O turismo com base comunitária mostra as belas paisagens nacionais de forma transformadora

O Brasil é um País essencialmente turístico, com paisagens paradisíacas

Postado em: 17-01-2022 às 09h12
Por: Lanna Oliveira
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O Brasil é um País essencialmente turístico, com paisagens paradisíacas | Foto: Reprodução

O Brasil é um País essencialmente turístico, com paisagens paradisíacas e que atrai visitantes de norte a sul. Um nicho que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos é o turismo de base comunitária. Este, envolve o protagonismo de comunidades locais em atividades sustentáveis o que provoca uma transformação. Essa mudança de comportamento deu-se por iniciativas como a ‘Reserva Ecológica do Jaguar’, ‘Poranduba Amazônia’ e o ‘Rota da Liberdade’ serem postas em prática por cidadãos instigados a contribuir com o meio ambiente.

A ‘Reserva Ecológica do Jaguar’ é um projeto de ecoturismo comunitário, localizado em Poconé (MT). Ele foi idealizado pelo americano Douglas Trent, mais conhecido como birdman (homem-pássaro, em inglês), por seu amplo conhecimento de aves. Em um de seus primeiros contatos com o Brasil, já pôde dimensionar o impacto do garimpo em disputas territoriais. Nesta mesma época, ele estabeleceu relação com o fazendeiro Lerinho de Arruda Falcão, que abriu as portas da propriedade para a observação de araras-azuis.

Conforme relata Trent, porém, o fazendeiro e sua família matavam onças, sob a justificativa de que precisavam proteger o gado que criavam. Com a maior proximidade entre os dois, ele convenceu Lerinho a parar com a matança e a entrar para o ramo de ecoturismo. Atualmente, a reserva deriva do trabalho de 50 famílias que acreditaram no trabalho em conjunto. Para o projeto, foram feitas diversas capacitações de membros da comunidade, para que se tornassem guias e equipes de hospedagem profissionais. 

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Outro projeto de igual relevância é o ‘Poranduba Amazônia’, no baixo Rio Negro, Amazonas. Também com o intuito de reverberar discursos fundamentais em torno da preservação ambiental. A reserva, que fica em frente ao Arquipélago de Anavilhanas, um dos maiores do mundo, abrange duas comunidades: a Tumbira e a Santa Helena do Inglês, cada uma com 30 famílias, aproximadamente. ‘Poranduba’ é uma expressão indígena, que significa ‘histórias fantásticas’ contadas entre os povos da Amazônia, incluindo contos, fábulas e mitos. 

‘Poranduba Amazônia’ começou efetivamente em 2019, por meio do psicólogo Bruno Mangolini, que saiu de São Paulo em busca de uma vida mais tranquila na região. Ele sentiu que poderia fazer a ponte entre moradores e turistas, em virtude de sua experiência com viagens e apresentar aquelas belas paisagens ao resto do mundo. A partir daí, tudo foi decidido coletivamente, inclusive a aplicação de recursos obtidos e que podem ser usados para melhorias na estrutura que atende a comunidade. 

Em Taubaté, interior de São Paulo, a técnica em turismo e historiadora Solange Barbosa é uma das mulheres que compartilham experiências por meio do projeto ‘Rota da Liberdade’, do qual é presidente. Com uma equipe de cinco pessoas e parceiros, ele tem como objetivo promover ações de turismo em comunidades negras tradicionais e foi considerado um dos dez melhores projetos de geoturismo do mundo, pela National Geographic, em 2009.  Neste, os turistas têm a oportunidade de escutar a história revisada de pessoas escravizadas do interior paulista.

Solange relata que o princípio de tudo foi uma ideia que surgiu ainda nos tempos de faculdade, que acabou sendo aprimorada e apresentada à Secretaria de Turismo e Cultura do município, com ajustes sugeridos por seus professores. Ela, que já foi consultora do programa Rota do Escravo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), menciona que o grupo apresenta aos visitantes um arquivo histórico que documenta a presença de indígenas na região e também a chegada de africanos, no século 17.

Além de proporcionar um turismo consciente, favorável economicamente, esses projetos agregam valor intelectual e cultural para os que o fazem. Outro ponto que merece destaque é a transformação que essa mudança de comportamento causou na vida e no ambiente que essas comunidades estão inseridas. Havendo casos até de madeireiros e caçadores de animais silvestres tornando-se defensores ambientais. Por isso sempre enfatizamos que com educação e cultura, as oportunidades de fazer do mundo um lugar melhor chegam.

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