Jogador da Seleção Brasileira Douglas Souza relata ter sofrido homofobia em aeroporto

"Quando falei que era meu namorado, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também", contou.

Postado em: 09-09-2021 às 18h16
Por: Alice Orth
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"Quando falei que era meu namorado, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também", contou. | Foto: Reprodução

O ponteiro da Seleção Brasiliera de Vôlei, Douglas Souza, relatou em suas redes sociais nesta quarta-feira (08/09) ter sido vítima de homofobia no aeroporto de Amsterdã, na Holanda. Ele contou ter sido mal tratado junto com o namorado, Gabriel Campos, enquanto passava pelo país para uma conexão para a Itália, onde deve jogar pelo clube Vibo Valentia.

Segundo descreveu o jogador, o funcionário da alfândega questionou sobre o que pretendiam fazer na Itália. Douglas diz ter respondido que era jogador, e que estava sendo acompanhado pelo namorado, e que estão em uma união estável.

“Quando falei que era meu namorado, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também”, disse. “Ele perguntou o que o Gabriel ia fazer lá, eu mostrei o documento de união estável, disse que ele ia me acompanhar, trabalhar lá. Ele chamou um cara no telefone e disse que ele ia cuidar da gente. Levaram a gente para um outro lugar do lado da fila, onde tinha umas 20 pessoas, largaram a gente ali por umas cinco horas sem nenhum tipo de explicação”, continuou.

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“Puro preconceito, homofobia, vocês não têm noção. Eu vou, sim, explanar isso, porque eu não mereço, ninguém merece isso. Eu só não vou contar realmente o que aconteceu hoje porque eu tenho medo deles tirarem a minha passagem e me deportarem”, afirmou ele, ainda no aerporto.

Ele contou ter perguntado diversas vezes o que estava acontecendo, mas sem explicação, ele acabaram passando mais de 15 horas no aeroporto. “Depois de umas cinco, seis horas me chamaram em uma salinha e fizeram uma entrevista para perguntar o que eu ia fazer lá. Até então achei normal, tranquilo. Mas aí bateram de novo na tecla de quem era o Gabriel, e eu tentava explicar que era meu namorado e eles tinham muita dificuldade de entender”, explicou. “A gente ficou literalmente o dia inteiro lá esperando. Quando deu 23h, que o aeroporto já estava fechado, não tinha mais voo para Roma, aí liberaram a gente”.

“Eu comecei a perceber um padrão no tratamento deles, porque fomos colocados ali com mais 20 pessoas. Dessas, 18 eram pretas ou latinas”, lembrou. “Foi uma situação muito estranha, muito difícil, porque a gente se sente fragilizado nessa situação, porque não pode fazer nada. Era contra a polícia, então se a gente falasse alguma coisa, se se exaltasse poderia ter dado problema para a gente. Se eu não tivesse vindo a trabalho, se fosse turismo, com certeza nem estaria aqui, teria voltado para casa. Eu não achei normal essa situação. É uma coisa que acontece em todas as partes do mundo. Eu vivi aquilo, eu sei o que vivi, sei o olhar, o jeito que trataram eu e meu namorado na frente de todo mundo e foi uma situação muito constrangedora”, disse ele.

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