“Passei por 20 enchentes, mas essa foi a pior”, diz sobrevivente

Chuva provoca dia de caos em São Paulo

Postado em: 12-03-2019 às 10h00
Por: Jefferson Pereira dos Santos
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Chuva provoca dia de caos em São Paulo

A chuva intensa que atingiu São Paulo desde domingo à noite
provocou o caos na maior cidade do país. Há relatos de mortes, de famílias que
tiveram as casas alagadas e comerciantes com as lojas invadidas pela água. O
temporal transformou algumas ruas em rios. Em determinadas regiões, moradores
tiveram que subir nos telhados e outros usaram caiaques. Imagens de amadores
postadas nas redes sociais mostram as cenas.

José Magalhães Barbosa, proprietário da loja Usadão Móveis, na
Avenida do Estado, na Mooca, zona leste da capital, perdeu todas mercadorias da
loja que foi tomada pela enchente durante a noite. Segundo ele, a água chegou a
3 metros de altura, causando um prejuízo de R$ 50 mil.

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“Tenho comércio há 20 anos, passei já por 20 enchentes. Mas essa
foi a pior que teve. O prejuízo está aí, mais de R$ 50 mil. Perdi tudo da loja.
A água subiu 3 metros. Nunca tinha visto uma enchente desta, nunca. Desde
a noite de ontem a água começou a entrar. E o imposto que eu pago
aqui é de R$ 12 mil”, disse o comerciante. 

O levantamento mais recente mostra que o temporal provocou 12
mortes na Grande São Paulo. Pela estimativa da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o prejuízo chega a R$
45 milhões, sem contar os estabelecimentos que ficaram destruídos.

Apreensão

Na proximidade do Rio Tamanduateí, o motorista de aplicativo
Samuel Pacheco da Silva Gomes disse ter vivido momentos de medo junto com três
passageiros. A água tomou conta da rua em que estavam, isolando o automóvel.
Foi necessário o Corpo de Bombeiros resgatar os quatro.

“Infelizmente ficamos sem saída. A água, no início, estava com
30 centímetros, depois começou a subir chegou até o meio da cintura. Tivemos
que sair pelo vidro com ajuda dos bombeiros. Eles jogaram uma corda para tentar
nos ancorar. Ficamos esperando quase cinco horas na enxurrada”, disse Samuel
Gomes.

Perplexidade

Na mesma região, Maria do Carmo Michelletti, síndica de um
edifício na rua Vieira Ravasco, no Cambuci, disse ter presenciado o alagamento
da rua, mas nunca tinha visto a água invadir o pátio onde ficam estacionados os
carros. Ela mora no local há 12 anos.

“Eu cheguei mais ou menos à meia-noite de ontem [10] em casa e a
água já estava subindo. Mas eu não achei que fosse alagar assim”, contou a
síndica. “A gente só ouvia o barulho da água e não tinha por onde sair.” 

Maria do Carmo Michelletti disse que o pátio do edifício ficou
coberto com lama. Segundo ela, os moradores fizeram um mutirão para a limpeza.
“O problema agora é a gente pegar uma leptospirose”, disse a síndica
referindo-se à doença causada pela exposição à urina de roedores infectados,
principalmente em enchentes. (Agência Brasil)

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