Goiás lidera indústria da transformação no Centro-Oeste, aponta IBGE

Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA), a indústria brasileira movimentou R$ 1,4 trilhão em 2019

Postado em: 24-07-2021 às 15h00
Por: Nielton Soares
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Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA), a indústria brasileira movimentou R$ 1,4 trilhão em 2019 | Foto: Reprodução

O valor da transformação industrial, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou um volume de movimentação de R$ 1,4 trilhão em 2019. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Anual (PIA) Produto 2019 e foram divulgados ontem (21). O estudo abrangeu ainda o período de 2013 a 2019, e mostrou queda no setor industrial. Com a indústria perdendo cerca de 8,5% das empresas e sendo fechados 15,6% de postos de trabalho.

Mas, nesse contexto, o Centro-Oeste teve o maior aumento em participação no VTI da indústria nacional, nos últimos 10 anos (1,1 p.p.). E Goiás liderou o ranking com 47,3%. Mato Grosso do Sul (25,4%), crescendo 6,7 p.p. no período, se destacando com a produção de papel e celulose e de biocombustíveis. Mato Grosso (23,4%) e o Distrito Federal (3,9%), ambos com forte predominância da indústria de alimentos.

“O principal destaque da pesquisa é justamente a perda de representatividade do óleo diesel, que entre 2018 e 2019, passou da segunda para a terceira posição”, afirmou a gerente da pesquisa do IBGE, Synthia Santana. Segundo ela, no plano regional da pesquisa, no Centro-Oeste, “destaca-se os produtos relacionados a agroindústria e biocombustíveis, como a carne de bovinos, etanol e resíduos da extração do óleo de soja. Somados, esses três produtos representam 30% da receita líquida de venda da região Centro-Oeste”.  

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De acordo com a pesquisa, em 2019, 306,3 mil empresas industriais estavam ativas com uma ou mais pessoas ocupadas, empregando 7,6 milhões e pagando R$ 313,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Já a receita líquida de vendas foi de R$ 3,6 trilhões. Nesse mesmo ano, a quantidade de empresas industriais registrou a sexta queda consecutiva e estava 8,5% abaixo do seu auge, que foi em 2013 (335,0 mil), quando empregava 9,0 milhões de pessoas, o apogeu da série histórica.

Já entre 2010 e 2019, a ocupação do setor industrial caiu 9,2%, puxada pela perda de 786,2 mil empregos nas indústrias de transformação. Apenas oito das 24 atividades da indústria de transformação aumentaram o número de pessoal ocupado, com destaque para a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (51,3%). Mesmo pagando os salários mais elevados, a indústria extrativa teve uma redução no salário médio, passando de 5,9 salários mínimos (s.m.) para 4,6 s.m. Nas indústrias de transformação a redução foi de 3,3 s.m. para 3,1 s.m.

O economista Benito Salomão analisa com preocupação esse recuo das indústrias no país. “A indústria é tida por uma parte expressiva dos economistas como o setor mais importante da economia, porque é um setor intensivo de capital, mas também intensivo em inovações. E essas inovações, elas geram efeitos, na literatura, chamados de transbordamento, para o setor agrícola e para o setor de serviços”, frisa o especialista, acrescentando que essas inovações elevam a produtividade tanto da indústria quanto dos demais setores econômicos.           

Regiões e estados

O Sudeste perde participação, mas ainda concentra 57,7% do VTI, destaca o IBGE. Seguida pelo Sul (19,2%), Nordeste (10,0%), Norte (7,5%) e Centro-Oeste (5,6%). Embora mantenha a liderança, desde 2010 o Sudeste perdeu 3,2 p.p. em participação. Já o Centro-Oeste (1,1 p.p.), Sul (0,8 p.p.), Nordeste (0,7 p.p) e o Norte (0,6 p.p.) avançaram no período.

No Sudeste, São Paulo (56,6%) perdeu 2.8 p.p de participação no VTI regional em dez anos, com o declínio da indústria automobilística. Minas Gerais (20,0%) e Rio de Janeiro (19,6%) ocuparam a segunda e terceira posições, com o Espírito Santo (3,8%) a seguir.

Na região Sul, que avançou 0,8 p.p., o Paraná (36,7%) e o Rio Grande do Sul (35,9%) lideraram o VTI regional, ocupando, respectivamente, o primeiro e segundo lugares no ranking. Mas o principal destaque foi Santa Catarina (27,4%), que apesar de manter a terceira posição, foi o estado que mais ganhou participação em dez anos (1,7 p.p.). Neste estado, destaca-se a expansão da indústria alimentícia, que tirou espaço da tradicional cadeia de têxtil e vestuário.

O Nordeste aumentou 0,7 p.p no VTI, com o aumento da representatividade do estado de Pernambuco, que elevou a participação em 4,9 p.p. no período e concentrou 21,0% do VTI regional. Bahia (40,6%), Ceará (13,9%) e Maranhão (6,1%).

Na região Norte o avanço foi de 0,6 p.p. em participação no VTI do país, entre 2010 e 2019. Destaca-se o avanço do Pará (13,2 p.p.). O Amazonas recuou 12,2 p.p. em dez anos. Em 2019, os dois estados lideraram o VTI regional com, respectivamente, 55,3% e 39,7% do total. (Especial para O Hoje)

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