Jogador da Seleção Brasileira Douglas Souza relata ter sofrido homofobia em aeroporto
"Quando falei que era meu namorado, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também", contou.
Por: Alice Orth
O ponteiro da Seleção Brasiliera de Vôlei, Douglas Souza, relatou em suas redes sociais nesta quarta-feira (08/09) ter sido vítima de homofobia no aeroporto de Amsterdã, na Holanda. Ele contou ter sido mal tratado junto com o namorado, Gabriel Campos, enquanto passava pelo país para uma conexão para a Itália, onde deve jogar pelo clube Vibo Valentia.
Segundo descreveu o jogador, o funcionário da alfândega questionou sobre o que pretendiam fazer na Itália. Douglas diz ter respondido que era jogador, e que estava sendo acompanhado pelo namorado, e que estão em uma união estável.
“Quando falei que era meu namorado, a fisionomia dele mudou na hora e o tratamento também”, disse. “Ele perguntou o que o Gabriel ia fazer lá, eu mostrei o documento de união estável, disse que ele ia me acompanhar, trabalhar lá. Ele chamou um cara no telefone e disse que ele ia cuidar da gente. Levaram a gente para um outro lugar do lado da fila, onde tinha umas 20 pessoas, largaram a gente ali por umas cinco horas sem nenhum tipo de explicação”, continuou.
“Puro preconceito, homofobia, vocês não têm noção. Eu vou, sim, explanar isso, porque eu não mereço, ninguém merece isso. Eu só não vou contar realmente o que aconteceu hoje porque eu tenho medo deles tirarem a minha passagem e me deportarem”, afirmou ele, ainda no aerporto.
Ele contou ter perguntado diversas vezes o que estava acontecendo, mas sem explicação, ele acabaram passando mais de 15 horas no aeroporto. “Depois de umas cinco, seis horas me chamaram em uma salinha e fizeram uma entrevista para perguntar o que eu ia fazer lá. Até então achei normal, tranquilo. Mas aí bateram de novo na tecla de quem era o Gabriel, e eu tentava explicar que era meu namorado e eles tinham muita dificuldade de entender”, explicou. “A gente ficou literalmente o dia inteiro lá esperando. Quando deu 23h, que o aeroporto já estava fechado, não tinha mais voo para Roma, aí liberaram a gente”.
“Eu comecei a perceber um padrão no tratamento deles, porque fomos colocados ali com mais 20 pessoas. Dessas, 18 eram pretas ou latinas”, lembrou. “Foi uma situação muito estranha, muito difícil, porque a gente se sente fragilizado nessa situação, porque não pode fazer nada. Era contra a polícia, então se a gente falasse alguma coisa, se se exaltasse poderia ter dado problema para a gente. Se eu não tivesse vindo a trabalho, se fosse turismo, com certeza nem estaria aqui, teria voltado para casa. Eu não achei normal essa situação. É uma coisa que acontece em todas as partes do mundo. Eu vivi aquilo, eu sei o que vivi, sei o olhar, o jeito que trataram eu e meu namorado na frente de todo mundo e foi uma situação muito constrangedora”, disse ele.