Preço do tradicional café moído já ultrapassa os R$ 20 em mercados de Goiânia

O Brasil é o maior produtor mundial de café e também um dos maiores consumidores. E a tendência é de crescimento no consumo ano após ano

Postado em: 26-03-2022 às 16h00
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Preço do tradicional café moído já ultrapassa os R$ 20 em mercados de Goiânia
O Brasil é o maior produtor mundial de café e também um dos maiores consumidores. E a tendência é de crescimento no consumo ano após ano | Foto: Reprodução

Não é preciso andar muito pelos mercados de Goiânia para perceber o quanto os valores dos itens da cesta básica subiram. Alimentos como arroz, feijão, tomate e batata tiveram crescimento vertiginoso nos preços dos últimos meses, pressionados pelo alto custo do escoamento e pelo aumento dos preços dos insumos e fertilizantes. A inflação dos alimentos impactou até no tradicional cafezinho, essencial nas manhãs da maioria dos goianos. Hoje, um pacote de 500 gramas de café moído comum é facilmente encontrado sendo vendido por mais de R$ 20 nos supermercados da capital.

O aumento dos preços foi verificado também pelo Procon Goiás. Em pesquisa divulgada na última semana, o órgão registrou uma alta acumulada desde o início da pandemia de 144% no preço médio do café moído vendido em Goiânia. Há exatos dois anos, meio quilo do produto custava em média R$ 7,70. Já no início deste mês de março, seu custo girava em torno de R$ 18,79.

O alto preço ao consumidor é reflexo das variações registradas no mercado internacional de commodities. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em 24 de março de 2020, a saca de 60 kg do café arábica, o mais produzido no Brasil, era vendida por exatos R$ 582,94. Nesta segunda-feira (21/3), dois anos depois, o valor era negociado por R$ 1.287,25, alta de 120% no valor da saca. O maior preço do grão já registrado na série histórica, medida desde 1996, foi no dia 9 do último mês de fevereiro, quando 60 kg de café chegaram a ser vendidos a R$ 1.555,19.

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Queda na produção

Conforme explica o professor de economia e administração Luiz Carlos Ongaratto, a alta no preço do café já era esperada, por ser um produto influenciado pela chamada bienalidade de produção. “Sempre há um ano bom e um ruim na produção de café, e em 2021 era esperado uma produção menor, o que afetou seu preço”, informou Luiz.

Ou seja, a produção nacional em 2021 sofreu com a chamada “bienalidade negativa”, quando os cafezais produzem floradas menos intensas do que a do ano anterior, o que diminui o volume da colheita. Já 2022 será um ano de bienalidade positiva, com maior produção. Mesmo assim, a expectativa da colheita é menor do que as médias anteriores, por conta das secas e geadas que afetaram as principais regiões produtivas do Brasil no ano passado.

Na visão de representantes do setor, a tendência é de os preços do café e dos demais produtos que compõem a cesta básica continuem em patamar elevado ao longo dos próximos meses. “Infelizmente a inflação continua subindo até meados do próximo semestre, quando o efeito da taxa de juros poderá controlar seu aumento. Mas os preços dificilmente vão baixar, eles só vão parar de aumentar. A ideia é que não haverá uma queda brusca dos preços, eles vão estacionar em um outro patamar, porque mesmo com uma inflação mais baixa, ela é sempre um aumento contínuo na economia. Então a expectativa seria que eles parem de aumentar”, destacou Luiz Ongaratto.

Mercado nacional

O Brasil é o maior produtor mundial de café e também um dos maiores consumidores. Segundo dados da Associação Brasileira de Indústria de Café (Abic), um cidadão brasileiro consome em média 4,8 kg de café moído anualmente. E a tendência é de crescimento no consumo ano após ano.

Quanto a produção, em 2021 foram 47 milhões de sacas de 60 kg produzidas em todo território brasileiro, com boa parte destinada ao mercado nacional. Em Goiás, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) prevê uma produção de 250 mil sacas para a safra 2021/2022, algo em torno de 15 mil toneladas do grão.

Orientações ao consumidor

Enquanto os preços não dão sinais de trégua, o consumidor precisa encontrar meios para manter o café e demais produtos da cesta básica na mesa. A principal dica é buscar por valores mais baixos e dentro de cada orçamento. “Estabeleça previamente, de acordo com seu orçamento doméstico, o limite que poderá ser gasto na compra em supermercado. Depois, faça uma lista dos produtos a serem adquiridos, iniciando pelos itens essenciais e em seguida, os itens que podem ficar de fora caso seja necessário”, recomenda o Procon Goiás.

“Outro fator importante é não atrasar as contas, tentar pagar tudo em dia para não aumentar suas dívidas. É importante também pesquisar e rever alguns hábitos de consumo, tentando economizar onde puder. E se possível, buscar aumentar a renda com atividades paralelas e empreendedoras”, complementa Luiz Ongaratto.

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