Quinta-feira, 28 de março de 2024

Frota de motos em Goiânia é a 4ª do País

As ruas da Capital se tornaram um campo de batalha onde espaço e imprudência, são comuns

Postado em: 22-08-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Frota de motos em Goiânia é a 4ª do País
As ruas da Capital se tornaram um campo de batalha onde espaço e imprudência, são comuns

Higor Santana

Em continuidade à série de reportagens sobre o trânsito na Capital, desta vez a equipe de reportagem do Jornal O Hoje aborda os problemas enfrentados, a imprudência e as principais infrações cometidas pelos motociclistas. Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) colocam Goiânia entre as 10 cidades com as maiores frotas de carros, motos, ônibus e caminhões do País. Quanto ao número de motocicletas, Goiânia assume o quarto lugar no ranking nacional com cerca de 292 mil veículos. 

Contando todo o território goiano, são 1.160.690 milhão de automóveis. Além disso, o órgão mostra que, dos 246 municípios, 48 têm mais motos do que carros, ou seja 20% da frota total. Considerando que as motos englobam os ciclomotores, motocicletas e motonetas, dados do Denatran de 2018, mostraram que no país havia cerca de 30 milhões de motos. Comparando com a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2018, no Brasil há uma moto para 7,86 habitantes.

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Nos últimos anos a frota de veículos no país tem apresentado um crescimento superior, em proporcionalidade, ao aumento da população. Isso faz com que os estados e municípios, tenham que priorizar as políticas de trânsito. 

Com os constantes aumentos nos preços dos combustíveis, a motocicleta, mais econômica, tornou-se um veiculo mais utilizado. Conforme o Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), aumenta o número de veículos, cresce a disputa por espaços nas ruas e rodovias, e com isso, segundo o Detran, eleva-se também o número de acidentes, de feridos e de mortes. 

De acordo com dados do Hospital de Urgências De Goiânia (HUGO), só nos primeiros sete meses de 2019, a unidade atendeu cerca de 2.100 pessoas, vítimas de acidentes com motocicletas. E segundo o hospital, a maioria eram homens com idades entre 18 e 35 anos. No ano passado, 588 motociclistas perderam a vida no trânsito, em todo o Estado.

“O problema é que alguns [motociclistas] são imprudentes demais. Sai cortando no meio dos carros, passa por cima de calçada, fura sinal vermelho. Não culpo todos, mas alguns abusam da sorte. Pode ver o quanto de jovem que está internado em hospital com perna quebrada ou todo ralado, porque acha que a rua é pista de corrida. Acidentes acontecem sim, mas as pessoas devem ter mais responsabilidade. Não adianta colocar a culpa em Detran ou no cara que atropela um motoqueiro”, explica o motoboy, Marcos Augusto Ramos.

Somando todos os tipos de ocorrências, sejam elas de atropelamentos, colisões, capotamentos ou acidentes com motocicletas, 98 pessoas já perderam a vida no HUGO, em 2019. Destas, cerca de 70% estavam em uma motocicleta.

Motociclistas são as maiores vítimas fatais no trânsito 

As Secretarias Municipais de Saúde (SMS) e de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT) de Goiânia, por meio do Projeto Vida no Trânsito (PVT), divulgaram um levantamento sobre acidentes de trânsito fatais na Capital. Segundo os dados, em 2017 ocorreram 190 óbitos, e apenas no primeiro semestre de 2018, foram identificados 88 vítimas fatais de acidentes de trânsito. 

Segundo o levantamento, o grupo de motociclista é o que apresenta o maior número de mortes no trânsito. A categoria lidera os óbitos com cerca de 51%, seguido dos atropelamentos de pedestres, com 21%. Conforme os dados, a maioria dos acidentes fatais são causados pelo excesso de velocidade ou por dirigir após a ingestão de álcool.

A pesquisa apontou também que dirigir sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), e a falta de atenção do motociclista com a sinalização e paradas obrigatórias nos semáforos, foram as infrações mais cometidas. Para as secretarias, os acidentes acontecem principalmente nos horários de pico, pela manhã e à noite.

Plano de ação

A partir da análise de acidentes com motociclistas na Capital, no ano passado a SMT, Detran e Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apresentaram ações a serem aplicadas pelos órgãos competentes, se configurando como o Plano de Ação. Entre as intervenções, a Secretaria de Saúde reforçou o monitoramento e vigilância epidemiológica dos óbitos por acidente de trânsito, e qualificou as informações sobre as ocorrências fatais nas vias e rodovias do Estado. 

A superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Flúvia Amorim, pontuou que os resultados da análise dos acidentes fatais poderão aprimorar o planejamento das ações  de prevenção. “Sabendo onde, como, por que ocorrem e quem são as vítimas desses acidentes, poderemos traçar meios de atingir o principal objetivo do Projeto Vida no Trânsito, que é diminuir as mortes que tanto acontecem nesse meio”, explica.

O Projeto Vida no Trânsito é uma iniciativa do Governo Federal para o fortalecimento de políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito por meio da qualificação, planejamento, monitoramento, acompanhamento e avaliação das ações. O trabalho é desenvolvido em conjunto com órgãos e instituições das esferas federal, estadual e municipal.

Em Goiânia, o projeto é desenvolvido desde 2012, e tem como função principal o levantamento e cruzamento de dados que vão contribuir com a redução do impacto da violência do trânsito na vida da população e no auxílio da elaboração de políticas públicas.

Mortes

Mesmo com diversas ações de educação e atenção no trânsito propostas pelo Detran, algumas fatalidades acabam acontecendo. No último dia 19, uma mulher morreu ao ser atropelada por um caminhão na Avenida Perimetral Norte, no Jardim Nova Esperança. De acordo com informações da Polícia Civil, Edna Felipe de Oliveira, de 49 anos, teria perdido o equilíbrio da moto que estava e, ao cair, foi atingida pelo caminhão.

Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ao ser atropelada, a mulher foi atingida nos membros inferiores e isso teria provocado uma hemorragia interna. Ela morreu antes mesmo de ser encaminhada para o hospital.

Três dias antes outro motociclista de 53 anos morreu após ser atropelado por um caminhão na Avenida 87. Segundo a Polícia Civil, Cleuber Alberto de Sousa tentava ultrapassar o caminhão pela direita no momento em este que fazia uma curva na mesma direção. Então, segundo a Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict), a lateral direita do caminhão teria esbarrado na moto, que desequilibrou e caiu na pista.

Na sequência, o motorista do caminhão não conseguiu frear imediatamente, foi então que a roda traseira do veículo passou por cima do corpo do motociclista. Acionado, o Corpo de Bombeiros apenas constatou o óbito de Cleuber no local. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

 

 

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