente Praça Cívica, escaparam da ação dos vândalos. Escadaria, bases, e estátuas estão pichadas e com excessos de publicidade afixados.

Valor cultural

Na correria do dia a dia e agitação de uma cidade como a capital de Goiás, estes monumentos passam despercebidos. Algumas pessoas nem sabem o significado que cada obra ou espaço contém. Para o médico Rui da Paixão Souza, 76 anos, filho de um dos pioneiros da cidade, falta uma política cultural efetiva para reocupação dos espaços públicos. “90% da população desconhece a história de Goiânia e seus marcos. Falta cuidado e reocupação social. Obras de revitalização não são suficientes para ressignificar os espaços culturais. Quem já esteve fora do país sabe o valor de uma praça aconchegante”, destaca.

O médico ressalta ainda que os lugares destinados ao lazer e convívio social não deveriam ser utilizados para abrigar feiras e demais comércios informais, como ocorre nas Praças Tamandaré e do Sol durante os finais de semana. “Eu entendo que é preciso assistir toda a população e suas necessidades. Mas esses espaços não são próprios para isso. As feiras deviam ocorrer em um lugar próprio, assim como a lavagem de carros.”

Para o servidor público Cleomar Gonçalves Nascimento, 60 anos, a insegurança é outro grande problema que impede que a população frequente mais os parques e praças de Goiânia. “Falta segurança. Precisamos estar sempre alerta, não dá para aproveitar os momentos de lazer tranquilamente. A população vai onde tem segurança, em Goiânia essa opção é restrita ou quase nula.”

O Hoje procurou as assessorias de comunicação da Prefeitura de Goiânia e da Secretaria de Municipal de Cultura (Secult), mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. 

Prédio público abandonado serve como ponto de venda de drogas 

Abandonado, à mercê do tempo, abrigo de pessoas em situação de rua e ponto de uso e venda de drogas. Este é o retrato da antiga Chefatura de Polícia, hoje, sob responsabilidade da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce), localizado na Praça Cívica, em Goiânia.

O edifício integra o Acervo Arquitetônico e Urbanístico Art Déco de Goiânia e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A assessoria de comunicação do órgão informou que o reconhecimento do patrimônio público não tira a responsabilidade do proprietário, neste caso o Estado, e que há um projeto que prevê a restauração e a requalificação dos sete prédios históricos, em art déco, que integram o conjunto arquitetônico da praça.

Este projeto é o “Circuito Cultural da Praça Cívica”. Lançado em 2016, ele será executado pelo Iphan, por meio do PAC Cidades Históricas. Concebido nos moldes dos museus da Língua Portuguesa e Museu do Futebol, em São Paulo, e do Museu das Minas e Metais, em Belo Horizonte, o programa transformará o prédio em museu da Cidade. Até agora nada foi feito. Por telefone, a assessoria de comunicação da Seduce falou sobre um possível processo de licitação. Esta informação não foi confirmada. 

*Especial para o hoje

 

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