Produção industrial tem queda de 2,4% em janeiro; falta de insumos vem afetando a cadeia
O desempenho de janeiro de 2022 veio abaixo das expectativas do mercado financeiro. Na comparação com mesmo mês do ano passado, a produção industrial teve queda de 7,2%
Por: Alexandre Paes
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quarta-feira (9/3) que a produção industrial brasileira abriu o ano de 2022 com queda de 2,4% em janeiro, diferentemente a dezembro. Esta é a maior baixa para o mês desde 2018 (-2,6%).
Com o resultado, a produção eliminou parte do avanço de 2,9% que havia sido registrado em dezembro de 2021. Assim, o indicador ficou 3,5% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020. Também está em nível 19,8% inferior ao recorde da série histórica, alcançado em maio de 2011.
O desempenho de janeiro veio abaixo das expectativas do mercado financeiro. Na comparação com janeiro de 2021, a produção industrial teve queda de 7,2%, nesse recorte, analistas também estimavam recuo menor, de 6,3%. Segundo o IBGE, 20 das 26 atividades industriais pesquisadas apontaram recuo na produção em janeiro, frente a dezembro.
“A indústria vem sendo afetada pela desarticulação das cadeias produtivas por conta da pandemia, tendo no encarecimento dos custos de produção e a dificuldade para obtenção de insumos utilizados nesse processo”, disse André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. “Os juros e a inflação em elevação, juntamente com um número ainda elevado de trabalhadores fora do mercado de trabalho, ajudam a explicar o comportamento negativo da indústria”, acrescentou.
Entre as atividades, os setores da indústria que tiveram influência negativa em janeiro foram assinaladas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-17,4%) e indústrias extrativas (-5,2%), que haviam acumulado expansão de 18,2% e de 6,0%, respectivamente, nos dois últimos meses de 2021.
Segundo Macedo, a alta de 2,9% na produção em dezembro de 2021 pode estar relacionada com a antecipação da produção, por conta de janeiro ser um mês muito marcado por férias coletivas e paralisações. “Até no indicador acumulado dos últimos doze meses, os avanços perdem cada vez mais a intensidade. Em agosto de 2021, a taxa chegou a registrar 7,2%”, apontou o pesquisador.
