Sífilis Congênita ameaça saúde da mãe e vida do bebê

A doença é causada por uma bactéria e pode ser transmitida de mães que não receberam o tratamento no pré-natal, para o feto

Postado em: 19-01-2024 às 12h30
Por: Ronilma Pinheiro
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Os recém nascidos com a sífilis congênita podem nascer com baixo peso, aumento do fígado, aumento do baço, lesões na pele, icterícia, anemia, lesões nos olhos, lesões na cabeça, surdez e lesões nos olhos | Foto: Divulgação

Infecção Sexualmente Transmissível (IST), a sífilis é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum, podendo apresentar diferentes manifestações clínicas e estágios, como a sífilis primária, secundária, latente e terciária.

Esse tipo de infecção, além de ser prejudicial à vida do adulto, também coloca em risco a saúde e existência dos bebês durante a gestação. A Sífilis Congênita é transmitida da mãe com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada para criança durante a gestação, sendo essa forma chamada de transmissão vertical.

A possibilidade de transmissão é maior nos estágios primário e secundário da infecção, que pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.

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A infectologista pediátrica do Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), Roberta Rassi, destaca que a doença pode ser transmitida em qualquer período durante a gestação, de mães que não receberam o tratamento no pré-natal. Por isso, o acompanhamento das gestantes e parceiros sexuais durante o pré-natal é fundamental, pois viabiliza o diagnóstico e tratamento adequado.

“Os recém nascidos com a sífilis congênita podem nascer sem sintomas ou com  baixo peso, aumento do fígado, aumento do baço, lesões na pele, icterícia, anemia, lesões nos olhos, lesões na cabeça, surdez e lesões nos olhos”, detalha a especialista. Além disso, no caso das gestantes que não receberam o tratamento para sífilis no pré natal, a gestação pode resultar em aborto, malformações fetais, óbito neonatal e a sífilis congênita com o acometimento de múltiplos órgãos e sistemas, segundo a infectoligista.

Por isso, é importante que a mulher faça o teste para detectar a doença durante o pré-natal. Em caso de resultado positivo, os tratamentos precisam ser iniciados para que a transmissão seja evitada. De acordo com Rassi, o tratamento consiste no uso de penicilina – antibiótico utilizado para tratar alguns tipos de infecção, causadas por bactérias que são sensíveis ao princípio ativo do medicamento. Esse medicamento precisa ser feito durante 10 dias.

O diagnóstico da doença é feito através da coleta de sangue- Vdrl, exame de líquor e raio x dos ossos, onde é avaliado a história clínico-epidemiológica da mãe, bem como o exame físico da criança e os resultados dos testes.

Em Goiânia, as gestantes podem fazer os testes para sífilis nas maternidades municipais, independentemente do resultado do exame pré-natal. Em em 2023, foram registrados 1.051 casos da doença no município, sendo 117 congênitos.

A infectologista alerta que o teste para sífilis deve ser realizado ainda durante o pré-natal, uma vez que a detecção precoce torna-se crucial para mitigar esses riscos e promover uma gestação saudável. O HMDI ressalta a necessidade de toda gestante realizar o pré-natal corretamente e, caso seja diagnosticada a sífilis durante a  gestação, a paciente deverá realizar o tratamento adequado em qualquer unidade básica de saúde.

Ao ser exposta à doença, a criança precisa ser submetida a diversas intervenções, que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação neurológica incluindo punção lombar, raio-X de ossos longos, avaliação oftalmológica e audiológica. De acordo com o Ministério da Saúde, muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada.  Além disso, a investigação da infecção congênita deve acontecer na hora do parto.

“O recém nascido com sífilis congênita deverá realizar o tratamento na maternidade e depois manter acompanhamento com equipe multiprofissional por um período de 2 anos”, termina o infectologista.

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