Taxista relembra histórias de passageiros para lembrar 68 anos do Aeroporto Santa Genoveva

Deliomar Messias da Silva celebra 68 anos do aeroporto com relatos únicos e emocionantes

Postado em: 08-09-2023 às 08h05
Por: Tathyane Melo
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Deliomar Messias da Silva celebra 68 anos do aeroporto com relatos únicos e emocionantes | Foto: Leandro Braz/O Hoje

No cenário do Aeroporto Santa Genoveva de Goiânia, onde cada voo traz consigo uma nova história, encontra-se Deliomar Messias da Silva, um taxista de 59 anos e 12 anos de experiência na área. Sua jornada, no entanto, transcende o mero transporte de passageiros. Em uma atmosfera onde pessoas de todos os cantos do mundo se cruzam, Deliomar tornou-se um contador de histórias, testemunha silenciosa das experiências únicas vividas no aeroporto que completou 68 anos de funcionamento.

Deliomar relembra com carinho os tempos passados no antigo aeroporto. “Trabalhei lá por cerca de 10 anos antes da mudança para este novo terminal”, diz ele. O breve intervalo trabalhando em outra área e a pandemia o afastaram temporariamente do aeroporto, mas o destino o trouxe de volta. E que mudança significativa ele encontrou. Deliomar descreve as melhorias no novo terminal como notáveis, com mais espaço e uma infraestrutura que acomoda de maneira mais eficiente o crescente número de passageiros e visitantes.

O coração do aeroporto é onde Deliomar se sente mais vivo. “Aqui, a cada dia, você conhece uma pessoa diferente, e a gente conversa bastante, é muito bom”, compartilha ele. Mesmo enfrentando barreiras linguísticas, Deliomar já transportou diversos estrangeiros, incluindo celebridades brasileiras como os cantores Leonardo e Felipe Araújo.

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Entre as histórias emocionantes que permeiam sua carreira, uma se destaca: a corrida desenfreada para salvar um passageiro que quase perdeu seu voo em Anápolis. “Ele enrolou na empresa, mas eu disse que ia acelerar e conseguimos chegar a tempo”, lembra Deliomar. No entanto, a história mais fascinante ocorreu quando um passageiro português o convidou para trabalhar como motorista por um tempo por gostar muito do atendimento durante corrido do aeroporto até o condomínio onde ficaria: “Trabalhei para ele como motorista por 22 dias e na hora dele me pagar ele me perguntou quanto me devia e eu disse que não sabia, ‘o que você achar que eu mereço você paga’, aí ele perguntou se um PIX de 15 mil para mim estava bom e eu disse que estava ótimo né?! Foi a melhor das histórias”.

Cerca de um mês depois do atendimento, o passageiro retornou a Goiânia e foi logo em direção a Deliomar para mais um viagem e mais uma oportunidade de trabalho: “Eu fiquei mais uns 32 dias com ele e ele me deu mais 15 mil, me deu um iPhone de presente e nessa época eu tinha a permissão para o trabalho de taxista mas ainda não tinha meu carro próprio, estava meio enrolado e com esse dinheiro eu comprei o carro”, diz Deliomar com gratidão no olhar pela oportunidade que o aeroporto e o passageiro chamado Luís o proporcionou.

No aeroporto, reina uma ordem silenciosa entre os taxistas, com os passageiros sendo atendidos por ordem de chegada, independentemente de sua fama ou anonimato. “Respeitar a vez é fundamental”, enfatiza Deliomar. Sua ética profissional e dedicação ao trabalho são inegáveis, tornando-o uma figura querida no aeroporto.

Além disso, o mundo encolheu para Deliomar através de sua amizade de longa data com um passageiro português chamado Vitor. “Nossa amizade já dura cerca de 10 a 15 anos, tudo graças às viagens”, compartilha Deliomar. Com Vitor e outros passageiros estrangeiros, a conexão transcende as fronteiras geográficas, demonstrando a riqueza das experiências compartilhadas no aeroporto.

A jornada de Deliomar não é única, pois ele continua a encontrar pessoas de todos os lugares do mundo. “Carreguei recentemente um suíço, um italiano que levei para Rio Verde, mas os americanos são os mais frequentes por aqui”, diz ele. Deliomar mantém a paixão por seu trabalho, lembrando-nos de que “trabalhar de taxista é muito bom”.

Aos 68 anos de funcionamento, o Aeroporto Santa Genoveva de Goiânia viu muitas histórias, e Deliomar Messias da Silva continua sendo uma parte fundamental desse mosaico humano. Suas memórias e experiências são uma testemunha e inspiradora da riqueza que a vida no aeroporto pode oferecer, não importando de onde você venha ou para onde esteja indo.

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