Ricardo Leão apresenta seu novo CD ‘A Lei do Amor – Música Original’

A apresentação será ao lado da Orquestra Sinfônica de Goiânia

Postado em: 09-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Ricardo Leão apresenta seu novo CD ‘A Lei do Amor – Música Original’
A apresentação será ao lado da Orquestra Sinfônica de Goiânia

Natália Moura

Nesta quinta-feira (9), o pianista, compositor, arranjador, produtor e diretor musical Ricardo Leão faz apresentação junto à Orquestra Sinfônica de Goiânia. Com assinatura em aproximadamente 300 discos e diversos prêmios, Ricardo possui extensa carreira musical. Formado em Licenciatura em Música na Universidade Federal de Goiás (UFG), o músico é hoje um dos profissionais mais atuantes da cena musical brasileira. O pianista já participou de importantes passagens em trilhas musicais para TV, teatro e cinema, e acaba de lançar o CD A Lei do Amor Música Original de Ricardo Leão, gravado pela Som Livre.

O CD tem as participações de instrumentistas renomados como Jaques Morelenbaum (violoncelo), Daniel Guedes (violinista), Ricardo Silveira, Jairo Reis e Pedro Braga (violões), Bororó (baixo) – além de outros músicos. O disco foi feito sob medida para narrativa da novela da TV Globo. Das 21 faixas instrumentais que compõem o CD, 20 músicas são inéditas e autorais, e uma faz uma releitura da clássica Asa Branca, de Luiz Gonzaga (Bônus Track). 

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Segundo ele, foi um desafio trabalhar nas músicas do CD, onde colocou nos temas dos personagens e nas músicas incidentais toda a vivência adquirida. “Quando fui convidado por Denise Saraceni (diretora artística) e por Marcel Klemm (gerência Mmusical TV Globo) para fazer a música de A Lei do Amor, senti aquela ansiedade de um iniciante compondo a sua primeira trilha.Tanto é que quando me perguntam quanto tempo levei para compor e gravar a trilha respondo: 57 anos”, brinca.

Ricardo Leão possui em seu currículo de compositor, trabalhos como as trilhas dos seriados Pé na Cova, Mr. Brau, e o longa SOS Mulheres ao Mar. “A novela traz cenas bonitas, fortes e perturbadoras, o que me deu uma infinidade de ideias musicais. E, apesar de emoldurar muito bem as cenas,  eu sinto que ela tem vida própria fora delas”, conta sobre a experiência de lançar uma trilha com músicas mais angustiantes, tensas e que pontuam grande parte da trama. Confira abaixo a entrevista que o Essência fez com Ricardo. 

SERVIÇO:

Show: Ricardo Leão e Orquestra Sinfônica de Goiânia

Quando: Hoje (9)

Onde: Teatro do Sesi (Setor Santa Genoveva, Goiânia)

Horário: 20h

Entrada: Doação de 2kg de alimentos ou um livro literário 

Entrevista: RICARDO LEÃO 

Quando você descobriu que gostaria de ser músico?

Eu tenho 50 anos de música; comecei aos 7 anos. Eu acho que, desde então, na minha casa, tinha um piano que meu pai comprou para ele mesmo estudar, e nunca teve tempo. Minha mãe tinha uma noção de música, ela tinha estudado um pouco de piano no colégio. Aí, um dia, eu abri o piano e falei “mãe, eu quero aprender a tocar piano”, e ela começou a me ensinar. Ela viu que eu tinha jeito, me colocou na aula, e eu comecei a estudar. Entrei para o conservatório de música da Universidade Federal de Goiás (UFG), me dediquei muitos anos à música clássica, a ser um pianista de concerto com o objetivo de ser um músico clássico. Depois, eu comecei a compor música popular. Acho que as coisas foram acontecendo naturalmente. Na verdade, acho que eu já nasci músico.  

Como foi sair de Goiás e ir trilhar sua carreira no Rio de Janeiro?

Foi um desafio. Eu tive um momento em que me dediquei à música popular, mesmo, tocando à noite aqui em Goiânia, em bares e restaurantes. E chegou um momento que eu pensei “eu tenho que abrir meus horizontes”. Nos anos 80, as coisas eram mais difíceis em Goiânia, não tinha essa facilidade de hoje de conexão com mundo inteiro ao mesmo tempo. A parte de música era muito centralizada no eixo Rio-São Paulo, você tinha que morar lá para conseguir alguma coisa. Todos os artistas e cantores moravam lá, aí eu fui para lá tentar. Tive muita sorte. Tive uma boa formação aqui em Goiânia, no conservatório, em um laboratório bacana com meus amigos de João Caetano, Fernando Perillo, José Eduardo Morais, Bororó, Carlos Brandão, essa turma toda. Tivemos vários shows juntos e gravamos discos independentes, foi muito bom. Eu cheguei ao Rio preparado, as coisas aconteceram de maneira natural lá. Em pouco tempo, eu já estava tocando com a Simone, era o tecladista da banda dela. Na época, ela era uma cantora de muito sucesso – ainda é – mas na época era mais, ela lotava teatros. Tocar na banda de uma cantora de primeiro time da MPB, me abriu muitas portas. Depois, me dediquei a fazer arranjos e, em pouco tempo, já era maestro dela.

Quando você começou a fazer trilhas sonoras?

As trilhas sonoras começaram por que a minha cunhada, Ingrid Guimarães, me convidou para fazer a trilha de uma peça de teatro chamada Cócegas. Foi um sucesso: ficou 11 anos em cartaz. Aí, eu comecei a fazer trilhas para várias peças no Rio e recebi convites para fazer cinema e televisão também. Em 2004, eu entrei para a Globo para fazer o programa Sob Nova Direção. Depois, continuei na Globo, fazendo vários programas.

Como é seu processo de criação de trilha sonora para a dramaturgia (teatro, filmes, novelas, seriados)? Como se dá a relação da música com a trama?

Por mais que você estude, eu acho que é um processo intuitivo. A coisa mais difícil que eu acho é achar uma música que esteja no mesmo universo da dramaturgia. Cada trilha é única, existe uma música certa para cada cena. Tem regras harmônicas e melódicas para cada gênero (suspense, romântico, triste), mas eu ainda acho que é muito intuitivo. Cada pessoa pode ver a cena de uma maneira diferente. Eu, quando começo a fazer uma trilha, geralmente sento com o diretor ou com os autores, e a gente estabelece um conceito. Pode ser um conceito na própria composição, na orquestração, na instrumentação, porque você pode fazer uma trilha do jeito que você quiser. Você pode fazer uma trilha só com piano (solo) ou com uma orquestra sinfônica. 

Quais inspirações você usou para as músicas do seu novo CD, A Lei do AmorMúsica Original de Ricardo Leão?

O CD é consequência da trilha que eu fiz para a novela. Como são vários personagens, geralmente uma novela tem 50 personagens de diferentes núcleos, tem um núcleo mais engraçado, outro mais do drama. São várias situações. Diferente de um filme que, às vezes, tem um núcleo só, uma história só, e dura duas horas. Novela não. São seis meses com o capítulo de uma hora por dia, então haja assunto e haja música! Eu quando vou estrear uma novela, eu já estou com aproximadamente 100 músicas prontas para a música cobrir todas as situações possíveis que podem acontecer na trama. Não tem como prever antes. A diferença de fazer uma música para cinema é que, no filme, você já está vendo a cena, ele já está filmado. Você vê exatamente o ponto onde a música vai entrar e sair. Na novela, você tem que ir pela sua imaginação. Você lê uma sinopse de personagem e alguns capítulos, normalmente oito ou dez. Porque você não sabe o que vai acontecer com os personagens, nem os próprios autores sabem. São situações que vão mudando. A gente vai se adaptando a essas situações diferentes de uma novela. Em A Lei do Amor, a Denise Saraceni – que é a diretora artística e me chamou para fazer a trilha –, sentou comigo e estabelecemos juntos um conceito para a trama. Usamos muitas violas caipiras por causa de São Dimas (cidade fictícia da novela), que é uma cidade do interior de São Paulo. E eu brinquei com esse timbre de viola caipira e instrumentos de orquestra. Criou-se uma textura bacana, que eu gosto muito. 

Qual sua expectativa para apresentação de hoje com a Orquestra Sinfônica de Goiânia? 

A melhor possível. Os ensaios estão maravilhosos. Espero que as pessoas,  quer dizer, espero não, tenho certeza que as pessoas vão gostar muito do espetáculo. Elas vão se lembrar de quando começar a ouvir as músicas da novela. Acho que vão identificar a música de cada personagem, e é isso que eu acho bacana. É a música fazendo o papel de frente, a música como protagonista.

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