Estresse e sono são associados ao aumento de ocorrências do AVC

Atendimento rápido pode ser escapatória para consequências mais danosas para pacientes com AVC

Postado em: 31-07-2023 às 08h32
Por: Alexandre Paes
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Para neurologista Helena Rezende, AVC é típica do envelhecimento, mas tem sido comum em jovens | Foto: Marcelo Casal/Abr

Em 2016, Diomar Pereira dos Santos, estava no trabalho, assim como fazia todos os dias. Com uma vida corrida e sob pressão e estresse, começou a  sentir uma tontura, e após se abaixar para molhar o rosto, levantou a cabeça e sua esposa e funcionários perceberam que um lado de sua face estava paralisado. Ele caiu no chão. “Foi uma cena preocupante. Questão de segundos do incômodo que ele sentou e automaticamente um lado dele adormeceu e quando ele caiu acionamos o socorro”, relata sua esposa, Riziomar dos Reis Gomes.

Na época o empreendedor tinha 40 anos,ou seja, muito jovem para um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que de acordo com avaliação da equipe médica foi do tipo isquêmico. Existe o hemorrágico. “O SAMU chegou e falaram que era suspeita de um AVC. E após chegar ao hospital eles fizeram a tomografia na cabeça”. Era o diagnóstico que dava respostas para a queda e do que estava por vir na vida de Diomar e de sua família. 

O AVC é uma doença do vaso que está dentro das doenças associadas ao sistema circulatório. De acordo com Helena Rezende Silva Mendonça, médica neurologista, essa doença é típica do envelhecimento, apesar de acontecer com pessoas mais jovens. “Com o passar dos anos o envelhecimento natural faz a pele enrugar, desidratar e deixar ressecados os vasos, dando maior probabilidade de eventos vasculares cerebrais em função do envelhecimento natural”, explica a especialista.

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José Guilherme Schwam Júnior, médico Neurologista, aponta que as doenças metabólicas, como a pressão alta e diabetes, agridem muito a parede do vaso e aumentam muito o risco de AVC. “A gente sabe que as pessoas mais ansiosas, mais estressadas, elas tendem a se alimentar pior, dormirem pior, ter mais níveis elevados de pressão arterial, fazem menos atividade física e isso tudo gera maiores riscos da doença”, destaca.

A prevalência de AVC entre pessoas abaixo de 50 anos quase dobrou no período da pandemia de Covid-19, acendendo o alerta para a doença que lidera as causas de internações e mortes no país e que sempre esteve associada a idades mais avançadas. Dados preliminares compilados pela Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization, a WSO) mostram que a taxa de pessoas com menos de 45 anos acometidas pela doença passou de 10%, antes da crise sanitária, para 18%, no fim do ano passado.

Segundo os especialistas, existem dois tipos de AVC, que são dois grandes grupos, em um deles o vaso entope e falta o sangue, comumente chamado de isquémico. Já o segundo, e o que o vaso se rompe, causando o vazamento de sangue para dentro do tecido cerebral, conhecido como hemorrágico. 

O AVC isquêmico é muito mais frequente do que o hemorrágico, já que os fatores de risco são a pressão alta, diabetes e colesterol alto, tendo de um quanto do outros. Mas outros fatores que estão muito associados com a ocorrência dos eventos isquêmicos são os aumentos repentinos da pressão, que levam a uma ruptura do vaso. No caso dos hemorrágicos a gente tem alguns outros fatores de risco como por exemplo alterações na parede do vaso, que podem ser genéticos, como formação de aneurismas, e a ocorrência de sangramentos, em especial quando a pessoa vai envelhecendo.

Hoje temos remédios que mudam totalmente a evolução do paciente que teve AVC. Alguns exemplos são os trombolíticos, que é uma intervenção de prevenção da trombose e do cateterismo. Cada paciente é um caso diferente, e os critérios de intervenção variam de acordo com os exames de imagem, tomografia e ressonâncias, que nós levam a conclusão do laudo e melhor tratamento para prevenir nossos acidentes vasculares no cérebro”, conclui Helena.

Sintomas do AVC

Nas últimas três décadas, o AVC liderou as causas de mortes no Brasil, mas após a adoção de um programa nacional de enfrentamento da doença, em 2011, em que foram criados centros de enfrentamento da doença, passou para o segundo lugar. Em 2022, porém, voltou à liderança. O neurologista destaca que roncar, bufar, virar de um lado para o outro, cochilar por muito tempo durante o dia, acordar durante a noite e dormir muito pouco ou até demais contribuem para um sono de má qualidade e podem aumentar o risco de derrame. 

Os principais sintomas que mostram que o paciente ou que a pessoa está evoluindo para um AVC são aqueles conhecidos, como o rosto que fica assimétrico, fica torto, e quando você manda a pessoa sorrir e ela sorri torto. Outro sintoma comum é quando se pronuncia palavras enroladas ou ela não fala nada e nem compreende o que se pede. Segundo José, quando o paciente tem esses sintomas relacionados à dor de cabeça, que pode ser súbita, a chance de ser um AVC hemorrágico passa a ser maior.

“Controlar a pressão é um fator importantíssimo para prevenção do AVC. Assim como controlar diabetes, diminuir o colesterol, manter o colesterol baixo, principalmente o LDL, e fazer atividades físicas pelo menos 50 minutos por semana”, orienta. Ter uma boa noite de sono, tratar a apneia e ter uma vida com alimentação sem tanto excesso de gordura, de fritura, de sal colaboram para a prevenção. “A gente não pode esquecer que o tabagismo é terrível, sendo um fator de risco grave também para o AVC”, lembra José Guilherme.

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