Número de crianças obesas preocupa autoridades da saúde em Goiás

O número de crianças de até 10 anos com excesso de peso aumentou 6,05%, de 2018 a 2021 no estado

Postado em: 26-07-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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O principal tratamento é o acompanhamento com o pediatra, intervindo na alimentação da criança e da família | Foto: Reprodução/Internet

O número de casos de obesidade infantil no estado de Goiás teve um aumento de 16,21%, de 2018 a 2021, segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Em 2022, a prevalência de obesidade infantil era de 10,21%, que representa 34.167 crianças. Quando comparados com 2021, houve uma sensível queda, já que a prevalência foi de 11,65%, mas os números ainda preocupam as autoridades da área da saúde. 

Em relação ao número de crianças de até 10 anos com excesso de peso, o aumento foi de 6,05%, de 2018 a 2021, segundo informou a Secretaria de Estado da Saúde (SES/GO), que monitora e atua no combate à obesidade infantil.

De acordo com a endocrinologista pediátrica, Tainara Emília, a obesidade infantil é uma condição complexa, causada por diversos fatores, tanto intrínsecos como alterações genéticas, alterações individuais, quanto fatores extrínsecos, que no caso são os fatores externos ou ambientais que podem contribuir para o surgimento da obesidade. “Se a gente puder destacar os principais pontos que levam a um quadro de obesidade infantil, pensando principalmente no ambiente externo, nas causas ambientais, nós temos uma alimentação, um desequilíbrio alimentar, um alto consumo de ultraprocessados e uma falta de gasto energético”, destaca a pediatra.

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Segundo ela, o excessivo de telas e o sedentarismo, que teve um aumento significante após a pandemia de covid-19, em que a população ficou a maior parte do tempo em isolamento social, também é um dos fatores que contribuem para o aumento na prevalência da obesidade. Nesse sentido, o pediatra e diretor técnico do Hospital da Criança e do Adolescente (Hecad), André Rosettio, alerta para as doenças emocionais. “As crianças sedentárias tendem a ser mais ansiosas, depressivas e, às vezes, têm sintomas semelhantes de déficit de atenção com hiperatividade”, alerta o pediatra. 

O diagnóstico de obesidade em crianças é diferente daquele feito em adultos, segundo André Rosetti. “A obesidade infantil é a condição em que a criança se encontra acima do seu peso, em relação a sua altura e idade, verificando se o peso está adequado ou não para aquela fase. Às vezes os pais pensam que a criança está apenas com sobrepeso, mas, na verdade, já está com obesidade”, explica.

O problema da obesidade infantil não se restringe apenas a esta fase da vida humana, mas, estas crianças podem ter predisposição a desenvolver na vida adulta algumas doenças como a diabetes precoce, colesterol alto e hipertensão, podendo necessitar de uso de medicamentos. 

Prevenção e tratamentos

Para  André Rosetti, o  principal tratamento é o acompanhamento com o pediatra, intervindo na alimentação da criança e da família. Além disso, ele destaca a inclusão de atividades físicas no cotidiano da criança.

Tainara Emília acrescenta que a prevenção da obesidade começa bem antes do nascimento do bebê. Segundo ela, durante o período do pré -natal, o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês deve ser incentivado, uma vez que pode reduzir o risco de obesidade.  Além disso, ela lista uma série de outros fatores que podem reduzir o desenvolvimento da obesidade. “ Uma introdução alimentar na qual se há prioridade para alimentos como frutas, verduras e legumes, o fato dessa mãe evitar a introdução precoce de alimentos ultraprocessados, principalmente antes dos dois anos, evitar o contato com açúcares antes dos dois anos”, destaca.

Por serem mais acessíveis e práticos, os alimentos ultraprocessados são mais consumidos pela população e, consequentemente, as crianças acabam ingerindo muito cedo esses tipos de alimentos. No entanto, os profissionais orientam que os pais e responsáveis, estimulem o consumo de “comida de verdade”, como arroz, feijão, salada, verduras etc. Além disso, devem “ficar atentos à quantidade de comida que a criança consome, dar atenção nos momentos das refeições, retirar distrações no momento da refeição”, orienta Tainara Emília.

Quando se trata de controle alimentar, os pais têm um papel crucial na formação dos hábitos alimentares desses pequenos. Para a nutricionista Carla Cabral é importante compartilhar refeições saudáveis em família, apresentar os alimentos de maneira atrativa pode estimular a curiosidade das crianças e incentivá-las a experimentar novos alimentos.

“Inclua em cada refeição fontes de proteínas saudáveis, como carnes magras (frango, peixe), ovos, leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico) e laticínios (iogurte, queijo). Essas proteínas são essenciais para o crescimento e desenvolvimento adequado das crianças”, enfatiza a nutricionista.

De acordo com ela, as frutas são fontes de vitaminas, minerais e fibras, fundamentais para uma dieta equilibrada, por isso, é importante que a família incentive o consumo diário de frutas, como maçã, banana, laranja, morango, entre outras. “Ofereça-as como lanches saudáveis ou sobremesas, bem como verduras e legumes que também são ricos em vitaminas e minerais importantes para a saúde. Inclua opções variadas, como brócolis, cenoura, espinafre, couve-flor, e ofereça-as como acompanhamento nas principais refeições”, orienta.

Em relação ao consumo de doces e guloseimas, embora seja essencial limitar, não é necessário excluir totalmente esses alimentos, porém, devem ser oferecidos à criança de maneira casual e em quantidades moderadas, segundo a especialista. Além disso, é fundamental o consumo de água ao longo do dia, evitando sucos industrializados e refrigerantes, que podem ser ricos em açúcares.

Programas de combate à obesidade infantil

Pensando em prevenir a obesidade ainda na infância, a SES-GO desenvolve programas de combate e prevenção como o Saúde na Escola (PSE), do Ministério da Saúde. O programa é composto por 13 ações e uma delas é a alimentação saudável.

Desenvolvido em todos os municípios de Goiás, o programa conta com a implantação de hortas e oferta de alimentos saudáveis nas escolas. Há também outras iniciativas como o programa Estratégia Nacional de Prevenção e o Atenção à Obesidade Infantil (Proteja), aplicado em 24 municípios, com recursos federais. Além disso, os projetos Academia da Saúde e Incentivo à Atividade Física nas Unidades Básicas de Saúde (IAF) trabalham com grupos infantis.

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