UFG conquista patente de sensor descartável capaz de medir glicose na lágrima

Para diminuir o desconforto, e gerar mais praticidade e acessibilidade, uma pesquisa realizada pela UFG, desenvolveu um sensor descartável de medição de glicose pela lágrima

Postado em: 08-02-2023 às 14h55
Por: Cecília Epifânio
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UFG conquista patente de sensor descartável capaz de medir glicose na lágrima | Foto: UFG

Pessoas com diabete têm uma rotina diária de monitoramento da glicose no sangue. É preciso tirar, cotidianamente, uma pequena quantiadade de sangue que é utilizado em um medidor de glicemia. Para diminuir o desconforto, e gerar mais praticidade e acessibilidade, uma pesquisa realizada pela UFG (Universidade Federal de Goiás), desenvolveu um sensor descartável de medição de glicose pela lágrima.

Com essa tecnologia, é preciso encostar o sensor de papel descartável no olho para que o paciente possa acompanhar as taxas de glicose no organismo. A inovação, de baixo custo de mercado, visa promover o conforto ao paciente que não precisa mais furar o dedo pra realizar o acompanhamento pela detecção do sangue.

Desenvolvido pela pesquisadora Ellen Flávia Moreira Gabriel ao longo de sua pesquisa de doutorado no Laboratório de Microfluídica e Eletroforense do Instituto de Química (IQ) da UFG, o biossensor colorimétrico, agora, é patenteado pela UFG, e visa atingir o sistema público de saúde. “Cada sensor custa em torno de dez centavos, então, acreditamos que pode ser um grande benefício para o Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que tanto o aparelho de medição da glicemia quanto as tiras descartáveis hoje disponíveis no mercado geram um custo alto de investimento”, afirma a pesquisadora.

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Além disso, a Ellen aposta no conforto do paciente com diabetes. “A maior dificuldade do paciente é ter que furar o dedo várias vezes ao dia para fazer o monitoramento. E com a pesquisa identificamos a correlação direta entre a glicose do sangue com a glicose da lágirma”, afirma.

Como explica a pesquisadora, o senso de papel colorimétrico “funciona basicamente como os sensores de gravidez portátil, e, no caso, pode dar uma resposta positiva ou negativa, mas também quantitativa”. Ao logo da pesquisa de doutorado, o desafio de Ellen foi criar a tecnologia de baixo custo para a construção do sensor, com sensibilidade adequada para medição da glicose.

“A ideia geral era criar o aparato baseado em papel. Mas a tecnologia até então disponível, a litografia, era cara para a gente implementar. Nosso grupo de pesquisa conseguiu avançar no desenvolvimento do sensor e meu estudo encaminhou para alcançar a melhor sensibilidade possível para a detecção da glicose”, conta. O objetivo não é parar por aí, afirma a Ellen Flávia. “Queremos conquistar outros benefícios. A covid-19 gerou um impacto e há outras doenças, e esse dispositivo pode ser muito bem aplicado em outras relevâncias clínicas”.

Patente

Além do sensor para detecar glicose através das lágrimas, a pesquisa de Ellen Flávia Moreira, orientada pelo professor do Instituto de Química (IQ) da UFG, Wendell Coltro, conquistou outro produto patenteado pela UFG: o injetor hidrodinâmico alternativo. Trata-se de um instrumento voltado para a área de eletroforese, uma técnica utilizada para a separação analítica dos constituintes de amostrar como de lágrimas, sangue, água, alimentos e outros.

“Com o uso do injetor hidrodinâmico, acoplado ao sistema de eletroforese, a gente consegue uma melhor separação dos constituintes, o que melhora a resposta da técnica empregada e essa melhor resposta, aumenta a confiabilidade dos resultados”, afirma a pesquisadora. A inovação do injetor hidrodinâmico alternativo é a substituição do sistema elétrico geralmente utilizado para inserir uma quantidade de amostra nos dispositivos de eletroforese, por uma micropipeta de laboratório.

“A corrente elétrica é substituída pela pressão aplicada via micropipeta para a posterior separação dos constituintes. A aplicação de uma pressão nos sistemas eletroforéticos melhora a separação dos picos e a quantificação dos componentes da amostra”, explica Ellen. Os projetos tiveram o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Bioanalítica (INCT-Bio).

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