Saúde vai dobrar o número de tratamento de pacientes com Hepatite B

Novo protocolo antecipa medicação e deve expandir o acesso ao tratamento para 100 mil pessoas

Postado em: 20-07-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Saúde vai dobrar o número de tratamento de pacientes com Hepatite B
Essa e outras medidas de combate às hepatites devem levar a eliminação da doença até 2030 | Foto: Divulgação

O Ministério da Saúde (MS) vai ampliar e simplificar o diagnóstico e tratamento de hepatite B no Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa, com a adoção das novas diretrizes, é mais do que dobrar o número de pessoas em tratamento no Brasil. Atualmente, 41 mil pessoas têm acesso aos medicamentos e esse número pode chegar a 100 mil. As mudanças são baseadas em evidências científicas mais atuais e posicionam a política de combate à doença no Brasil como uma das mais avançadas do mundo. 

Essa é uma das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para o fortalecimento do combate às hepatites virais. A atual gestão atua também em ações de prevenção, principalmente com a vacinação contra hepatite A e B, e na expansão do acesso a diagnóstico e tratamento contra hepatite B e C. Com isso, a pasta espera que a eliminação dessas doenças como problema de saúde pública ocorra até 2030. 

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, nesta quarta-feira (19), reforçou a importância de qualificar cada vez mais a informação e ampliar o diagnóstico para as hepatites virais. “Nos últimos anos houve diminuição na prevenção, com redução de entrega de seringas, que são fundamentais nesse processo, mas nós retomamos essa ação e agora estamos trabalhando fortemente na prevenção das pessoas”, disse.

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Ao todo, incluindo as hepatites virais, o Brasil assumiu o compromisso de eliminar 14 doenças determinadas socialmente nos próximos sete anos. Em relação às hepatites B e C, a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% novas infecções e em 65% a mortalidade. 

No Brasil, estima-se que 520 mil pessoas tenham hepatite C, mas ainda sem diagnóstico e tratamento. Até 2022, cerca de 150 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas, tratadas e curadas da hepatite C. No caso da hepatite B, estima-se que quase 1 milhão de pessoas vivam com a doença no país e, destas, 700 mil ainda não foram diagnosticadas. Até 2022, 264 mil pacientes tinham sido diagnósticos com a doença e 41 mil estão em tratamento.

Entenda o novo protocolo

O novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hepatite B dispõe sobre recomendações para diagnóstico e tratamento da doença no SUS. Entre a principal mudança está a simplificação das indicações para início do tratamento. Antes, o critério continha mais variáveis, o que exigia a necessidade de avaliação de um especialista. Agora, o diagnóstico com teste de carga viral detectável para hepatite B avaliado em conjunto com a idade será suficiente para começar com a medicação de forma imediata. 

Outra novidade no PCDT que vai facilitar o acesso ao tratamento é a redução do critério laboratorial. Antes, os valores dos exames de enzimas do fígado tinham de estar duas vezes maiores que o normal. Agora a medicação será recomendada aos pacientes com 1,5 vezes acima do nível de referência. 

As simplificações vão aumentar o número de candidatos com indicação para tratamento e, dessa forma, garantir o acesso aos medicamentos logo após o diagnóstico laboratorial, quebrando a cadeia de transmissão e evitando casos graves e óbitos. O Ministério da Saúde estima chegar a 100 mil pacientes em tratamento nos próximos dois anos.

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