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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Comando da Estatal

Adriano Pires desiste de ocupar o cargo de Presidente da Petrobras; entenda o motivo

De acordo com informações, os motivos que teriam feito Pires renunciar o posto são os conflitos de interesse que ele enfrentaria na Petrobras

Postado em 5 de abril de 2022 por Alexandre Paes

O economista Adriano Pires informou, nesta segunda-feira (4/4), que não vai aceitar a indicação para assumir a presidência da Petrobras no lugar do general Silva e Luna. Em carta encaminhada ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e divulgada pela CNN Brasil, o economista agradeceu o convite e reconheceu a dificuldade em conciliar a indicação com sua atuação profissional.

“Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo”, diz Pires no documento.

No início da tarde, o Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia emitiram nota afirmando que “não haviam recebido nenhum comunicado oficial” de Adriano Pires, o que acabou ocorrendo à noite. Durante o dia, a informação de sua desistência havia sido publicada pelo jornal O Globo e foi sendo reiterada ao longo do dia por outros veículos de comunicação.

Pires havia sido indicado pelo Palácio do Planalto para o cargo na semana passada, para substituir o general Joaquim da Silva e Luna, com o seu nome sendo recebido com tranquilidade pelos investidores com a expectativa de manutenção das políticas pró-mercado da estatal, como a manutenção da Política de Paridade de Preços (PPI).

Conflitos de interesse podem ser o motivo da desistência de Pires

As incertezas sobre a entrada de Pires na Petrobras ganharam destaque no último fim de semana. A sexta-feira (1) terminou com a notícia de que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu à corte que investigasse eventual conflito de interesse na indicação do consultor para a presidência da estatal.

Segundo a coluna de Malu Gaspar para O Globo, os motivos que teriam feito Pires renunciar ao posto são os mesmos que levaram Rodolfo Landim a comunicar, neste domingo, que não vai aceitar a indicação do Planalto para a presidência do conselho da companhia: os conflitos de interesse que ele enfrentaria na Petrobras.

Isso acontece porque Pires presta serviços para as principais multinacionais de petróleo, gás e energia, situação na qual poderia haver conflitos com base nos dispositivos da Lei nº 12.813/2013. Ele é fundador, sócio e dirigente da consultoria privada CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Entre os clientes de Pires está o empresário e sócio de distribuidoras de gás Carlos Suarez, que é também amigo de décadas de Rodolfo Landim. Outros clientes do consultor são associação do setor (Abegás), da Compass, concessionária de gás do empresário Rubens Ometto, e de diversas outras empresas do setor.

Conforme noticiado pelo Estadão, a desistência teria ocorrido depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no “teste” de governança da empresa, segundo apurou o jornal. A checagem do nome de dirigentes por empresas de fora da Petrobras é uma obrigação das regras da estatal, que tem ações na Bolsa.

Contudo, segundo o entorno do presidente Jair Bolsonaro, a ordem é manter o nome de Pires na lista dos indicados do governo. A auxiliares, o chefe do Executivo atribuiu a “inimigos” da estatal uma suposta tentativa de impedir que o economista assuma o comando da empresa.

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