Bancos brasileiros são principais financiadores do agronegócio ligado ao desmatamento global

Estudo revela investimentos de bilhões de dólares em empresas envolvidas em violações socioambientais no Brasil

Postado em: 06-12-2023 às 18h57
Por: Luana Avelar
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Banco do Brasil se destaca como principal financiador, com empréstimos totalizando 71 bilhões de dólares para o agronegócio. | Foto: Freepik

Um estudo internacional da Coalizão Florestas & Finanças aponta os bancos brasileiros como principais financiadores do agronegócio associado ao desmatamento global. No período de janeiro de 2016 a setembro de 2023, essas instituições canalizaram mais de 127 bilhões de dólares para empresas envolvidas em violações socioambientais nos setores de carne bovina, soja, óleo de palma, celulose, papel, borracha e madeira. O Banco do Brasil, sob controle governamental, se destacou como líder nesse financiamento.

Empresas operando no Brasil receberam mais de 20 bilhões de dólares anualmente, totalizando 188 bilhões entre 2016 e 2023. Suzano, Klabin e Marfrig lideraram os beneficiários, embora investigações recentes tenham exposto práticas como extração de minérios em áreas de preservação e denúncias de trabalho escravo. O relatório destaca a necessidade de atenção urgente a essas práticas e implementação de políticas mais eficazes.

O estudo apontou que o Banco do Brasil liderou empréstimos totalizando 71 bilhões de dólares para empresas do agronegócio com potencial impacto nas florestas durante o período analisado. A resposta do banco enfatizou sua política de crédito com critérios socioambientais. O Itaú foi identificado como o 20º maior investidor global associado ao desmatamento. Ambos os bancos se destacaram negativamente nas avaliações de políticas corporativas de sustentabilidade, ressaltando a necessidade de medidas mais robustas e transparentes.

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Durante a COP 28, o relatório destacou a discrepância entre os investimentos destinados à exploração comercial dos biomas e as medidas para conter os efeitos da crise climática. Enquanto o Fundo de Perdas e Danos para países em desenvolvimento, anunciado durante a conferência, conta com 420 milhões de dólares, os bilhões investidos em atividades que ameaçam as florestas são considerados desproporcionais. A coalizão Florestas & Finanças reforça a necessidade urgente de regulamentação mais rigorosa para responsabilizar as instituições financeiras pelos impactos ambientais de seus financiamentos.

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