Organização Social pede rescisão de contrato

Salários atrasados, entre outros motivos, foram essenciais para o pedido de rescisão com Hugo e Hutrin

Postado em: 27-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Salários atrasados, entre outros motivos, foram essenciais para o pedido de rescisão com Hugo e Hutrin

Felipe André*

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) recebeu um pedido de rescisão contratual na manhã desta sexta-feira (26) da Organização Social, o Instituto Gerir, que é responsável pela administração dos hospitais de urgências de Goiânia (Hugo) e de Trindade (Hutrin). A decisão aconteceu após um período de salários atrasados conforme noticiado pelo O Hoje na última quarta-feira (24). Outras reivindicações foram solicitadas pelos funcionários, tais como melhorias, casos de assédio moral, sobrecarga de trabalho e falta de condições.

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Por meio de uma nota a Secretaria de Estado da Saúde se pronunciou e negou que o Hugo e o Hutrin irão fechar e que a população vai continuar a ser atendida. Após a solicitação da rescisão de contrato por parte da Organização Social a SES informou que “está analisando todas as medidas e os trâmites necessários para rescindir o contrato”. Os contratos atuais estão sendo analisados.

Segundo informações de Dados do Portal da Transparência a dívida do Estado nesta sexta-feira (26) com a OS em relação à gestão do Hutrin é de R$ 1,8 milhão. Já em relação à administração do Hugo, a dívida chega a R$ 33 milhões.

O Hoje tentou entrar em contato com o Instituto Gerir, porém as ligações não foram atendidas até o fechamento desta matéria. O site do Instituto ainda consta com Hugo e Hutrin como unidades de saúde administradas pelo Gerir.

Hugo

Paralisações recorrente que vem acontecendo no Hugo pelos trabalhadores terceirizados. A média explicada pelo sindicato da categoria é que metade dos empregados trabalhavam nos turnos diurnos e noturnos. Além do salário, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Flaviana Alves Barbosa ressaltou que o problema não é apenas o salário e que envolve assédio moral, falta de condições para trabalho e pedidos para melhorias.

“Nós estamos cobrando o pagamento do salário que está atrasado 17 dias. O combinado é no dia 7 e até hoje nada. Esse é apenas um dos motivos (da paralisação) queremos melhorias, têm casos de assédio moral, sobrecarga de trabalho e também falta de condições de assistência. Os técnicos de enfermagem sofrem assédio moral das enfermeiras chefes, cada posto tem uma”, revelou a presidente do Sindsaúde.

Flaviana revelou também em entrevista ao Hoje que a previsão dada pelo Estado ao Instituto Gerir era de até quinta-feira (25) para que os salários fossem normalizados. Mas que mesmo assim ainda seria solicitado pelo sindicato uma comissão para buscar as melhorias necessárias. 

Ela explicou como estava a situação nos últimos dias no Hugo. “O atendimento está mais lento, os mínimos cuidados estão sendo feitos, mas todo mundo está sendo atendido. Está faltando muito funcionário, um déficit de cerca de 30% principalmente técnico de enfermagem e enfermeiro, cada técnico de enfermagem tinha que ficar com seis pacientes, mas estão ficando em média com 14 ou até 18. Estão fazendo serviço por três”, finalizou a presidente da Sindsaúde.

Hutrin

As denúncias envolvendo o Hospital de Urgência de Trindade relatam que os funcionários estavam sem receber por dois meses e por isso estavam faltando ao trabalho. Outro problema seria a falta de higiene, pois diversos vídeos do local mostravam lixeiras abarrotadas e baratas no chão.

Os funcionários que faltavam ao serviço buscavam novos empregos, pois muitos dependiam apenas do salário como empregado do Hutrin. Com a equipe reduzida apenas os casos mais graves estavam sendo atendidos. No Portal da Transparência, consta que em agosto, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) repassou somente R$ 1 milhão à Gerir, metade do valor previsto. Em setembro, não teve nenhum depósito. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

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