Os impactos que o excesso de chuvas podem causar nas lavouras do Estado

Por Iara Vilela As chuvas são essenciais para a vida no planeta, e na produção agrícola não seria diferente. Porém, apesar de

Postado em: 15-01-2022 às 12h52
Por: Redação
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Chuvas acima da média podem acarretar em diversos danos e prejuízos para o produtor rural; planejamento é a chave para minimizar perdas e ter uma boa produtividade. | Foto: Reprodução/Fernando Dias/SEAPDR

Por Iara Vilela

As chuvas são essenciais para a vida no planeta, e na produção agrícola não seria diferente. Porém, apesar de auxiliar no crescimento das plantas e ser uma das principais fontes de água de uma plantação, as chuvas acima da média podem causar prejuízos e perdas para o produtor rural.

O engenheiro agrônomo Luiz Célio Pereira de Azevedo destaca alguns dos principais problemas que o clima chuvoso pode trazer às produções agrícolas. “Perda de produtividade, em virtude do baixo crescimento das plantas, devido, sobretudo, a baixa taxa de fotossíntese causada pela fraca luminosidade. Causando, ainda, perda na qualidade dos grãos e aumento de doenças nas nos sistemas radiculares, foliares e consequentemente no produto final”.

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Em entrevista com o engenheiro agrônomo Henrique Seleme Lauar, ele explica que as culturas agrícolas que mais sofrem com o período chuvoso são as anuais, por seu curto período de tempo desde o plantio à colheita. “Existem culturas anuais (grãos e hortaliças), semi-perenes (mamona, banana, mandioca, cana-de-açúcar) e culturas perenes (frutíferas, pastagens e eucalipto). Normalmente as chuvas castigam as culturas anuais, pois as culturas semi-perenes e perenes normalmente possuem reservas para suportar este período, como se fosse uma camada de gordura de urso no inverno gelado”.

A mudança das formas de produção no agronegócio e a necessidade de resultados cada vez mais rápidos para o mercado,  são também alguns fatores que podem ser afetados pelo forte tempo chuvoso. “Antigamente a safra de grãos era exclusivamente por ciclo longo de produção, antes superior a 120/140 dias. Atualmente as cultivares de ciclo precoce são inferiores a 110 dias tornando a planta vulnerável ao excesso e escassez de chuva pela pouca quantidade de raízes. Agrava falta de aeração e morte de microrganismos em solos argilosos, como na região de Acreúna, com severos riscos de perdas de safra. Há casos em que há necessidade de replantio de toda área atingida pelas fortes chuvas onde aquela safra é simplesmente perdida”, acrescenta.

Doenças                                                    

Com as chuvas, algumas doenças podem atacar as plantações, o que pode ser um grande problema, principalmente por inviabilizar o uso dos defensivos agrícolas no combate de fungos e insetos. “ As plantas normalmente serão atacadas por fungos e nematóides, levando a manchas nas folhas, frutos e sementes, pois o solo encharcado impede operações com trator e pulverizador com defensivos agrícolas. Alternâncias de calor incidem insetos e ácaros”, esclarece Henrique.

É importante também se atentar aos sintomas que as plantas apresentam para que seja feita a identificação da doença que pode estar afetando a plantação, e com isso, ser aplicado o tratamento adequado. “As doenças mais frequentes, são as fúngicas, como mofo branco e antracnose”, comenta Luiz Célio.

Prevenção

Para minimizar os estragos causados pelas chuvas acima da média, o melhor tratamento é o planejamento. “Prevenir é sempre melhor que remediar. Os agricultores sempre devem acompanhar as recomendações de épocas de plantio e tipos de sementes indicadas nos mapas de Zoneamento de Risco Climático Municipal de Goiás elaborado pela EMBRAPA nos meses de setembro a novembro, pois previamente há recomendações de variedades de culturas adaptadas a veranicos ou a excesso de chuvas”, ressalta Henrique.

Previsão

Mesmo com o tempo chuvoso das últimas semanas, o quarto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) lançado na última terça-feira (11/01), aponta um crescimento de 22,2% na safra de grãos 2021/2022, em Goiás, em relação à safra anterior. A produção prevê números superiores a 29,0 milhões de toneladas, e  produtividade de 4,4 toneladas por hectare, prevendo um aumento de 15,1%.

Em entrevista para o site de comunicação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o secretário Tiago Mendonça, diz que mesmo com as chuvas das últimas semanas, a produção de grãos deve alcançar números expressivos na safra 2021/2022,  principalmente nas culturas de soja e milho. “Tivemos um período de plantio excepcional em Goiás e isso contribuiu para a previsão de aumento na produção, produtividade e área plantada em diferentes culturas no Estado”, ele também acrescenta que as áreas do estado com maior precipitação estão sendo monitoradas, para verificar se haverá problemas com a colheita e produtividade. “Os técnicos e assessores da Seapa estão monitorando isso, inclusive no Norte e Nordeste do Estado, como é o caso do município de Flores de Goiás, que é forte na produção de arroz e que sofreu bastante com esse período chuvoso”.

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