Governo lança Circuito das Cavalhadas de Goiás

Dos treze municípios que integram o Circuito das Cavalhadas, doze estarão participando este ano do evento

Postado em: 31-05-2017 às 17h30
Por: Lucas de Godoi
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Dos treze municípios que integram o Circuito das Cavalhadas, doze estarão participando este ano do evento

Em uma manhã cheia de cores e tradições, o governador
Marconi Perillo lançou nesta quarta-feira (31/05), o Circuito das Cavalhadas de
Goiás, que na prática cria um calendário oficial para as celebrações das
disputas entre mouros e cristãos, em 13 municípios do Estado.

Participantes das cavalhadas de vários municípios – Santa
Cruz, Pirenópolis, Jaraguá, Palmeiras de Goiás, Corumbá, Santa Terezinha, São
Francisco – participaram do lançamento do Circuito das Cavalhadas, vestidos a
caráter. Um grupo cavaleiros mirins de Corumbá, acompanhados pela Banda 13 de
Maio, a mais antiga de Goiás, fez uma apresentação especial em homenagem ao
governador e à primeira-dama Valéria Perillo, que nasceu em Pirenópolis, cidade
onde a tradição cultural das Cavalhadas passa de geração a geração há quase 200
anos. Valéria Perillo disse ter o maior orgulho de participar das Cavalhadas,
símbolo maior das tradições de Goiás.

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“Nasci e cresci vendo as Cavalhadas de Palmeiras de Goiás e
elas fazem parte da minha identidade cultural”, disse Marconi, ao destacar que
trata-se de uma celebração de laços de paz entre as pessoas. Além de manter o
clima de fraternidade entre as pessoas, as Cavalhadas são também uma
manifestação de fé das pessoas.

Como forma de incentivar e valorizar as manifestações
culturais do Estado, o governador também anunciou a criação do Cartão do
Cavaleiro, que se destina a ajudar os participantes das Cavalhadas na aquisição
dos materiais para confecção das roupas. Muitos deles reclamam de dificuldades
na aquisição dos materiais para confecção das fantasias. Para garantir o
benefício, o Governo de Goiás deve enviar projeto de lei para votação da
Assembleia Legislativa. O vice-governador José Eliton reconheceu a iniciativa
do governador de criar o Cartão do Cavaleiro, que valoriza aqueles que ajudam
na manutenção da tradição, que é um “patrimônio imaterial” de Goiás.

Para o presidente da Goiás Turismo, Leandro Garcia, as
Cavalhadas se inserem no contexto de Goiás “e suas experiências inesquecíveis”.
Além de ser uma tradição, fortalece o turismo cultural no Estado. Na avaliação
da secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, as Cavalhadas fortalecem a
identidade cultural dos goianos e cria um sentimento de orgulho de sua herança.

Treze municípios integram o Circuito das Cavalhadas. Este
ano, doze estão participando: Posse, Santa Cruz, Jaraguá, Pirenópolis, Palmeiras,
Hidrolina, São Francisco, Santa Terezinha, Corumbá, Pilar, Luziânia e
Niquelândia.

A tradição das
Cavalhadas
– Conhecidos como mouros, os mulçumanos da Mauritânia invadiram,
nos idos do século VIII, o sul da Península Ibérica, dominando a região de
Granada, de onde foram expulsos somente em fins do século XV. Foram quase 800
anos de ocupação moura por quase toda a península, o que, inegavelmente,
colaborou para o avanço tecnológico destas nações, uma vez que os mulçumanos
árabes, propagadores do islamismo, eram mais evoluídos, do ponto de vista
tecnológico, artístico e cultural, do que os cristãos da época. Os reis que
resistiram a este avanço refugiaram-se ao norte da península e mantiveram
intacta sua cultura, vindo deles a iniciativa de expulsão da soberania moura na
Península Ibérica.

Incorporada ao folclore, durante séculos, a História de
‘Carlos Magno e os 12 pares da França’ era atração nas vozes dos trovadores e,
somente em idos do século XIII, em Portugal, é que resolveu instituí-la como
uma festividade, aos modos de uma representação dramática, quase que como um
jogo de xadrez, a fim de incentivar a instituição cristã e o repúdio aos
mouros. Num grande campo de batalha, onde de um lado, o lado do poente, 12
cavaleiros cristãos vestidos de azul, a cor do cristianismo, lutam contra 12
cavaleiros mouros vestidos de vermelho, encastelados no lado do sol nascente.

No Brasil esta representação dramática foi introduzida, sob
autorização da Coroa, pelos jesuítas com o objetivo de catequizar os gentios e
escravos africanos, mostrando nisto o poder da fé cristã. Por todo o Brasil
encontramos as Cavalhadas sendo representadas, em diferentes épocas, prova de
que esta manifestação folclórica nada tem a ver, de origem, com a Festa do
Divino ou a Pentecostes, como é no caso de Pirenópolis.

Introduzida em Pirenópolis em 1826, pelo Padre Manuel
Amâncio da Luz, como um espetáculo chamado de “O Batalhão de Carlos
Magno”. Pirenópolis manteve forte esta tradição, uma porque os primeiros
colonizadores da antiga cidade mineradora eram, em sua maioria, portugueses
oriundos do norte de Portugal, local onde mais se resistiu à invasão moura,
outra porque o caráter centralizador da população dominante viu com bons olhos
o efeito separatista entre as classes sociais. Porém o que mais motiva a
população a manter viva a infindável rixa entre mulçumanos e cristãos é a
beleza do espetáculo e o prazer pela montaria.

Com informações do Gabinete de
Imprensa do Governador de Goiás 

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