Aprosoja diz que inciativa europeia é “protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental”

Iniciativa visa proibir a entrada de produtos agropecuários sob justificativa de conter o desmatamento

Postado em: 23-11-2021 às 16h08
Por: Maria Paula Borges
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Iniciativa visa proibir a entrada de produtos agropecuários sob justificativa de conter o desmatamento | Foto: Reprodução

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) afirmou que a iniciativa da União Europeia (UE) de tentar proibir a entrada de produtos agropecuários sob alegação de que é preciso conter o desmatamento é “protecionismo comercial disfarçado de preocupação ambiental”. Ao Parlamento do bloco, os europeus apresentaram um projeto de lei com uma lista de commodities que poderão ser impedidas de entrar na região. Destas, a maioria é produzida pelo Brasil, como soja, café, carne bovina e cacau.

A Aprosoja disse ainda, em nota divulgada nesta terça-feira (23/11), que a iniciativa é uma “afronta à soberania nacional”. A lei proposta coloca a conversão de uso do solo permitido em lei na mesma vala comum do desmatamento ilegal, já punido pela legislação brasileira. “A União Europeia precisa entender que não são mais a metrópole do mundo (dona) e que o Brasil e demais países da América do Sul deixaram de ser suas colônias. Se os europeus estão preocupados com nossas florestas, eles poderiam aproveitar a qualidade de suas terras para replantar também as suas florestas e instituir como aqui a reserva legal e as áreas de proteção permanente dentro das propriedades rurais. Portanto, respeitem a nossa soberania! “, informa o comunicado.

A lei, única no mundo, coloca sob responsabilidade exclusiva dos produtores a preservação entre 20% e 80% da vegetação nativa em suas fazendas, topos de morros, cursos d’água e toda a biodiversidade. Se aprovada pelo Parlamento europeu, a nova regra poderá afetar outros mercados. “Sabemos que o foco dos europeus sempre foi a Amazônia e suas riquezas. No entanto, hoje se sabe que mais de 80% do bioma encontra-se preservado, da forma como os europeus encontraram quando colonizaram o País. Além disso, seja por outras leis ou pelo próprio Código Florestal, houve uma blindagem dos 80% preservados, de forma que a produção precisa ser feita nos 20% restantes”.

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Além disso, a entidade enfatizou que o governo brasileiro se comprometeu, durante a conferência mundial sobre o clima, a acabar com o desmatamento ilegal até 2028. Segundo os sojicultores, o compromisso é suficiente para evitar novas barreiras comerciais contra o Brasil. “Se isso não é suficiente, podemos concluir que as intenções da União Europeia não dizem respeito à preservação ambiental, mas, sim, de uma tentativa de exercer barreiras comerciais contra produtores de alimentos do Brasil para proteger agricultores daqueles países”. 

Os produtores de soja ressaltaram também que a tentativa de restringir a produção de alimentos no país trará impacto aos países que são abastecidos pelo Brasil, como grandes mercados na Ásia, África e até mesmo a Europa. De acordo com a entidade, a medida prejudicaria mais de 1 bilhão de pessoas que consomem alimentos brasileiros.

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