Chapada dos Veadeiros prepara virada do ano com imersão na cultura do povo indígena Wauja

Vivências transformam e proporcionam uma experiência de imersão nas culturas indígenas

Postado em: 15-12-2021 às 10h37
Por: Redação
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Vivências transformam e proporcionam uma experiência de imersão nas culturas indígenas | Foto: Reprodução

Por Elysia Cardoso 

Para quem está em busca de uma celebração de Ano-Novo diferente, em meio à natureza e com experiências culturais, tem uma boa opção na Chapada dos Veadeiros. A Aldeia Multiétnica acaba de lançar as inscrições para uma vivência com o povo Wauja, do Alto Xingu (MT), de 29 de dezembro a 2 de janeiro. Esta será a primeira vivência presencial desde o início das medidas restritivas da Covid-19. 

A Aldeia Multiétnica é um projeto que ocorre desde 2007 na Chapada dos Veadeiros e a atividade principal é realizar encontros com diferentes povos indígenas para vivências e imersões culturais. Neste ano a programação será liderada pelo cacique Akari, da Aldeia Topepeweke, para compartilhar seus saberes e fazeres em cinco dias de programação. 

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Em entrevista ao Essência Ana Ferrareze, coordenadora de Comunicação da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, instituição que realiza a Aldeia Multiétnica, informa que os povos do Alto Xingu (MT) ainda não tinham sido convidados para a vivência. “Será a primeira vez deles aqui e ficamos felizes em reinaugurar o calendário de vivências da Aldeia desta forma. Virá um grupo de 13 indígenas, incluindo as crianças, uma presença fundamental, por isso também muitos participantes trazem seus filhos, filhas e sobrinhos”, conta Ana.

A programação será focada em três festas tradicionais do povo Wauja: a Festa do Pequi, a Festa do Dono da Mandioca e a Festa da Ariranha. Ao longo do dia vamos acompanhar a preparação para cada uma delas e os ritos, danças, músicas e brincadeiras que fazem parte dessas celebrações.

Tais festas ajudam a compreender a cosmologia dos povos pois são baseadas em seus mitos de origem e envolvem diferentes ritos tradicionais. É uma forma de aprofundar a experiência da vivência, apresentando os saberes e fazeres das culturas indígenas de forma alegre e participativa para todo o grupo. Ao longo do dia, os participantes vão acompanhar a preparação para cada uma das festas, os ritos, danças, músicas e brincadeiras que fazem parte dessas celebrações.

Nos cinco dias de experiência Ferrareze garante que os participantes poderão participar ativamente das festas, ritos, danças, músicas e brincadeiras. “A vivência ocorre com todos juntos e o mais interessante é os participantes fazerem parte de todas as festas: preparamos os ritos, dançamos, cantamos, brincamos juntos. Pintamos nossos corpos, vamos tomar banho de rio, caminhar pelo Cerrado, comer comidas tradicionais, deitar na rede, olhar as estrelas, ouvir os mitos de origem do povo Wauja”, ressalta.

As vivências na Aldeia Multiétnica

As vivências proporcionam uma experiência de imersão nas culturas indígenas por meio do contato direto e das atividades propostas na programação. A data foi escolhida para dar as boas-vindas a 2022 celebrando a pluralidade cultural brasileira em meio às belezas da Chapada dos Veadeiros. 

A coordenadora de comunicação também cita o grande propósito e importância deste intercâmbio cultural. “Muitos não indígenas nunca tiveram contato com os povos indígenas do Brasil. E o que se aprende na escola é um conteúdo raso, que não dá a dimensão da grandiosidade e da importância das culturas indígenas na nossa identidade como brasileiros. A vivência na Aldeia Multiétnica possibilita esses encontros multiculturais que em uma sociedade tão dividida e segregada pode ser impossível”, afirma Ana. 

Ferrareze compartilha que esta é uma experiência que cativa Brasil a fora e está em constante expansão. “Pessoas vêm do Sudeste, do Sul, do Nordeste, do Norte, do Centro-Oeste do Brasil para participar da vivência. E aqui no coração do Brasil, na Chapada dos Veadeiros, reencontram suas origens com diferentes povos que também ocupam todas essas regiões, mas que em uma cidade cosmopolita, são tantas vezes invisibilizados. É uma experiência transformadora, ninguém sai o mesmo de uma vivência aqui”, finaliza. 

Para esta vivência serão disponibilizadas 23 vagas e os pacotes incluem hospedagem, alimentação, toda a programação cultural da vivência e acesso à estrutura da Aldeia Multiétnica, que inclui 8 casas tradicionais indígenas, as cachoeiras Almécegas I e Almécegas II e o poço do Rio dos Couros. 

Sobre o povo Wauja

O povo Wauja é um dos 11 povos que vivem na região chamada Alto Xingu, na parte sul do Parque Indígena do Xingu (MT). Cada um desses povos fala uma língua diferente e tem uma identidade própria, mesmo que seus costumes, modo de vida e visão de mundo sejam semelhantes.

Os Wauja falam a língua Aruak (ou Arawak), ao lado dos Yawalapiti, Mehinako e Pareci. São grandes ceramistas, reconhecidos pela qualidade e beleza de suas cerâmicas, uma arte que dominam brilhantemente. 

Hoje, o Parque Indígena do Xingu é uma ilha de florestas, cerrados, campos e pantanais bem preservados em meio ao pasto e à monocultura das fazendas do entorno, que ameaçam sua rica sociobiodiversidade e recursos naturais. Nele estão as grandes aldeias circulares dos xinguanos, padrão cultural histórico. (Especial para O Hoje) 

SERVIÇO

Vivência com o povo Wauja na Aldeia Multiétnica – Chapada dos Veadeiros (GO)

Quando: de 29 de dezembro a 02 de janeiroMais informações:(aldeiamultietnica.com.br/vivencias/wauja/)

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